Política

Empreiteiro diz que vencedores de obras eram escolhidos antes da licitação

Empreiteiro diz que vencedores de obras eram escolhidos antes da licitação

As empresas que seriam escolhidas para fazer grandes obras durante a gestão do ex-governador Sergio Cabral já estavam definidas antes da licitação. A revelação é do empreiteiro Ricardo Pernambuco Júnior, dono da Carioca Engenharia, que depôs nesta segunda-feira (4) ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, que investiga os desdobramentos da Operação Lava Jato no Rio.

“A Carioca é uma empresa aqui do Rio de Janeiro e tinha uma relação com o ex-governador Cabral. No início do governo, lançaram esses dois programas, o PAC das Favelas e o Arco Metropolitano, e nós nos colocamos como pretendentes desses programas. Estive no Palácio Guanabara com o ex-secretário de governo Wilson Carlos, que me comunicou qual seriam as empresas que participariam do PAC Favelas”, disse Pernambuco.

O empresário firmou um acordo de colaboração premiada com a Justiça. Ele contou que as empreiteiras se reuniam, previamente, para discutir os detalhes das licitações, incluindo qualificações técnicas que acabavam direcionando o certame para determinadas empresas.

“Essas empresas se reuniam e passavam a trabalhar na qualificação técnica do edital, para permitir uma diminuição de sua competitividade. E isso aconteceu, tanto é que quem apresentou as propostas e foram qualificados foram os consórcios que teriam sido indicados como vencedores da licitação”, disse o colaborador

Segundo o empreiteiro, coube a sua empresa parte das obras na Rocinha, como contrapartida aos valores anteriormente pagos. “Foi feito um acerto, em fevereiro de 2008, com o Wilson Carlos, que a Carioca participasse com valores mensais sobre os contratos que viria a ganhar. Em março, a Carioca repassava valores de R$ 200 mil mensais ao governo”, disse o dono da Carioca.

Também foram ouvidas mais seis pessoas, algumas colaboradoras da Justiça, envolvidas no processo que investiga os pagamentos de propinas a políticos por empreiteiras. Procurada, a defesa do ex-governador Cabral negou as afirmações do empreiteiro. “O ex-governador nunca esteve em reunião para tratar de propinas com quem quer que seja ou permitiu que alguém o fizesse usando o seu nome”.

Por: Vladimir Platonow EBC