
O motorista que alegou ter sido vítima de sequestro e ameaçado com uma bomba falsa no Rodoanel Mário Covas, em São Paulo, confessou ter armado toda a situação. A farsa provocou o bloqueio da via por cerca de cinco horas, causando longos congestionamentos e mobilizando equipes especializadas da polícia e das concessionárias. Agora, ele responde por falsa comunicação de crime, enquanto a investigação apura se houve participação de outras pessoas.
Motorista confessa farsa de sequestro e bomba falsa
O motorista de carreta Dener Laurito dos Santos, de 52 anos, admitiu à Polícia Civil de São Paulo que forjou o próprio sequestro e montou uma bomba falsa que levou ao bloqueio do Rodoanel Mário Covas no último dia 12 de novembro.
Em depoimento prestado na quarta-feira (19), ele reconheceu que:
- Ele mesmo produziu o simulacro de explosivo;
- Se amarrou com fios para simular estar dominado;
- Atirou uma pedra contra o próprio caminhão para reforçar a versão de violência.
Após ser confrontado com imagens de câmeras de segurança e inconsistências no relato, o motorista confessou que a história de sequestro foi inventada. Segundo a polícia, ele afirmou que queria “chamar a atenção da categoria” de caminhoneiros, embora a motivação detalhada ainda esteja sob apuração.
Como foi o bloqueio no Rodoanel
Bloqueio de horas e operação com equipe antibombas
Na manhã de 12 de novembro, a carreta dirigida por Dener parou atravessada em todas as faixas do Rodoanel, na altura de Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo. A suspeita de explosivos levou ao fechamento da via nos dois sentidos.
Diante do risco, o GATE (Grupo de Ações Táticas Especiais) foi acionado para avaliar o artefato preso ao corpo do motorista. A operação envolveu:
- isolamento da área;
- retirada controlada do motorista da cabine;
- análise técnica que confirmou se tratar de bomba falsa.
O bloqueio durou cerca de cinco horas e provocou quilômetros de congestionamento:
- cerca de 15 km na pista externa;
- aproximadamente 9 km na pista interna;
- mais 6 km em trecho administrado por outra concessionária.
Milhares de motoristas, passageiros e trabalhadores ficaram presos no trânsito, com atrasos em entregas, deslocamentos de ônibus e compromissos profissionais, além do impacto emocional de quem atravessou a via sob a notícia de uma suposta ameaça de bomba.
Versão inicial de sequestro cai com investigação
Relato de sequestro e agressões
Na primeira versão, o motorista disse à polícia que tinha sido sequestrado na estrada, agredido e mantido refém por criminosos que o obrigaram a parar o veículo daquela forma, com o corpo preso a um artefato explosivo.
Ele chegou a repetir esse relato para a imprensa, reforçando a ideia de um crime violento envolvendo uma quadrilha que atuaria na região do Rodoanel.
Câmeras e contradições desmontam a história
Conforme a apuração avançou, imagens de câmeras de segurança e inconsistências no depoimento passaram a contrariar a versão de sequestro. Depois de ser confrontado, Dener confessou que:
- não houve abordagem de criminosos;
- o bloqueio do Rodoanel foi provocado intencionalmente por ele;
- a ameaça de bomba nunca existiu de fato.
A Polícia Civil agora investiga se o motorista agiu totalmente sozinho ou se contou com apoio de terceiros na montagem da farsa. O caso segue com a Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (DISE) de Taboão da Serra, responsável pelo inquérito.