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Niterói: Gerson, o inigualável canhotinha de ouro

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Gerson | Reprodução

Quando começou a jogar futebol no Canto do Rio, o menino logo chegou ao Flamengo mostrando sua qualidade e, então, no juvenil do clube em 1959, já disputou pela Seleção Brasileira o Pan-Americano da categoria. O jovem simples de Niterói tinha 18 anos. A seguir, em 1960, participou das Olimpíadas de Roma. Mas, a primeira convocação oficial para o time principal aconteceu em 1961 quando o Brasil duelou com o Chile pela Copa O ́Higgins. Nunca mais deixou de participar da seleção. Nessa fase inicial de sucesso do Canhotinha, falecia o então governador Roberto Silveira em acidente aéreo. Foi quando ocorreu no Caio Martins, pelo Campeonato Carioca, o jogo entre Canto do Rio x Flamengo. Gerson entrou em campo com o pequenino Jorginho, filho do governador. Foi convocado para a Copa do Mundo no Chile em 1962, mas foi cortado nos treinamentos em face de ter operado o Menisco. Outro problema ocorreu durante os preparativos para a Copa de 1966 na Inglaterra. Também foi operado, de cálculo renal, e participou daquela disputa que o Brasil não foi bem.

Gerson já era um craque consagrado, mas, quem acompanhou sua trajetória desde o juvenil do Flamengo, sabe da figura que jamais perdeu sua humildade. Todos lembram do jovem topetudo que sentava sobre o teto de seu fusca na Praia de Icaraí para conversar com seus amigos e admiradores. Era sempre atencioso com todos. Jogava tanto que, em 1962, numa partida, no Maracanã, pelo antigo torneio Rio x São Paulo entre Flamengo e Santos, em que Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe ganharam de 7×2, mesmo assim, Gerson foi o melhor em campo. Os jornais à época publicaram que o Santos queria contratá-lo.

Chega ao Botafogo depois de se sagrar Campeão Carioca pelo Flamengo em 1963. Com Jairzinho, Roberto, Manga e Paulo Cesar forma um time imbatível. A consagração de lançador foi tamanha que craques renomados dos anos de 1940 e 1950 como Zizinho, Jair da Rosa Pinto e Didi, que foram exímios em tudo com a bola nos pés, sempre perceberam, como todos os amantes do futebol, que Gerson era um diferenciado, era inigualável. Tanto isso virou verdade que, até hoje, qualquer jogador que lança uma bola em profundidade, ele, o jogador, gosta de dizer: “fiz um lançamento a la Gerson”.

Nesse tempo de Botafogo há situações inusitadas na vida do super craque. Quando ocorria o clássico Botafogo x Vasco, Gerson dominava a bola no meio de campo, levantava a cabeça, Jairzinho corria para um lado e Roberto para o outro e a dupla de zaga vascaína, Brito e Fontana, ficava sem saber para onde iria. Conclusão, teve jogo que bateram tanto nos botafoguenses que Fontana e Roberto foram parar na Delegacia da Praça da Bandeira. Gerson, que não tinha nada a ver com as confusões, pois, só lançava as bolas, pegou a barca e partiu para Niterói.

Ainda teve oportunidade de jogar com Garrincha, Didi e Zagallo no Botafogo, todos em final de carreira e, a partir de 1967 passou a ter o Velho Lobo como seu treinador. Nos fins de 1969 foi jogar no São Paulo, onde também brilhou. Convocado para a Copa de 1970, no México, Gerson pode mostrar, pela TV, todo o seu repertório de verdadeiro astro que encantou o mundo. Foi tão gigantesco que, na final, contra a Itália, foi para o ataque e, depois de driblar e confundir toda a defesa adversária, desferiu um potente chute e fez o Brasil passar á frente de 2×1 e, melhor, continuou fazendo os precisos lançamentos, ora para Pelé, ora para Jairzinho. No final, Brasil 4×1 e TRI-Campeão do Mundo. Gerson ficou no gramado agradecendo a Deus. Voltou ao São Paulo, mas, encerrou sua carreira no Fluminense.

Depois de tudo, nada mais justo seria, se hoje as autoridades niteroienses pudessem tomar uma decisão e prestassem uma homenagem digna, do tamanho de suas conquistas, pois, o genial jogador que aqui nasceu e jamais daqui saiu, deveria ser condecorado com uma estátua do tamanho de Bellini na entrada do Maracanã ou, então, uma das dimensões de Araribóia nas barcas. Se argumentarem problemas legais, que se encontre brechas na lei. O que o Canhotinha de Ouro fez pela divulgação da cidade já era motivo para se levantar um monumento e esse extraordinário craque brasileiro e niteroiense. A bola tinha uma convivência muito íntima com o cidadão Gerson Oliveira Nunes.

A ESTÁTUA DE GERSON PODERIA, POR CERTO, SER UM PONTO TURÍSTICO DA CIDADE.