Política

Audiência na Alerj expõe precarização nas unidades dos Correios

Alerj debate 98 autuações nos Correios. Propostas incluem mais fiscalização, direito de greve e ações sobre salários, férias e plano de saúde.

Foto: Octacílio Barbosa
Foto: Octacílio Barbosa

A Comissão de Trabalho da Alerj discutiu, em audiência pública nesta segunda (25/08), as denúncias contra os Correios no Rio. São 98 autuações por condições de trabalho precárias. A casa propôs reforço da fiscalização e medidas para proteger os trabalhadores e o serviço.

Alerj debate 98 autuações: o que está acontecendo

A SRTE-RJ confirmou que, desde janeiro do ano passado, os Correios receberam 98 autuações, sobretudo por falta de condições mínimas de conforto e segurança:

  • Banheiros inadequados
  • Locais de refeição precários
  • Ausência de conforto térmico e acústico
  • Situações que comprometem a dignidade do trabalhador
  • Em dados de 2024, constam também atrasos em pagamentos

Voz da Comissão de Trabalho

Para a presidente do colegiado, deputada Dani Balbi (PCdoB), o quadro é efeito de falta de investimento e modernização:

“Recebemos denúncias de postos insalubres, jornadas inviáveis, unidades em condições degradantes, expostas a calor extremo, ratos, baratas e até sem tratamento de esgoto. (…) É nesse contexto que surgem greves e mobilizações. Por isso, realizamos esta audiência para defender e valorizar a categoria”.

Encaminhamentos: propostas da Alerj

Durante o debate, foram propostos:

  • Envio de minuta de resoluções ao Ministério do Trabalho para calendário de fiscalização e melhor acolhimento de denúncias
  • No âmbito da Comissão de Trabalho da Alerj, garantia do direito de greve aos trabalhadores dos Correios
  • Ofício ao Ministério Público Federal sobre ações relativas a salários, férias e acesso a planos de saúde
  • Solicitação de refinanciamento das dívidas dos Correios via ofício à Presidência da República

SRTE-RJ vai intensificar a fiscalização

A chefe da Seção de Segurança e Saúde da SRTE-RJ, Ana Horcades, reforçou o papel técnico:

“É preciso trabalhar coletivamente, envolvendo órgãos públicos e a sociedade, para garantir que os empregados tenham condições mínimas de trabalho digno. Estamos à disposição para mediar o diálogo entre os trabalhadores e os Correios, garantindo que problemas de infraestrutura, saúde, segurança e condições de trabalho sejam identificados e tratados”.

Crise financeira e plano de saúde

A presidente da Associação dos Profissionais dos Correios, Sandra Moreiras, relatou dificuldades financeiras, operacionais e administrativas decorrentes de prejuízo líquido de R$ 1,7 bilhão.

Segundo ela, há problemas de acesso ao plano de saúde, com atendimentos suspensos pela falta de repasses da empresa aos prestadores: “É fundamental o apoio das autoridades e da sociedade para garantir condições dignas de trabalho”.

Caráter público dos Correios: serviço essencial

A deputada Dani Balbi destacou que os Correios são ativos estratégicos de comunicação e logística, alvo de interesse de multinacionais:

“A defesa dos Correios é a defesa das empresas públicas. Companhias privadas oferecem serviços precarizados e que colocam em risco os trabalhadores, além de não garantirem a entrega em regiões remotas, como a Amazônia. Os Correios precisam se modernizar com o compromisso de oferecer um serviço de qualidade para toda a população”.