Saúde

Niterói realiza treinamento para expansão do método Wolbachia

Cidade possui 75% de seu território coberto pelo projeto, o que contribui para redução dos casos de dengue, zika, chikungunya e febre amarela
Cidade possui 75% de seu território coberto pelo projeto, o que contribui para redução dos casos de dengue, zika, chikungunya e febre amarela

A Secretaria Municipal de Saúde de Niterói, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), encerrou na última quinta-feira (03) o treinamento dos Agentes de Controle de Zoonoses para o início da expansão do projeto Wolbachia. O evento aconteceu no auditório da Policlínica de Especialidades Sylvio Picanço.

O chefe do Centro de Controle de Zoonoses, Fábio Villas Boas, falou sobre a medida. “O objetivo do treinamento é o engajamento dos nossos servidores que estão setorizados nos territórios ainda descobertos pelo projeto Wolbachia, além de capacitação para soltura e monitoramento da população dos mosquitos”, declarou.

Divulgação

O município de Niterói conta hoje com 75% do seu território coberto pelo projeto. Com a expansão e o início dessa nova etapa de liberação dos mosquitos, que acontecerá em 19 bairros das regiões Norte, Pendotiba e Leste, o município de Niterói será o primeiro da região Sudeste a ter 100% do seu território coberto pela Wolbachia. As primeiras liberações dos Aedes aegypti com Wolbachia ocorreram em 2015, no bairro de Jurujuba, em Niterói. Em 2016, a ação foi ampliada em larga escala em Niterói. Mas a soltura do mosquito apenas não garante o sucesso da operação.

No Brasil, o Método Wolbachia é conduzido pela Fiocruz em parceria com os governos locais. Esse método consiste na liberação do mosquito Aedes aegypti com Wolbachia para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais, estabelecendo aos poucos, uma nova população destes mosquitos, todos com Wolbachia.

A Wolbachia é uma bactéria presente em cerca de 50% dos insetos, inclusive em alguns mosquitos. No entanto, não é encontrada naturalmente no Aedes aegypti. Quando presente neste mosquito, a Wolbachia impede que os vírus da dengue, Zika, chikungunya e febre amarela urbana se desenvolvam dentro dele, contribuindo para redução destas doenças.

Também participaram do treinamento os servidores do IEC, setor de educação em saúde do CCZ, que terão papel atuante nas escolas, unidades de saúde e locais de circulação de pessoas, levando informações do projeto, do combate às arboviroses em Niterói, além de outros temas relacionados à saúde pública.

Redução dos casos de dengue

Em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro, os casos de dengue diminuíram 98% desde 2016. Os números de casos notificados, que há 6 anos chegaram a 3.369, não passam dos dois dígitos em 2022: até setembro foram apenas 66 notificações. O motivo, de acordo com a Prefeitura, está no projeto de liberação de mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia, em parceria com a Fiocruz e o World Mosquito Program (WMP), aliado à organização das políticas públicas de Saúde.

Para o secretário municipal de Saúde de Niterói, Rodrigo Oliveira, a redução dos números só foi possível porque, aliado à tecnologia da Wolbachia, o Município já contava com políticas públicas de saúde estabelecidas para a doença.“A Secretaria mantém um trabalho periódico de combate às arboviroses o ano todo. Esse conjunto de ações junto com a implantação do Projeto Wolbachia, que foi possível pela organização do trabalho em Niterói, possibilitam o bom resultado nos números das doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti”, afirmou o secretário.

A redução do número de casos ocorre gradualmente há seis anos. Em 2016, os casos de dengue somaram o total de 3.369; os de zika, 6.958; e os de chikungunya, 289. Em 2017, foram 905 casos de dengue; 321 de zika e 598 de chikungunya. Em 2018, foram 1754 casos de dengue; 347 de zika e 2939 de chikungunya. Já em 2019, houve uma significativa diminuição, somando 388 casos de dengue; 89 de zika e 353 de chikungunya. Durante a pandemia, nos anos 2020 e 2021, os índices foram de 153 e 46 casos de dengue, respectivamente; 10 e 3 casos de zika; e 103 e 12 casos de chikungunya.

O Município realiza medidas de prevenção e controle da doença durante todo o ano, e não apenas na época de maior incidência. Além do trabalho diário, em que agentes vistoriam imóveis em toda a cidade, localizando e exterminando possíveis focos do mosquito, aplicando larvicidas quando necessário, orientando moradores e distribuindo panfletos educativos, são realizados mutirões todos os sábados.

Niterói também conta com seis comitês regionais de combate ao Aedes aegypti, que realizam ações em seus territórios, orientando e mobilizando a população no combate aos criadouros do mosquito. O setor de Informação, Educação e Comunicação (IEC), do Centro de Controle de Zoonoses, também realiza ações educativas em escolas, unidades de saúde do município e locais públicos, distribuindo material educativo e orientando a população quanto aos cuidados para evitar e combater o mosquito.