Espaço leva o nome da engenheira agrônoma que revolucionou a agricultura brasileira com trabalho de fixação de nitrogênio no solo
A Pesagro-Rio, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro, vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento, inaugurar nesta sexta-feira, 30 de junho, a Biblioteca Rural Johanna Döbereiner, um espaço dedicado a palestras, workshops e debates sobre o desenvolvimento rural sustentável. A iniciativa, fruto de uma parceria com a Embrapa Agrobiologia, será a primeira em comemoração ao centenário da engenheira agrônoma.
O principal objetivo da empresa é fomentar a discussão sobre o crescimento do agronegócio fluminense a partir da perspectiva da agricultura do futuro, investindo em tecnologia e produtos de alto valor agregado, com respeito ao meio ambiente e a mão de obra local.
Com a palestra “Os impactos da fixação biológica de nitrogênio para os avanços da agricultura sustentável no Brasil”, o agrônomo Avílio Antônio Franco, membro da Academia Brasileira de Ciências, e que trabalhou com Johanna Döbereiner de 1966 até a morte da pesquisadora, vai inaugurar o espaço. A Biblioteca Rural da Johanna Döbereiner contará com programação semanal e terá mais de 1000 publicações específicas para pesquisa.
O secretário de Agricultura, Dr. Flávio, ressaltou a necessidade do Estado seguir investindo na criação de espaços como esse, capazes de qualificar a mão de obra existente e estimular o surgimento de novos profissionais. “Este espaço chega para firmar importantes pontos, o de ensino e o de pesquisa. O intuito é de que a Biblioteca Rural Johanna Döbereiner seja não só um ambiente de estudos, mas também de grandes encontros e trocas. Sem dúvidas é um momento único e marcante que ressalta a importância de investir ainda mais na educação e nas ferramentas que contribuem para o desenvolvimento do nosso estado. Juntos vamos solidificar a agricultura fluminense” evidencia o secretário.
Já o presidente da Pesagro-Rio, Paulo Renato Marques, destacou a importância da iniciativa na formação de uma nova visão sobre o agronegócio do Rio de Janeiro. “O Rio de Janeiro tem o segundo maior mercado consumidor do país, mas é um estado essencialmente importador. O agronegócio representa apenas 4,5% do nosso PIB. A indústria do petróleo não tem como dobrar de tamanho, mas podemos dobrar ou até mesmo triplicar os números do agro fluminense se investirmos em tecnologia de ponta. Claro que leva tempo, mas se olharmos para a Holanda, que tem o tamanho do Rio e produz como o Brasil, vemos que é um caminho possível” explica o presidente.
Esta homenagem realizada por meio da parceria entre a Secretaria de Estado de Agricultura, Pesagro-Rio e Embrapa Agrobiologia marca toda a trajetória da engenheira agrônoma, que fez parte da Embrapa por muitos anos. Para a chefe-geral da Embrapa Agrobiologia, Cristhiane Amâncio, todo esse trabalho realizado coloca em evidência cada vez mais a preocupação com a sustentabilidade na agricultura.
“Isso é algo que já fora vislumbrado pela cientista quando começou a pesquisar a fundo a fixação biológica de nitrogênio. O trabalho dela foi essencial para os avanços dos estudos em microbiologia do solo, com desdobramentos em diversas linhas de pesquisa, como na recuperação de áreas degradadas, agroecologia e agricultura orgânica, bioinsumos, entre outras” completa Cristhiane Amâncio.
A Biblioteca Rural fica no Horto Florestal do Fonseca, em Niterói, e funciona de segunda à sexta-feira, das 10h às 17h. A entrada será gratuita.
Quem foi Johanna Döbereiner
Johanna Liesbeth Kubelka Döbereiner (Aussig, 28 de novembro de 1924 – Seropédica, 5 de outubro de 2000) foi uma engenheira agrônoma tcheco-brasileira, pioneira em biologia do solo. Seu trabalho com fixação biológica do nitrogênio foi fundamental para que o Brasil desenvolvesse o Programa Nacional do Álcool e se tornasse o segundo maior produtor mundial de soja, poupando ao país um gasto anual próximo a US$ 1,5 bilhão. Ela revolucionou a forma de trabalhar a agricultura, provando que é possível ter uma produção sustentável sem desgastar recursos naturais e maximizando a produtividade. Em 1997 foi indicada ao Prêmio Nobel.