
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, deixou abruptamente a audiência na Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado, nesta terça-feira (28), após ser alvo de ataques e ofensas do senador Plínio Valério (PSDB-AM).
O parlamentar, que pediu a palavra para supostamente fazer uma pergunta, surpreendeu a todos ao declarar: “Estou falando com a ministra e não com a mulher, porque a mulher merece respeito, a ministra, não.”
O episódio gerou forte repercussão e indignação nas redes e no plenário.
Debate sobre conservação e exploração vira palco de ataques
A ministra estava na comissão para debater a criação de quatro unidades de conservação marítimas no Amapá. No entanto, o que era para ser uma discussão técnica sobre temas ambientais se transformou em um ambiente hostil, com embates acalorados sobre:
- A possível exploração de petróleo na Foz do Amazonas
- O polêmico Projeto de Lei do Licenciamento Ambiental (PL 2.159/2021)
- A extensão da rodovia BR-319
Diante das ofensas, Marina respondeu firmemente que estava na audiência na condição de ministra de Estado, e não por ser mulher. Logo em seguida, se retirou, acompanhada por sua equipe.
Senadores se dividem e tensão domina o plenário
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) saiu imediatamente em defesa da ministra: “O debate político pode ser acalorado, divergente, mas desrespeito é inaceitável.”
O caso gerou desconforto não só na comissão, mas em todo o ambiente político, reacendendo discussões sobre misoginia, desrespeito institucional e os limites do debate público.
Ataques reincidentes: Plínio Valério já havia ofendido Marina antes
Essa não foi a primeira vez que o senador Plínio Valério dirigiu ofensas à ministra. Em um evento anterior no Amazonas, ele fez uma declaração polêmica e extremamente agressiva: “Imagine o que é tolerar a Marina seis horas e dez minutos sem enforcá-la.”
A fala, considerada inaceitável, gerou repúdio de diversos setores da sociedade.
Marina se pronuncia após o episódio
Ao sair da audiência, Marina conversou com a imprensa e foi direta: “Eu não poderia ter outra atitude. Dei, inclusive, a oportunidade para que ele me pedisse desculpas.”
Ela reforçou que estava ali para defender os recursos naturais do Brasil e construir soluções sustentáveis: “Eles acham que estão agredindo uma pessoa, mas estão, na verdade, agredindo um povo inteiro.”
Omar Aziz também pressiona e critica Marina Silva
Antes mesmo do ataque de Plínio, outro embate já havia ocorrido. O senador Omar Aziz (PSD-AM) também pressionou a ministra, responsabilizando-a pelo avanço do Projeto de Lei que flexibiliza o licenciamento ambiental. “Se isso não andar, a senhora também será responsável. Pela intransigência, pela falta de diálogo.”
Marina rebateu de forma contundente: “Quem tem mandato vota pelas convicções, não porque foi obrigado. Licenciamento ambiental é uma conquista do povo brasileiro. E só o povo pode evitar esse retrocesso.”
Licenciamento ambiental e meio ambiente em risco
O episódio expôs não só o desrespeito com a ministra, mas também os desafios enfrentados pela pauta ambiental no Brasil. O debate sobre o futuro do licenciamento ambiental e sobre a preservação da Amazônia e das áreas costeiras, como a Foz do Amazonas, segue dividido entre interesses econômicos e a defesa do meio ambiente.