Chegada da cirurgia robótica ao CHN amplia acesso a tratamento com mais precisão, recuperação mais rápida e menor tempo de hospitalização
Quatro braços metálicos com a robustez de um equipamento que mede cerca de dois metros de altura, mas é capaz de executar movimentos precisos e milimétricos durante procedimentos cirúrgicos. O avanço das cirurgias robóticas chegou à cidade de Niterói com a inauguração do Serviço de Cirurgia Robótica e a realização da primeira intervenção assistida por robô foi realizada no Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), que faz parte da Dasa, rede de saúde integrada do Brasil.
Depois da modernização do seu centro cirúrgico e parque tecnológico, o hospital é o primeiro da região Norte-Leste Fluminense a oferecer cirurgias robóticas, e a novidade amplia o acesso a procedimentos minimamente invasivos, principalmente para processos oncológicos, bariátricos, urológicos e ginecológicos.
O dr. Felipe Lott, cirurgião urológico e coordenador do Serviço de Cirurgia Robótica do CHN, explica os benefícios dessa tecnologia para os pacientes: “A cirurgia robótica reduz o tempo cirúrgico, o que, como consequência, diminui o risco de complicações e efeitos colaterais. E por ser menos invasivo, o procedimento causa menos traumas no paciente, menos dor pós-operatória e, por conseguinte, menor tempo de recuperação e internação.”
O equipamento disponível no CHN é o modelo Da Vinci – controlado pelo cirurgião por meio de um console –, que reproduz fielmente os movimentos comandados pelo médico. O robô faz incisões de cerca de 10 mm e movimentos milimétricos com os quatro braços que possui. Em um deles está acoplada uma câmera que proporciona uma visão tridimensional dos órgãos, já que amplia em até 15 vezes a imagem com nitidez. Os demais ficam livres para operar com instrumentos como pinça, tesoura e porta-agulhas.
Além disso, o aparelho possui tecnologia que aprimora a técnica cirúrgica, como a pinça selante robótica e o sistema FireFly Fluorescence. A primeira tem maior capacidade de controlar e coagular vasos sanguíneos maiores, prevenindo, de forma mais eficiente, possíveis hemorragias durante a operação. Já a segunda tecnologia identifica, de modo preciso, por meio de uma luz fluorescente, estruturas como tumores em órgãos sólidos e áreas mais vascularizadas, o que permite, por exemplo, anastomoses (corresponde a uma conexão entre duas partes do corpo humano) com mais segurança.
Segundo o dr. Felipe Lott, os braços mecânicos oferecem graus de precisão e liberdade de movimento muito maiores se comparados com as pinças da técnica cirúrgica tradicional de laparoscopia. “O método robótico dá mais segurança e exatidão, pois alcança regiões que a mão humana não consegue atingir, além de oferecer mais conforto e ergonomia para o médico que opera. Mas o robô não substitui as mãos habilidosas dos cirurgiões, pelo contrário, agrega e potencializa o conhecimento que eles já têm”, afirma.
Para executar uma cirurgia robótica, é necessário fazer aulas, treinamentos com simuladores e realizar um mínimo de 10 cirurgias robóticas acompanhadas de um proctor (instrutor) de sua especialidade. “Numa analogia, eu diria que é similar a um piloto de avião, que precisa passar por horas de simulação até iniciar o voo como piloto principal”, comparou o dr. Eduardo Duarte, coordenador do Centro Cirúrgico do CHN.
Cerca de 50 cirurgiões foram treinados e certificados pelo hospital, que iniciou o trabalho e o investimento em 2019. “Com a cirurgia robótica, atingimos um patamar tecnológico superior, quebramos paradigmas saindo das modalidades de cirurgia aberta, passando pela videocirurgia até chegarmos na tecnologia robótica que oferece ainda mais qualidade para a população da região Norte-Leste Fluminense”, completou o diretor-geral do hospital o dr. Marcus Vinícius Ribeiro de Souza Martins.