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Operação derruba esquema de pirâmide financeira em Niterói

Divulgação/Polícia Civil
Divulgação/Polícia Civil

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ), com o apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), e a Polícia Civil, por meio da 76ª DP (Niterói), com o apoio da Corregedoria e da Subsecretaria de Inteligência (Ssinte), deflagraram, na manhã desta quinta-feira (23/11), a operação Pyramis.

Foram cumpridos quatro dos seis mandados de prisão contra uma organização criminosa voltada para a prática de estelionato através de supostos investimentos em renda variável por meio da promessa de lucros fixos mensais de até 16% do capital aplicado, popularmente conhecida como o golpe da pirâmide financeira.

Os dois foragidos encontram-se no exterior. Ao todo, o GAECO/MPRJ denunciou 15 pessoas pelos crimes de organização criminosa armada, estelionatos, crime contra a economia popular e lavagem de dinheiro.

Os mandados, expedidos pela 1ª Vara Criminal Especializada em Organização Criminosa, foram cumpridos em Niterói e Rio de Janeiro. A pedido do GAECO/MPRJ, o Juízo também determinou sequestro de bens e o bloqueio de valores dos criminosos. Entre os presos está André Felipe de Oliveira Silva, apontado pelo GAECO/MPRJ como líder da organização criminosa armada.



De acordo com a denúncia do GAECO/MPRJ, os criminosos prometiam às vítimas o pagamento de renda fixa mensal de até 16,33%, sobre aplicações mínimas de R$ 2.500. Os golpes eram aplicados por meio da empresa Atomx Capital, que teve a razão social alterada por algumas vezes, com o objetivo de desviar a atenção das autoridades. Desta forma, a organização criminosa atraiu centenas de clientes, contratando com eles a administração do capital supostamente investido em operações financeiras. Os investimentos variavam entre ações, opções, criptomoedas, Forex, metais, entre outros.

O GAECO/MPRJ teve acesso a mais de 1.200 contratos celebrados pela Atomx, referentes aos anos de 2021 e 2022, e revelou à Justiça que, dos meses de maio a julho de 2022, André Felipe de Oliveira Silva movimentou, somente em suas contas, valores superiores a R$ 43 milhões. Ainda segundo a denúncia, André Felipe circulava pela cidade de Niterói cercado de seguranças, com carros de alto valor, inclusive patrocinando eventos esportivos com atletas importantes e políticos, transmitindo uma suposta ideia de confiabilidade.

Para estimular e angariar novos clientes, a organização criminosa investia no marketing da empresa nas redes sociais por meio da utilização da imagem de figuras públicas. Uma das denunciadas pelo GAECO/MPRJ apostava no “endomarketing”, que consiste na parte de bem-estar dos colaboradores, o dresscode da empresa, o posicionamento da marca com os colaboradores, a postura da empresa na rede social, e eventos internos, tais como coffee breaks e reuniões com possíveis investidores. Já outra denunciada era responsável por promover encontros frequentes da “equipe da empresa” com os potenciais investidores e parceiros, em restaurantes badalados de Niterói. Outros denunciados pertenciam ao núcleo de captação de clientela, atuando ativamente nas redes sociais através da divulgação da facilidade de conquista da “tão sonhada independência financeira”. O GAECO/MPRJ também revelou a utilização de, pelo menos, quatro empresas que possuíam o objetivo de lavar o dinheiro sujo da empreitada criminosa.



Detalhes das investigações do GAECO/MPRJ revelaram que, em 2022, após um considerável período de “baixa” no mercado de criptomoedas, a Atomx parou definitivamente de pagar seus clientes. Com a falta de novos clientes para injeção de capital que possibilitaria o pagamento mensal dos cotistas, a Atomx passou a ser procurada pelos clientes lesados, que não estavam mais recebendo a sua remuneração mensal fixa. Ainda segundo a denúncia, a empresa começou a efetuar renegociações e prometer novos prazos de pagamento. No entanto, nunca chegou a honrar nenhum compromisso, pois tal manobra não passava de outro artifício para continuar ludibriando as vítimas. Além disso, o capital inicialmente investido, que segundo a própria empresa era protegido, não foi devolvido.

O nome da operação tem origem no latim, Pyramis, em alusão ao golpe da pirâmide financeira praticado pela organização criminosa.

Por MPRJ