
Rio de Janeiro - A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira, a segunda fase da Operação Unha e Carne, que investiga o vazamento de informações sigilosas da Operação Zargun para integrantes do Comando Vermelho, uma das maiores facções criminosas do país.
Entre os principais alvos desta nova etapa está o deputado estadual licenciado Rodrigo Bacellar (União Brasil), presidente afastado da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), que voltou a ser alvo de mandados de busca e apreensão. A operação também cumpriu ordens judiciais no Espírito Santo.
Bacellar já havia sido preso na primeira fase
Esta é a segunda vez que Rodrigo Bacellar é atingido pela operação. Na fase inicial, ele chegou a ser preso, mas foi solto na semana passada após decisão do plenário da Alerj.
Apesar da liberação, Bacellar segue submetido a medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Entre as restrições estão:
- afastamento da presidência da Alerj;
- uso de tornozeleira eletrônica;
- recolhimento domiciliar noturno;
- permanência em casa nos fins de semana e feriados.
Desembargador do TRF-2 é preso
Além das buscas contra Bacellar, a Polícia Federal prendeu o desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto, integrante do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2).
Segundo as investigações, o magistrado teria atuado para beneficiar integrantes do Comando Vermelho, ao repassar informações sigilosas de processos judiciais em andamento.
Macário Júdice Neto é o relator do processo envolvendo Thiego Raimundo dos Santos, conhecido como TH Joias, ex-deputado estadual preso por ligações diretas com a facção criminosa.
Histórico de afastamentos e retorno à magistratura
O desembargador retornou ao TRF-2 em 2023, após 17 anos afastado da magistratura. Seu primeiro afastamento ocorreu em 2005, quando foi investigado em uma ação penal que apurava suposta venda de sentenças, em conexão com a chamada máfia dos caça-níqueis, no Espírito Santo.
Embora tenha sido absolvido em 2015, Macário permaneceu fora do cargo devido a um processo administrativo disciplinar (PAD) relacionado aos mesmos fatos.
Em 2022, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) entendeu que o PAD havia extrapolado o prazo máximo legal para conclusão e determinou o retorno do magistrado. Ainda assim, um novo afastamento por improbidade administrativa permaneceu vigente até ser superado posteriormente.
Posse ocorreu em 2023 com indicação presidencial
Em maio de 2023, com base na lista de antiguidade, o então presidente do TRF-2 encaminhou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a indicação de Macário Júdice Neto para assumir como desembargador federal.
O magistrado tomou posse em uma cerimônia no gabinete da Presidência do tribunal, retornando oficialmente ao exercício da função.
As investigações seguem em andamento e estão sob sigilo parcial. A Polícia Federal ainda não informou se novos alvos poderão ser incluídos nas próximas fases da operação.