Opinião

Edifício A Noite terá 447 apartamentos, lojas, bar e restaurante no terraço aberto ao público

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Foto: Reprodução

A Prefeitura do Rio anunciou, nesta terça-feira (25/07), a venda do Edifício Joseph Gire – conhecido como A Noite – para um investidor privado que transformará o prédio em um residencial com 447 unidades e, ainda, três lojas no térreo. Foram analisadas quatro propostas e o escolhido foi o grupo QOPP Incorporadora, que ofereceu R$36 milhões, além de 50% do potencial adicional gerado pelas regras do Reviver Centro, estimado em mais de R$ 24 milhões.

O projeto prevê ainda acesso público ao terraço, em um futuro restaurante com vista para a Praça Mauá, e um centro cultural da Rádio Nacional. As obras têm previsão de início no segundo semestre de 2024.

O município comprou o imóvel do Governo Federal, via Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar), por R$ 28,9 milhões, no início do ano, após cinco tentativas de negociação pelo Governo Federal, entre 2021 e 2022. Em setembro de 2022, o prefeito Eduardo Paes anunciou que o compraria caso não houvesse uma proposta privada até o prazo estabelecido para lances, no dia 18 de fevereiro de 2023. A Prefeitura quis evitar outro longo processo para tentativa de negociação do prédio.

“Esse aqui é um dos momentos mais importantes da nossa história recente na cidade. Estamos dando vida novamente a um prédio histórico e tão bonito, que simboliza o que temos feito por essa região. A gente não quer que o Rio volte a ser o que foi, mas que tenha o protagonismo no futuro. Esse lugar tão especial, tão símbolo do Brasil. Isso aqui nos permite apontar para o futuro. Buscar algo do passado para dizer que essa cidade surge, olha para frente. E aqui tem uma nova região central, com gente vivendo, trabalhando, com menos deslocamentos. E esta venda é muito simbólica em relação ao que a gente espera do Centro do Rio” disse o prefeito Eduardo Paes, acrescentando: “Esse gigante de concreto armado é testemunha de que os tempos mudam e que as cidades, assim como os homens, se renovam e se adaptam para continuar vivos. O Edifício A Noite deixa de ser um símbolo do passado para ser um símbolo do futuro.”

A negociação é um marco na revitalização da região central do Rio. O prédio é um ícone da cidade na Praça Mauá, coração do Porto Maravilha, ao lado do Centro. O entorno já revitalizado pelas obras do Porto deve ganhar ainda mais potencial com a venda do edifício, que fica em endereço privilegiado, em frente ao museu mais visitado do Brasil e símbolo da renovação da área: o Museu do Amanhã. Arquitetos responsáveis pelo novo projeto do Edifício A Noite, Duda Porto e André Alvarenga ressaltaram que o maior desafio dessa iniciativa foi resgatar toda a história do prédio.

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Divulgação
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“Era inevitável proporcionar isso aos cariocas e aos turistas que visitam o Rio, essa vista perfeita. Partindo desse princípio, nos andares superiores teremos um restaurante para que a gente possa ter a presença do público. Haverá um elevador próprio. Vai trazer movimento e vida ao empreendimento” disse Duda Porto.

O Edifício A Noite

O Edifício A Noite, construído na década de 1920, no Centro do Rio de Janeiro, é tido por muitos como um dos grandes marcos da arquitetura brasileira. Considerado o maior prédio da América Latina na época da sua inauguração, em 1929, foi batizado em referência ao jornal homônimo sediado no local.

O arranha-céu de 22 andares e 102 metros de altura, em estilo art déco, também foi a casa da vanguardista Rádio Nacional, a emissora de maior audiência do país na época, e ainda de consulados e do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

Inaugurado de frente para a Praça Mauá e com o cenário da Baía de Guanabara, o edifício foi projetado pelos arquitetos Joseph Gire – nome por trás do Copacabana Palace e do Hotel Glória – e Elisiário Bahiana. Em 1936, recebeu sua moradora mais conhecida: a Rádio Nacional. Pelos corredores dos quatro andares ocupados pela emissora, passaram grandes artistas da cultura popular brasileira, como Emilinha Borba, Marlene, Dalva de Oliveira, Luiz Gonzaga, Cauby Peixoto e Elizeth Cardoso. Foi no ano de 1940 que, por conta de dívidas com o Governo Federal, passou a ser propriedade da União.

Foi tombado em 2013 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) pelas suas características arquitetônicas e históricas e se tornou ícone da região portuária da cidade.