
O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado estadual Rodrigo Bacellar (União Brasil), foi preso nesta quarta-feira (3) em desdobramento da Operação Unha e Carne, conduzida pela Polícia Federal (PF). Ele é acusado de vazar informações sigilosas relacionadas à investigação da Operação Zargun — que resultou na prisão do deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Jóias, acusado de envolvimento com o Comando Vermelho.
A ação também envolveu o cumprimento de mandados de prisão preventiva, buscas e apreensões e medidas cautelares, autorizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A investigação busca desarticular uma suposta rede de corrupção que incluía agentes públicos e criminosos.

Vazamento de investigação e obstrução de Justiça
Segundo a PF, o vazamento de informações sigilosas prejudicou a investigação da Operação Zargun e teria beneficiado membros do grupo criminoso ligado ao Comando Vermelho (CV). A denúncia aponta que o esquema envolvia corrupção ativa e passiva, tráfico de armas e drogas, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
A Operação Zargun teve amplo alcance: foram emitidos dezenas de mandados de prisão e apreensão, bloqueio de bens no valor de cerca de R$ 40 milhões e prisões de lideranças acusadas de ligação com facções. A PF afirma que o grupo contava com influência dentro de estruturas públicas, incluindo agentes políticos, policiais e ex-secretários.
Com a Operação Unha e Carne, a PF mira agora a responsabilização dos que teriam vazado dados e comprometido a investigação.
Prisão e mandados cumpridos — como foi a ação
- Um mandado de prisão preventiva foi cumprido contra Rodrigo Bacellar.
- Foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão e pelo menos uma medida cautelar.
- A ação é fruto de inquérito vinculado ao julgamento da ADPF das Favelas no STF.
- Também foram buscadas provas de suposta cooperação entre criminosos e agentes públicos, contratação de armas e equipamentos ilegais, lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos — com alcance internacional, segundo a PF.
A prisão do presidente da Alerj representa um choque no cenário político fluminense.
O que se sabe até agora
- O alvo principal foi Rodrigo Bacellar, mas a investigação alcança agentes públicos e criminosos envolvidos no esquema.
- A PF aponta que a estrutura do grupo permitia importação de armas e equipamentos antidrone, além de lavagem de dinheiro e uso de mandatos políticos para favorecer facções.
- A denúncia do Ministério Público indicou também uso de cargos públicos para proteger e favorecer a facção criminosa investigada.
- A Operação Unha e Carne segue em curso, com o objetivo de identificar toda a rede de apoio e garantir responsabilização.