
Quedas nas calçadas estão gerando uma conta alta para a saúde pública do Rio. Em audiência na Câmara, especialistas cobraram soluções para acessibilidade, padrão de piso e responsabilidades. Dados do 1746 mostram a dimensão do problema, com a Zona Norte liderando as queixas.
Audiência na Câmara debate as calçadas do Rio
Na mesa da audiência pública “Calçadas do Rio: realidade, desafios e soluções”, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, o presidente do CREA-RJ, engenheiro Miguel Fernández, afirmou que:
“Os acidentes nas calçadas representam hoje o maior custo indireto em termos de mobilidade na saúde pública”. O presidente da Comissão de Assuntos Urbanos, vereador Pedro Duarte (Novo), confirmou a informação.
Pedras portuguesas: caras e de alto risco
Graduado em Engenharia Civil e mestre em Engenharia Urbana pela UFRJ, Miguel Fernández declarou que as pedras portuguesas compõem hoje o calçamento “mais caro e de maior risco” para a população.
A avaliação foi corroborada por Carlos Molina, presidente do Conselho Empresarial do Ecossistema da Longevidade da ACRJ, que lembrou: até em Lisboa, berço das pedras portuguesas, o piso vem sendo substituído por alternativas “mais seguras e viáveis economicamente”.
Propostas: padronização e registro obrigatório de quedas
Carlos Molina defendeu atuação da Comissão para aprovar uma lei que:
- Padronize as calçadas do Rio de Janeiro;
- Torne obrigatório o registro de quedas nas UPAs e em hospitais públicos.
Levantamento do 1746: mais de 35 mil pedidos de reparo
Segundo dados apresentados por Pedro Duarte, entre janeiro de 2023 e junho deste ano foram feitos mais de 35 mil pedidos de reparos de calçadas ao serviço 1746. Principais problemas:
- Buracos
- Obstrução da passagem de pedestres
- A Zona Norte concentra a maioria das queixas.
“Pior calçada do Rio” — concurso no Instagram
- 1º lugar: Rua Mário Piragibe (Lins de Vasconcelos)
- 2º lugar: Estrada do Barro Vermelho (Colégio)
- 3º lugar: Rua Cosme Velho (Cosme Velho), na Zona Sul
Quem cuida? O desafio da responsabilidade
“É crescente a denúncia do mau estado de conservação das calçadas do Rio, como a falta de acessibilidade e acidentes causados por buracos e obstáculos”, disse Pedro Duarte. Segundo ele, há mais de 20 normas sobre construção e manutenção de calçadas, mas persiste a dúvida: embora leis municipais atribuam a calçada ao dono da edificação em frente, o bem é público. “De quem é a responsabilidade?”, questionou.
CREA-RJ: solução coletiva e lei para o subsolo
Após parabenizar a Comissão, Miguel Fernández defendeu:
- Alterar a legislação, pois o problema é de coletividade;
- Criar um sistema unificado de registro das ações de concessionárias nas ruas, reduzindo impactos dos reparos nas pistas e calçamentos;
- “É preciso legislar sobre o subsolo”, afirmou.
Boas práticas: Firjan e o programa Calçada Acessível
Fernández concordou com a Firjan, que há 15 anos criou o programa Calçada Acessível, já presente em 50 municípios, defendendo a padronização em todo o estado. Pedro Duarte exibiu vídeo do case de Teresópolis, que implantou piso intertravado com espaço tátil amarelo para auxiliar pessoas com deficiência.
Acessibilidade x ocupação comercial das calçadas
A arquiteta Regina Cohen (ex-conselheira do CAU/RJ e integrante do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência) afirmou que a falta de acessibilidade nas calçadas é um dos maiores problemas da cidade. Ela criticou leis municipais que favoreceram bares e restaurantes na ocupação das calçadas. O arquiteto Sérgio Magalhães também condenou a ocupação indiscriminada:
- “Os bares e restaurantes não podem ocupar tudo como estão ocupando”, disse, sob aplausos.
Quem participou da mesa
- Vereador Pedro Duarte — presidente da Comissão de Assuntos Urbanos
- Eng. Miguel Fernández — presidente do CREA-RJ
- Arq. Sérgio Magalhães — professor da UFRJ
- Arq. e urbanista Luiz Gustavo Tavares Guimarães — Firjan
- Arq. Carlos Abreu — vice-presidente do CAU/RJ
- Arq. Regina Cohen
- Carlos Molina — presidente do Conselho Empresarial do Ecossistema da Longevidade da ACRJ