Polícia

Ex-chefe da Polícia Civil é preso no Rio de Janeiro

Ex-chefe da Polícia Civil é preso no Rio de Janeiro por acusações relacionadas a organização criminosa e corrupção.

Foto:
Tânia Rêgo/Agência Brasil
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Rio de Janeiro - O ex-secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegado Allan Turnowski, foi preso na noite desta terça-feira (6) após decisão do Tribunal de Justiça do RJ, que acatou a determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) para restabelecer sua prisão preventiva. Turnowski é réu por integrar uma organização criminosa e é acusado de receber propinas e colaborar com o esquema do jogo do bicho. O delegado sempre negou as acusações.

Segundo o portal G1, o ex-secretário se entregou voluntariamente na Corregedoria da Polícia Civil, no Centro do Rio, pouco antes das 23h, para evitar exposição pública e constrangimentos à sua família. Ele passou a noite no mesmo prédio onde já ocupou o cargo máximo da corporação.

Investigado por ligação com contraventores

A nova prisão faz parte do desdobramento das investigações sobre o delegado Maurício Demétrio, que já está preso desde 2021, acusado de corrupção e envolvimento com milicianos e contraventores. Turnowski teria atuado como intermediador entre agentes públicos e os chefes do jogo ilegal, como Rogério de Andrade e Fernando Iggnácio, morto em 2020.

Em setembro de 2022, Turnowski já havia sido preso por promotores do GAECO (Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, mas ficou detido por menos de um mês. O Ministério Público Federal (MPF) recorreu da sua liberdade e, agora, o STF confirmou a necessidade de mantê-lo preso.

STF vê indícios de organização criminosa e violência

Na decisão mais recente, o ministro Edson Fachin destacou a existência de fortes indícios da atuação de Turnowski em crimes que ameaçam a ordem pública no Estado. Fachin também mencionou que os investigados demonstraram intenção de usar violência, incluindo planejamento de homicídios para eliminar opositores ligados ao submundo do jogo ilegal.

A decisão foi aprovada pelos ministros Gilmar Mendes, André Mendonça e Edson Fachin. Já Kassio Nunes Marques e Dias Toffoli votaram contra a prisão. A defesa de Turnowski, representada pelo advogado Daniel Bialski, informou que irá apresentar embargos de declaração e um novo pedido de habeas corpus.

Conversas comprometedoras e influência política

Conforme as investigações, Demétrio teria influenciado diretamente na indicação de Turnowski ao cargo de secretário, inclusive pedindo apoio político para que sua nomeação fosse garantida. Diálogos interceptados mostram a intimidade entre os dois:

“Guru, se ele me pegar, ele vai te pegar também. Nós somos um CNPJ, um CPF só! Irmãos de embrião!”, teria dito Turnowski a Demétrio.

O Ministério Público sustenta que os dois articulavam estratégias para ocupar cargos de poder dentro da corporação com o objetivo de proteger o esquema criminoso. Segundo a denúncia, eles monitoravam investigações, perseguiam adversários, aceitavam propinas e buscavam manter o controle sobre a Polícia Civil do Rio.

Histórico de gestão e polêmicas

Allan Turnowski foi chefe da Polícia Civil entre 2010 e 2011, durante o governo de Sérgio Cabral, mas deixou o cargo após uma investigação da Polícia Federal — que foi posteriormente arquivada. Em 2020, ele retornou como secretário da pasta, transformada em secretaria de Estado, permanecendo até se candidatar a um cargo político em 2022.

Durante sua gestão, Turnowski criou uma força-tarefa contra milícias, promoveu reformas em delegacias e inaugurou um prédio de inteligência da Polícia Civil. No entanto, também enfrentou fortes críticas após a operação policial no Jacarezinho, em 2021, que resultou na morte de 28 pessoas — a mais letal da história do RJ.