Universidades do Rio de Janeiro retomam aulas após megaoperação policial
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As universidades públicas do Rio de Janeiro voltaram a receber alunos nesta quinta-feira (30). A retomada das atividades presenciais ocorre dois dias após a megaoperação policial que paralisou a capital e causou dezenas de mortes, conforme dados divulgados pela Defensoria Pública.

Entre as instituições que retornaram ao funcionamento, estão a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), que também publicaram posicionamentos sobre o cenário de violência no estado.

UFRJ retoma aulas e manifesta solidariedade

A UFRJ informou que suas atividades acadêmicas e administrativas foram retomadas normalmente em todos os campi. A instituição destacou solidariedade às vítimas dos episódios recentes e às famílias atingidas pela violência no Rio de Janeiro. O comunicado reforça o “compromisso da universidade com a defesa da paz, da democracia e da proteção de toda a comunidade acadêmica”.

Na quarta-feira (29), a UFRJ publicou um manifesto, assinado também por outras universidades, em repúdio à operação realizada no dia anterior. O documento afirma que políticas de segurança pública devem ser baseadas em planejamento e considera que a violência armada “adoece a cidade e afeta diretamente o cotidiano de estudantes e trabalhadores”.

UFRRJ acompanha situação da segurança pública

A UFRRJ também confirmou o retorno das aulas e das atividades administrativas nesta quinta-feira. A administração central informou que permanece atenta às condições de segurança no estado e que poderá divulgar novas orientações, caso necessário.

Megaoperação alterou rotina no Rio de Janeiro

A ação conjunta das polícias Civil e Militar na terça-feira (28) resultou em 132 mortes, segundo a Defensoria Pública da União. Já as forças de segurança apontam 121 mortos, incluindo quatro agentes. Além disso, 113 pessoas foram presas, 93 fuzis foram apreendidos e mais de meia tonelada de drogas foi recolhida.

Com esse número de vítimas, a ofensiva pode ser considerada a operação policial mais letal da história do Brasil, ultrapassando o massacre do Carandiru, em 1992, quando 111 detentos foram assassinados em São Paulo.

A operação foi direcionada ao Comando Vermelho em comunidades da Penha e do Alemão, na Zona Norte. Durante todo o dia, ruas foram fechadas, transportes suspensos e escolas e universidades interromperam suas atividades. Os acessos foram liberados na madrugada seguinte, e na quarta-feira (29) o Rio de Janeiro voltou ao estágio 1, o menor nível de atenção.

Posicionamento das instituições sobre a violência

No manifesto, as universidades afirmam que o cenário de violência armada impacta a saúde pública, afeta sonhos de estudantes, dificulta o tratamento de doentes e prejudica o trabalho de quem depende das ruas para sobreviver. O texto também diz que ignorar esse contexto seria uma irresponsabilidade administrativa.

As instituições criticam o que chamam de “rotina brutalizante” imposta às comunidades pela falta de planejamento na segurança pública. Segundo o documento, práticas que intensificam o medo e a insegurança alimentam o problema e desrespeitam decisões judiciais como a ADPF das Favelas, que trata da letalidade policial.

Além do repúdio à megaoperação, as entidades fazem uma série de reivindicações, como:

• preservação da vida e dos direitos
• manutenção da rotina da população
• respeito às instituições que asseguram garantias constitucionais
• articulação com o governo federal e planejamento preventivo
• formação cidadã das forças de segurança
• ações baseadas em inteligência e evidências
• transparência e controle social