
Há momentos em que a história exige clareza e, no momento, o que está em curso não é a aventura isolada de um deputado traidor no exterior, é a ação de um grupo organizado atuando de fora para dentro contra o Brasil. Eduardo Bolsonaro é apenas a face visível de uma engrenagem maior. Ao seu lado, Paulo Figueiredo funciona como operador internacional, ligando essa conspiração ao núcleo de Donald Trump e à ultradireita americana. Por trás, Jair Bolsonaro financia a operação com recursos, hoje, sob investigação e, acima de todos, estão interesses que ultrapassam famílias e partidos, ou seja, a geopolítica, as riquezas do Brasil e o jogo de poder global.
O que acontece em Washington não é oposição política nem debate democrático é uma operação para transformar o Brasil em moeda de troca. Eduardo Bolsonaro, como marionete, atua em nome de um projeto que atende não apenas ao bolsonarismo, mas a agendas externas. Donald Trump, ao ser convencido por esse grupo não mira apenas em Alexandre de Moraes e nem no governo brasileiro. O alvo é muito maior, o objetivo é enfraquecer o Brasil para neutralizar o BRICS, manter as Big Techs americanas blindadas contra qualquer tentativa de soberania digital brasileira e, sobretudo, garantir influência sobre nossas matérias-primas estratégicas, ou seja, a Amazônia, petróleo, água doce, terras raras, biodiversidade, entre outras, que nos coloca no centro do século XXI.
Esse grupo transformou os EUA em um quartel de conspiração. Eduardo Bolsonaro articulou com aliados de Trump a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e pressionou pela aplicação da Global Magnitsky Act contra o ministro Alexandre de Moraes, buscando desmoralizar o STF e fragilizar o Estado brasileiro. Por trás do discurso de perseguição política, o que se vê é um ataque orquestrado à soberania nacional, usando um parlamentar como instrumento de uma operação muito maior.
Enquanto isso acontece, o que assusta é o silêncio das instituições que deveriam proteger o país. O Congresso Nacional permanece inerte, ignorando o fato de que um deputado federal, eleito pelo Estado mais industrializado do país, está atuando como agente de interesses estrangeiros contra a própria pátria. Essa omissão não é neutralidade é cumplicidade. Um vídeo que viralizou recentemente no Youtube expôs essa inércia e colocou o Legislativo no centro da crise. Quando o Parlamento se cala diante da traição ele se torna parte dela.
A lei não deixa brechas, o Código Penal classifica como traição “ajudar Estado estrangeiro a empreender atos de guerra contra o Brasil”. Hostilidade econômica deliberada e tentativa de interferência em Poder constituído são atos de guerra sob a ótica moderna do direito internacional. O artigo 359-I, trata como crime negociar com governo ou grupo estrangeiro, ou seus agentes, com o fim de provocar atos típicos de guerra contra o país ou invadi-lo. Assim, quando essa ameaça é construída em parceria com uma potência estrangeira, ela passa a ser a essência do que a Constituição chama de atentado contra o Estado.
Todavia, não é apenas o direito penal interno que Eduardo e seu grupo atropelam. Ao tentar usar os Estados Unidos para interferir em um tribunal supremo brasileiro, violam tratados internacionais que garantem a integridade dos Estados soberanos. A Carta da ONU proíbe ingerência em assuntos internos de Estados soberanos, a Convenção de Viena resguarda a independência institucional contra pressões externas, o Pacto de San José da Costa Rica garante autonomia judicial e devido processo como base democrática. O que esse grupo organiza não é apenas crime contra o Brasil, é uma afronta à arquitetura que protege nações de se tornarem protetorados.
Não esqueçamos do dinheiro, sempre o dinheiro, pois nenhuma operação desse porte existe sem financiamento. A Justiça Federal bloqueou contas e bens de Eduardo Bolsonaro após indícios de repasses de Jair Bolsonaro para custear lobby, viagens e reuniões com lobistas em Washington. Se forem recursos públicos, é peculato internacionalizado, se forem privados mascarados, é lavagem de dinheiro. Em ambos os casos é o rastro financeiro denunciando que o que está em andamento não é improviso, mas um projeto estruturado para submeter o Brasil a interesses externos.
Paulo Figueiredo, nesse tabuleiro, cumpre papel essencial, uma vez que é ele quem conecta Eduardo ao núcleo trumpista, usando suas redes para abrir portas e transformar o discurso bolsonarista em pauta na capital americana. Sua relação com Donald Trump vai além da simpatia ideológica, é a ponte que faz essa conspiração ganhar musculatura internacional, é por meio dele que a ingerência deixa de ser ameaça retórica e se transforma em movimento concreto de um governo estrangeiro sobre nossas instituições.
Enquanto isso, o efeito sobre o povo brasileiro é direto e cruel. Uma tarifa de 50% sobre produtos nacionais não é estatística de exportação. Eduardo Bolsonaro não está punindo Alexandre de Moraes, está punindo o trabalhador, o produtor, o comerciante, o consumidor, está punindo o Brasil para salvar um projeto pessoal e familiar, servindo, inclusive, como peça de um jogo geopolítico onde nossas riquezas e nossa posição estratégica são o verdadeiro prêmio.
Soberania não é retórica, é o que nos mantém de pé como país livre. Quando um grupo organizado pede que uma potência estrangeira estrangule nossa economia e interfira em nosso Judiciário, não está exercendo oposição, está agindo como inimigo interno. O silêncio diante disso não é neutralidade, é cumplicidade.
O que Eduardo Bolsonaro e seus aliados fazem hoje não é apenas condenável moralmente, é crime com nome e pena: traição à pátria, atentado à soberania, atentado contra o Estado Democrático de Direito, incitação ao crime, peculato, lavagem de dinheiro e violação de tratados internacionais. Não são adjetivos, são tipos penais claros que separam debate político de destruição institucional.
O Brasil precisa entender que não está apenas diante de uma crise política, mas diante de um ataque organizado e manipulado por interesses estrangeiros contra a nossa existência como nação soberana. Eduardo Bolsonaro não é patriota em exílio, é marionete de um projeto que quer transformar o Brasil em colônia. O povo precisa reagir porque cada tarifa pedida, cada sanção articulada, cada reunião em Washington não é contra um ministro, é contra o Brasil, é contra todos nós, contra o povo brasileiro.
A resposta tem que ser à altura da nossa história: lei, justiça e memória, para que, no futuro, possamos dizer que o Brasil não se ajoelhou, que o Brasil defendeu o Brasil e que a traição, essa e todas as outras, teve o nome e a punição que merecia.

Bernardo Ariston é graduado em Direito, Jornalista e Radialista. Comentarista Político da Rádio Litoral Fm, colunista no Jornal de Sábado e no Cidade de Niterói. Político brasileiro. Em 2002 foi eleito deputado federal pelo estado do Rio e reeleito em 2006.
Bernardo Ariston é graduado em Direito, Jornalista e Radialista. Comentarista Político da Rádio Litoral Fm, colunista no Jornal de Sábado e no Cidade de Niterói. Político brasileiro. Em 2002 foi eleito deputado federal pelo estado do Rio e reeleito em 2006.