Rio de Janeiro - Na manhã desta terça-feira (10 de dezembro), o ex-deputado Natalino José Guimarães foi preso em Campo Grande, Zona Oeste do Rio, durante uma operação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). A ação é parte de uma investigação sobre grilagem de terras em Búzios, na Região dos Lagos.
Detalhes da operação
Além de Natalino, foram cumpridos seis mandados de prisão preventiva e 12 de busca e apreensão em endereços de Búzios, Cabo Frio, Rio das Ostras e no município do Rio de Janeiro.
As investigações apontam que o grupo liderado por Natalino estava ativo desde 2020, utilizando práticas violentas e fraudulentas para invadir e comercializar terrenos, especialmente na região da Estrada da Fazendinha, no bairro Baía Formosa, em Búzios.
Modus operandi
De acordo com o MPRJ, a quadrilha empregava seguranças armados para intimidar moradores e proprietários, promovia desmatamento de áreas protegidas e realizava queimadas para consolidar a ocupação dos terrenos.
A operação contou com o apoio da 127ª DP (Búzios) e do 14° BPM (Bangu).
Histórico criminal
Natalino já havia sido preso em 2008, condenado por porte ilegal de armas e formação de quadrilha. Ele é identificado como chefe de uma milícia que atua na Zona Oeste do Rio.
Conexão familiar
Natalino era irmão de Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, ex-vereador e apontado como um dos fundadores da milícia no Rio. Jerominho foi baleado e morto em 2022, na Estrada Guandu do Sapé, também em Campo Grande.
Jerominho exerceu dois mandatos como vereador pelo PMDB (2000-2008) e ficou preso por 11 anos, acusado de envolvimento com milícias. Antes disso, em 1998, tentou se eleger deputado estadual pelo PSC, mas não obteve sucesso.
As investigações seguem em curso, e a expectativa é de que novos desdobramentos ocorram nos próximos dias.
“A investigações tiveram início a partir de notícias-crime comunicando a ocorrência de invasões de terras por grupos armados em diversos terrenos, na região da Estrada da Fazendinha. Segundo a denúncia do MPRJ, o grupo estaria em atividade desde o ano de 2020, utilizando práticas violentas e fraudulentas para ocupar e comercializar terrenos na região. As apurações revelaram que a organização utilizava seguranças armados para intimidar moradores e proprietários, desmatava áreas protegidas e promovia queimadas.
Ainda segundo a denúncia, o grupo se valia de ações judiciais sem decisões favoráveis como argumento para justificar a invasão e comercialização dos terrenos. Segundo a inicial da ação penal, com o ajuizamento de ações, e sem decisão judicial, os líderes promoviam a invasão violenta das terras e colocavam seguranças 24 horas nas áreas invadidas. Após as invasões, desmatavam com retroescavadeiras e motosserras as áreas invadidas, reloteavam a área e passavam a vender os terrenos.
A denúncia do MPRJ destaca que o grupo criminoso se aliou a uma empresa sediada em Campo Grande para promover o loteamento da área invadida e venda dos terrenos. Além disso, deu lotes a figuras conhecidas por envolvimento com a milícia em troca da prestação de serviço de segurança das invasões promovidas.” diz nota do MPRJ.