
O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou nesta sexta-feira (19) que os R$ 430 mil em dinheiro vivo apreendidos pela Polícia Federal durante a Operação Galho Fraco são resultado da venda de um imóvel e não têm relação com qualquer prática ilegal.
O parlamentar se manifestou após a PF encontrar a quantia durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão autorizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em um flat alugado por Sóstenes em Brasília. O dinheiro estava guardado dentro de um saco lacrado, em um armário do imóvel.
— “O valor encontrado é oriundo de contrato limpo, venda de um imóvel. Quem quer viver de dinheiro de corrupção não mantém dinheiro lacrado. É dinheiro lícito”, afirmou o deputado.
Deputado nega irregularidades e fala em perseguição política
Sóstenes também negou qualquer irregularidade no uso da cota parlamentar, que é o foco central da investigação conduzida pela Polícia Federal. Segundo ele, a apuração busca desviar a atenção da população e teria motivação política.
— “Querem pegar um carro alugado e um dinheiro de imóvel para desviar o foco da população. Eu vou até o fim, não temo investigações. Estão dizendo que lavo dinheiro de um contrato de R$ 4.500”, declarou.
O deputado afirmou ainda que está à disposição das autoridades e citou diretamente o ministro do STF Flávio Dino, relator do caso.
— “Flávio Dino, está tudo à sua disposição. Essa investigação quer perseguir a oposição”, completou.
Operação investiga desvio de cota parlamentar
A Operação Galho Fraco, deflagrada nesta sexta-feira (19), investiga um suposto esquema de desvio de recursos públicos oriundos da cota parlamentar, com indícios de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Além de Sóstenes Cavalcante, o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) também é alvo da operação. Ao todo, a PF cumpre sete mandados de busca e apreensão, expedidos pelo STF, no Distrito Federal e no estado do Rio de Janeiro.
Segundo a Polícia Federal, agentes políticos, servidores comissionados e particulares teriam atuado de forma coordenada para desviar recursos públicos, que posteriormente seriam repassados a empresas de fachada e submetidos a mecanismos de lavagem de dinheiro.
Investigação aponta contratos suspeitos com locadoras
De acordo com os investigadores, o esquema envolveria contratos supostamente falsos de locação de veículos, pagos com recursos da cota parlamentar. Assessores dos dois parlamentares teriam movimentado milhões de reais, segundo relatórios de inteligência financeira.
Em dezembro do ano passado, a PF já havia realizado uma operação semelhante, chamada “Rent a Car”, que mirou assessores dos deputados. A ação investigava o uso de uma empresa de locação de veículos para simular prestação de serviços e justificar gastos públicos.
Jordy também reage e fala em “pesca probatória”
Nas redes sociais, o deputado Carlos Jordy afirmou que é alvo de uma “perseguição implacável” e classificou a investigação como “pesca probatória” — expressão usada para alegar buscas genéricas sem prova concreta prévia.
Até a última atualização desta matéria, Sóstenes Cavalcante não havia apresentado documentos públicos que comprovem a venda do imóvel citada em sua defesa. A Polícia Federal informou que as investigações seguem em andamento.





