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O Terminal Rodoviário Roberto Silveira, principal porta de entrada e saída de ônibus intermunicipais de Niterói, voltou ao centro das discussões políticas e administrativas nesta quarta-feira (12). O espaço, que há anos sofre com abandono, falta de manutenção e estrutura deteriorada, foi incluído na lista de imóveis que podem ser leiloados pelo Governo do Estado.

A inclusão ocorreu após a apresentação de uma emenda do deputado Alexandre Knoploch (PL) ao Projeto de Lei Complementar 40/25, debatido na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A proposta autoriza o Estado a alienar dezenas de propriedades públicas como forma de levantar recursos para quitar dívidas com a União.

Entre os novos imóveis inseridos no texto, estão o Engenhão (Estádio Nilton Santos), a Rodoviária Novo Rio e o Terminal Rodoviário Roberto Silveira, em Niterói.

Divulgação

Estrutura precária acende alerta em Niterói

Em Niterói, a discussão rapidamente ganhou força. O Terminal Rodoviário Roberto Silveira, administrado pela Coderte (Companhia de Desenvolvimento Rodoviário e Terminais do Estado do Rio de Janeiro), é constantemente alvo de críticas de usuários e especialistas.

Moradores e passageiros relatam que o espaço vive:

  • Falta de conservação estrutural
  • Banheiros danificados e pouco funcionais
  • Infiltrações e risco de queda de partes da estrutura
  • Pouca iluminação e sensação de insegurança
  • Ambiente degradado e sem manutenção regular

Segundo parlamentares, a situação atual é “um símbolo do abandono estatal” em Niterói. O tema, inclusive, tem sido pauta recorrente de cobranças feitas diretamente ao relator do projeto.


Deputados discutem imóveis que ficam e imóveis que saem do leilão

O PLC 40/25 foi enviado pelo governador Cláudio Castro e publicado pela Alerj em 19 de agosto. Para análise do texto, a Comissão de Constituição e Justiça criou um Grupo de Trabalho, coordenado pelo deputado Knoploch, para vistoriar imóveis e decidir quais seriam mantidos ou retirados da lista.

Após as visitas técnicas:

16 imóveis foram excluídos por possuírem função pública comprovada.

Entre os retirados da lista estão:

  • Caio Martins (Niterói)
  • Escola de Música Villa-Lobos
  • Batalhão da PM do Leblon
  • Casa Nem
  • Grupo Arco-Íris
  • Grupo Tortura Nunca Mais
  • Escolinha de Artes do Brasil
  • Casa Almerinda Gama

Apesar da retirada do Caio Martins, o Terminal Rodoviário de Niterói permanece na lista, o que gerou surpresa e desconforto entre representantes do município.

Vale destacar que a lista atual conta com 62 imóveis passíveis de alienação, mas esse número ainda pode mudar. Deputados têm até 15h desta quinta-feira (13) para apresentar novas emendas.


Por que o Estado quer vender o Terminal Rodoviário?

Segundo o Governo do Estado, a venda de parte do patrimônio público visa:

  • Quitar dívidas com a União
  • Equilibrar as contas estaduais
  • Reforçar o Fundo Soberano
  • Financiar investimentos prioritários

No entanto, a justificativa não tranquiliza moradores de Niterói, que temem:

  • Privatização sem contrapartidas claras
  • Fechamento temporário ou permanente do terminal
  • Aumento de tarifas
  • Perda de um equipamento essencial à mobilidade intermunicipal

O terminal é estratégico para trabalhadores que se deslocam diariamente entre Niterói, São Gonçalo, Região dos Lagos e Rio de Janeiro.


Como funcionará o processo de leilão

O projeto detalha todos os passos da alienação:

  • Venda por procedimento licitatório
  • Laudo de avaliação com valor de mercado (validade de até 1 ano)
  • Edital com informações sobre ações judiciais, situação do imóvel e estado de conservação
  • Possibilidade de venda por lotes ou individualmente
  • Pagamento à vista ou parcelado
  • Uso de títulos da dívida pública para pagar até 30%
  • Direito de preferência para ocupantes regulares ou moradores, em caso de imóveis habitados
  • Possibilidade de alienação mesmo sem título formal, desde que haja transferência dos direitos possessórios

Terminal de Niterói pode ser reformado? E se for vendido, o que muda?

Caso o terminal seja alienado, o futuro depende do projeto vencedor. Possibilidades incluem:

  • Reforma estrutural profunda, com modernização
  • Concessão a empresa especializada
  • Criação de um novo centro de mobilidade urbana
  • Implantação de lanchonetes, lojas e serviços
  • Alteração no modelo operacional de linhas intermunicipais

Por outro lado, sem garantias claras no edital, moradores temem:

  • descontinuidade dos serviços,
  • redução da oferta de ônibus,
  • ou mesmo abandono ainda maior em caso de licitação sem contrapartidas bem definidas.

Debate continua: leilão pode ou não incluir o Terminal?

Até a votação final, ainda existe margem para mudanças. Deputados podem:

  • Retirar o Terminal Rodoviário de Niterói da lista
  • Manter a inclusão com exigências específicas
  • Adicionar cláusulas de proteção aos usuários

Enquanto isso, a população segue cobrando:

  • transparência,
  • participação pública,
  • e plano de revitalização imediato, independente do resultado da votação.

Próximos passos na Alerj

A votação do PLC 40/25 deve ocorrer nos próximos dias, após a análise das últimas emendas. Caso aprovado, o governo poderá iniciar os estudos técnicos e preparar o edital de alienação.

Até lá, o futuro do Terminal Rodoviário Roberto Silveira permanece em disputa — e no foco da agenda pública de Niterói.