Há pouco tempo, fiz uma pesquisa para conclusão do mestrado, onde entrevistei casais jovens que moravam juntos na cidade de Niterói. Entre tantas observações e descobertas, uma chamou a atenção: de forma espontânea, a maioria dos participantes falou sobre os conflitos gerados pelas tarefas domésticas. Era realmente um dos desafios para a manutenção da harmonia do casal e do lar.
Historicamente, a responsabilidade sobre os cuidados domésticos sempre foi da mulher. O homem era tido como o provedor financeiro e a mulher como a dona de casa e mãe. Precisava manter sozinha a residência em ordem, limpa e bem-servida, e os filhos educados e saudáveis. Com o passar do tempo, as mulheres foram ampliando seu espaço no mercado de trabalho e assumindo novos papéis na sociedade. Assim, em muitos lares passou-se a buscar a divisão das tarefas em relação aos cuidados com o lar e as crianças.
Embora hoje a mulher ainda faça, proporcionalmente, a maior parte das atividades domésticas na maioria das famílias, há um crescimento real na contribuição dos homens sobre estas. Em algumas famílias eles são os protagonistas destas funções, responsáveis pela residência e pelos filhos. Em outras, buscam a igualdade entre os deveres de cada um.
Mas essa divisão de tarefas pode gerar muita confusão. De quem é a responsabilidade pela louça? Quem deve lavar a roupa? Por que ele/a não mantém o quarto arrumado? Quem tem que varrer? Quem vai passear com o cachorro? E lavar o banheiro? Tantos afazeres que nem sempre a pessoa estava acostumada a realizar quando morava com a família – inexperiência menos freqüente para as que moravam sozinhas. Em ambos os casos, entrar em debate para definir quem fará o que, às vezes não é tarefa fácil e nem mesmo pacífica.
Como amenizar isso e tornar a divisão de tarefas algo mais simples e não estressante? O primeiro ponto seria cada membro do casal compreender que o espaço em que vivem é dos dois (ou das duas), logo cabe a todos buscar mantê-lo no melhor estado possível para que seja um lugar agradável de ser viver. Geralmente as pessoas gostam de ter suas coisas limpas, arrumadas e bonitas, certo? Então tem que fazer a sua parte.
Tendo essa consciência, a divisão de tarefas pode ser vista como uma forma de facilitar o cotidiano do casal, sem que ninguém fique sobrecarregado. Afinal, além de cuidar do ambiente, é preciso cuidar do seu bem-estar e do/a parceiro/a. Busque realizar a organização das responsabilidades pelas atividades que cada um/a gosta, que não gosta e que são indiferentes (Por exemplo: eu gosto de cozinhar, não gosto de lavar a louça, e sou indiferente sobre varrer.). Uma lista pode ajudar. Daí ficará mais fácil separar as tarefas de forma mais justa e menos sacrificante para ambos/as. É necessário ter calma, conversar e ser flexível. A proposta é tornar a convivência melhor, ok?
É preciso também estar atento/a aos conflitos existentes. Muitas vezes aquela discussão “boba” e freqüente sobre quem sujou a mesa ou pela toalha molhada em cima da cama, esconde outros problemas do relacionamento que são descarregados sobre as questões domésticas. Manter sempre o diálogo, compartilhar os problemas e as insatisfações são atitudes importantes para se buscar uma relação mais saudável e positiva. Se isto estiver sendo muito difícil e vocês precisarem de ajuda, busquem um profissional.
Procurar manter um relacionamento de uma maneira que acrescente coisas boas à sua vida, que agregue sentimentos positivos e que contribua para o seu desenvolvimento pessoal é responsabilidade de cada pessoa. Escolher estar junto com alguém não envolve apenas afeto, mas respeito e solidariedade.
Até a próxima semana!
Ana Claudia Marques – Psicóloga
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