
O Ministério da Saúde anunciou a adesão da Rede D’Or ao Agora Tem Especialistas, ampliando o atendimento gratuito a pacientes do SUS. Com as unidades Glória D’Or e Niterói D’Or, o acordo promete acelerar cirurgias complexas e reduzir a espera por procedimentos de média e alta complexidade.
Rede D’Or entra no Agora Tem Especialistas e reforça o SUS
A Rede D’Or passou a integrar o Agora Tem Especialistas, programa do governo federal que reúne hospitais privados, com e sem fins lucrativos, para atender gratuitamente pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
Inicialmente, duas unidades da rede reforçarão o atendimento na saúde pública: o Glória D’Or, no Rio de Janeiro (RJ), e o Niterói D’Or, em Niterói (RJ). A adesão ocorreu após a assinatura do contrato com o Ministério da Saúde, nesta segunda-feira (22), na capital carioca.

100 cirurgias cardiológicas/ano e R$ 3,6 milhões para o SUS
Juntas, apenas essas duas unidades do grupo realizarão para o SUS cerca de 100 cirurgias cardiológicas por ano, no valor de R$ 3,6 milhões.
Além disso, com a entrada da Rede D’Or, 28 hospitais privados e filantrópicos encerram o ano de 2025 garantindo à população usuária do SUS um total de R$ 150 milhões em consultas, exames e cirurgias a mais por ano. Para o início de 2026, a expectativa é que esse montante aumente para R$ 200 milhões, ampliando a oferta de serviços de saúde de média e alta complexidade.
Como funciona a contrapartida: créditos para quitar tributos
Como contrapartida aos atendimentos prestados, a Rede D’Or e os demais hospitais privados e filantrópicos que aderem ao programa recebem créditos financeiros. Esses créditos são usados para o pagamento de tributos federais vencidos ou a vencer.
No caso das unidades do grupo que ingressam no Agora Tem Especialistas, R$ 300 mil mensais serão destinados à realização de revascularizações do miocárdio — procedimento essencial para salvar vidas ao criar um caminho para o sangue chegar ao coração, prevenindo infartos fatais.
Declaração do ministro e foco em acelerar cirurgias complexas
Durante a assinatura do contrato, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou o impacto da parceria no tempo de espera dos pacientes do SUS:
“O Agora Tem Especialistas abre as portas da Rede D’Or, um hospital privado com o tamanho, importância e qualidade que tem, para atender pacientes do SUS. Isso garante maior velocidade no atendimento para essa cirurgia tão complexa. Com esse contrato, a gente garante equipes especializadas, equipamentos e todos os insumos para que brasileiros e brasileiras recebam esse atendimento sem precisar esperar meses pelo procedimento”, pontua o ministro.
Quando começam as cirurgias e como será o encaminhamento
As primeiras cirurgias pela Rede D’Or devem acontecer em janeiro, a partir do encaminhamento dos pacientes pelas secretarias municipais de saúde do Rio de Janeiro (RJ) e de Niterói (RJ).
Esse agendamento é responsabilidade dos gestores locais que, para definirem as pessoas a serem chamadas, observam os critérios definidos em suas centrais de regulação.
Sete áreas prioritárias para reduzir filas no SUS
Com a participação da rede de saúde privada no programa — aumentando os atendimentos no SUS de forma complementar — o Ministério da Saúde busca reduzir o tempo de espera por consultas, exames e cirurgias com foco em sete áreas prioritárias:
- oncologia
- cardiologia
- ortopedia
- ginecologia
- otorrinolaringologia
- oftalmologia
- nefrologia
Hospitais privados já atendem pelo Agora Tem Especialistas
Atualmente, oito hospitais privados e filantrópicos já estão atendendo os pacientes do SUS pelo programa:
- Hospital das Clínicas, em Alagoinhas (BA)
- Fundação Lucas Machado/Feluma, em Belo Horizonte (MG)
- Centro Especializado em Olhos Cynthia Charone, em Belém (PA)
- Neotin Neonatal, em Niterói (RJ)
- Hospital Santa Terezinha, em Sousa (PB)
- Santa Casa de Sobral, em Sobral (CE)
- Hospital Santa Maria, em Teresina (PI)
- Med Imagem, em Teresina (PI)
Além disso, outras 20 instituições de vários estados brasileiros já passaram por todas as aprovações necessárias e aguardam o encaminhamento de pacientes pela secretaria municipal. Juntos, esses 28 hospitais converterão em mais procedimentos especializados para o SUS o total de R$ 150 milhões de dívidas com a União.
“Estamos terminando este ano com R$ 150 milhões investidos em cirurgias e exames contratados pelo Agora Tem Especialistas – um recurso que não viria para a saúde se não fosse essa iniciativa. E o ganho não é só financeiro: com esses contratos aproveitamos os profissionais, os equipamentos e os insumos que estão nesses hospitais. Isso faz uma diferença enorme para quem está aguardando há tanto tempo uma cirurgia ou um exame especializado no SUS”, celebra o ministro.
Critérios e avaliação: atender demandas do SUS é decisivo
Para aderirem ao Agora Tem Especialistas, trocando dívidas por atendimentos gratuitos ao SUS, os hospitais privados precisam:
- manifestar interesse;
- comprovar capacidade técnica e operacional;
- ofertar serviços que atendam as demandas da rede pública nos estados e municípios.
Por isso, as entidades interessadas passam por um processo de avaliação que envolve o Ministério da Saúde e os gestores dos estados e municípios.
Quase 160 hospitais privados tiveram suas manifestações de interesse aprovadas pela pasta e agora estão sendo avaliadas pelos gestores locais. Dessa forma, a expectativa é que mais unidades atuem pelo programa à medida que novos contratos forem firmados.
Créditos com base em tabela até 4x maior que a Tabela SUS
Para garantirem regularidade fiscal com a quitação das dívidas federais, os hospitais recebem créditos financeiros com base na Tabela do Agora Tem Especialistas, cujos procedimentos são até quatro vezes maiores do que a Tabela SUS.
Esses créditos podem abater dívidas e também tributos que ainda estão para vencer; portanto, hospitais privados com regularidade fiscal também podem participar.
Além da conversão do pagamento de tributos em mais atendimentos, o setor privado atua em outras frentes, como:
- atendimento móvel em carretas de saúde da mulher, oftalmológicas e de exames de imagem;
- participação em mutirões;
- reforço ao atendimento oncológico e em outras especialidades;
- entre outras ações.
Pesquisa e anestesiologia: novos acordos assinados no Rio
Na ocasião, o ministro também assinou uma carta de intenção com o braço de pesquisa da Rede D’Or, o Instituto D’Or de Ensino e Pesquisa, para cooperação no desenvolvimento de pesquisas e ações relacionadas a:
- neurociências
- oncologia
- edição gênica
- terapias avançadas
- doenças metabólicas
- pesquisa clínica
Entre os objetivos, estão a elaboração conjunta de projetos e o intercâmbio de conhecimentos técnicos e científicos.
No Rio de Janeiro (RJ), Alexandre Padilha também assinou um acordo de cooperação técnica entre o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Anestesiologia para garantir o dimensionamento e a definição da necessidade de médicos anestesiologistas no Brasil, além da formação de profissionais — uma das especialidades em que o SUS tem carência.
“Um dos grandes desafios para a saúde do país, para ampliar o número de cirurgias eletivas, é ter cada vez mais anestesiologistas bem formados, qualificados e distribuídos pelo Brasil. Hoje, esse acordo histórico enfrenta diretamente o problema: vamos juntos qualificar 300 anestesiologistas e mapear os serviços em todo o país”, afirma o ministro Padilha.