Desde a prisão do Prefeito Rodrigo Neves, em Dezembro, a cidade de Niterói vive um contexto de instabilidade política. Devido à renúncia do Vice-Prefeito eleito Comte Bittencourt, no final de 2017, coube ao presidente da Câmara Municipal, Paulo Bagueira, assumir a cadeira de alcaide da cidade. Todavia o prefeito em exercício vive uma indefinição política que vem colocando o futuro de Niterói em jogo, fazendo com que todos os dias se tenha uma nova incerteza.
Bagueira assumiu a prefeitura de Niterói em uma situação um tanto quanto delicada: devido à prisão dos Deputados eleitos Marcus Vinícius (PTB) e Anderson Alexandre (SD), bem como a do 1º suplente Coronel Jairo (SD), o político niteroiense tem uma cadeira na Assembleia Legislativa à sua disposição. Com a decisão do presidente da ALERJ, Deputado André Ceciliano (PT), em dar o prazo regimental de 60 dias para que os deputados presos possam tomar posse, o comandante do Poder Legislativo ganhou um pequeno prazo para respirar.
O Prefeito em exercício já demonstrou não estar totalmente à vontade ocupando o cargo mais alto da política niteroiense e busca aproveitar o tempo dado pela ALERJ para decidir sobre seu futuro político, que, hoje, está interligado ao futuro da cidade. Paulo Bagueira precisa escolher se quer seguir como prefeito, aguardando a resolução final da situação de Rodrigo Neves perante a justiça – garantindo, então, o seu mandato de Vereador –, ou decidir tomar posse como Deputado Estadual, fazendo com que Niterói tenha eleições suplementares para eleger um novo prefeito no prazo de 90 dias, como prevê a Lei Orgânica do Município. Não é uma decisão fácil, mas que, no momento atual, vem fazendo com que a cidade viva um clima de total incerteza sobre seu futuro.
Enquanto parcela do secretariado de Rodrigo Neves, em conjunto com os familiares do prefeito preso, realizam movimentos como o “#TôComRodrigo”, em clara inspiração no petista “Lula Livre” para movimentar parcela da opinião pública e também pressionar o prefeito em exercício a não renunciar ao cargo de Prefeito, Bagueira tenta achar uma luz para a saída da enrascada em que foi enfiado graças à prisão de Neves e que influencia seu futuro político ao não saber qual cargo deve assumir.
Ao passo que Paulo Bagueira vive o dilema de não saber o que fazer, a cidade de Niterói está à deriva e sem comando nenhum, causando instabilidade e insegurança jurídica, visto que a cada dia que se passa cada vez mais incertezas passam nas mentes dos niteroienses. Enquanto o prefeito em exercício não tomar nenhuma decisão, a cidade continuará sangrando sem comando e o futuro da Cidade Sorriso poderá ser comprometido se a cidade continuar refém de grupos que se alternam no poder desde 1988.
OPINIÃO
Por Jefferson Viana
Jefferson Viana é graduando em História pela UERJ e pesquisador na área de História da Cultura Brasileira.