Opinião

Quando a política cruza a fronteira da traição

Imagem gerada por IA / Colunista
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Em tempos de polarização e radicalização é comum que certos discursos sejam normalizados sob o manto da liberdade de expressão, mas há uma linha que, uma vez ultrapassada, não representa mais opinião, representa traição. Quando um parlamentar eleito pelo povo brasileiro se instala confortavelmente em território estrangeiro e passa a articular com políticos e ideólogos internacionais formas de punir juízes da Suprema Corte de seu próprio país, isso não é mais política, é conspiração contra a soberania nacional.

Nos últimos meses, acompanhamos com perplexidade uma escalada de atitudes de parlamentares da extrema-direita brasileira que foram muito além da retórica agressiva. Houve tentativas explícitas de pressionar o governo dos Estados Unidos a impor sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, com base na chamada Lei Magnitsky. Trata-se de um movimento coordenado para constranger o Judiciário brasileiro com apoio externo, usando a máquina diplomática de outro país como instrumento de chantagem.

É inaceitável, é profundamente grave, que um cidadão brasileiro, ainda mais alguém que já ocupou um posto no Congresso Nacional, atue de forma deliberada para atacar as instituições do seu país a partir do exterior. Atuar em benefício de interesses estrangeiros para enfraquecer o sistema democrático nacional é romper o contrato de lealdade republicana, é trair a pátria.

O caso se torna ainda mais preocupante quando se observa que esse tipo de conduta não é isolado. Há uma rede internacional organizada que funciona como suporte ideológico e logístico para alimentar uma cruzada antidemocrática contra instituições independentes ao redor do mundo. No Brasil, essa rede encontrou eco em figuras públicas que se veem como soldados de uma guerra cultural. Usam a fé, o medo e a desinformação como armas. Desprezam o Estado Democrático de Direito, zombam da Constituição e celebram líderes estrangeiros enquanto atacam os pilares da soberania brasileira.

É hora de encarar os fatos com a clareza que a gravidade exige, ou seja, quem articula sanções contra o Brasil com apoio de potências estrangeiras não está exercendo seu direito de crítica, está conspirando contra o país, está promovendo sabotagem institucional com consequências internacionais, está, sim, traindo os interesses do povo que jurou representar.

O Parlamento brasileiro e o Supremo Tribunal Federal precisam reagir com firmeza. Há leis que protegem o Estado contra atentados à sua integridade, há dispositivos constitucionais que preveem a defesa da soberania e da democracia. Não se trata de vingança, nem de censura, trata-se de preservar nossa República.

O Brasil precisa urgentemente reencontrar seu senso de autoridade moral. A liberdade deve ser protegida, dentro do marco legal, dentro do Estado de Direito e não contra ele. O que está em jogo não é uma disputa entre ideologias, é uma luta entre quem defende o Brasil e quem conspira contra ele. Se a sociedade brasileira cruzar os braços diante de atitudes como essa, estará autorizando um precedente perigoso de que a traição à pátria pode ser travestida de patriotismo. Para qualquer nação que se respeite esse pode ser o início do fim.

Bernardo Ariston

Bernardo Ariston é graduado em Direito, Jornalista e Radialista. Comentarista Político da Rádio Litoral Fm, colunista no Jornal de Sábado e no Cidade de Niterói. Político brasileiro. Em 2002 foi eleito deputado federal pelo estado do Rio e reeleito em 2006.

Bernardo Ariston é graduado em Direito, Jornalista e Radialista. Comentarista Político da Rádio Litoral Fm, colunista no Jornal de Sábado e no Cidade de Niterói. Político brasileiro. Em 2002 foi eleito deputado federal pelo estado do Rio e reeleito em 2006.