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Niterói cria novo parque natural, um pedaço do paraíso na cidade

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Divulgação/Prefeitura de Niterói
O pequeno pedaço de paraíso até então era mais conhecido de praticantes de esportes náuticos ou de trilheiros

A Prefeitura de Niterói estabeleceu nesta quarta-feira (17) a criação do Parque Natural Municipal Morro do Morcego Dora Hees de Negreiros em Jurujuba. A área litorânea de 24 (vinte e quatro) hectares, desapropriada pelo município em 2023, passará por um plano de manejo nas próximas semanas e receberá infraestrutura para garantir a preservação do local. A previsão é de que o parque seja aberto para visitação a partir de março.

    Foto: Bruno Eduardo Alves

    Foto: Bruno Eduardo Alves

    Foto: Bruno Eduardo Alves

    Foto: Bruno Eduardo Alves

A área de preservação anexada ao Parque Natural Municipal de Niterói (Parnit) foi batizada em homenagem a engenheira química Dora Hees de Negreiros, que teve uma longa trajetória em gestão ambiental, foi a criadora da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema) e do Instituto Baía de Guanabara (IBG), dedicando a vida a causas ecológicas. O prefeito Axel Grael lembrou “Quando diretora da Feema, ela implantou mecanismos necessários para a preservação ambiental de todo o Estado. Dora, mesmo depois de aposentada, foi a fundadora do Instituto Baía de Guanabara. Ela podia ter ido descansar, podia ter ido fazer outras coisas, mas ela continuou atuando e defendendo a Baía de Guanabara, defendendo o meio ambiente do nosso estado. E ela, moradora de Niterói, sempre foi uma entusiasta da nossa cidade e colocou a sede do Instituto Baía de Guanabara aqui em Niterói. Muitas das atividades do Instituto Baía de Guanabara, apesar de estarem distribuídas em todos os municípios do entorno, eram aqui na nossa cidade. A Dora foi uma pessoa muito inspiradora e precisávamos fazer essa homenagem a ela”, conta o prefeito Axel Grael.



Para o filho de Dora, Alexandre Hees de Negreiros, que esteve na cerimônia que oficializou a criação do parque nesta quarta-feira (17), a mãe foi um exemplo de persistência e integridade em prol do que acreditava. “Minha mãe a vida inteira dedicou ao trabalho dela no ambientalismo na defesa de tudo aquilo que ela acreditava. Era tão grande o amor pelas causas que ela passou para os filhos e a gente desenvolveu amores por outras causas, mas com o mesmo amor da nossa mãe. Minha mãe era aquela professora que não transigiu, se o aluno precisasse de um ponto para passar de ano, ele deveria fazer por merecer. Foi esse o exemplo que ela nos deixou. Para nós, familiares, é uma satisfação muito grande ver ela receber essa homenagem”, agradeceu Alexandre Hees de Negreiros.

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    Divulgação/Prefeitura de Niterói

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    Divulgação/Prefeitura de Niterói

A implantação e operação do Parque Natural Municipal Morro do Morcego Dora Hees de Negreiros será realizada com base na legislação federal, estadual e municipal, no plano de manejo e na legislação orçamentária do Município. O plano de manejo é o documento gerencial que estabelece o zoneamento, as normas gerais e os programas de implantação das áreas de preservação no local. O documento será revisto a cada dez anos.

“Nós queremos nesse parque, além de proteger a paisagem, proteger a biodiversidade e tudo que nós temos aqui. Nós queremos também transformar esse lugar em uma atração turística, porque Niterói tem um grande potencial turístico. A gente precisa que esse turista usufrua do que a gente tem para oferecer. E a nossa ideia é aproveitar essa vocação de Jurujuba para a gastronomia do mar, aproveitar que o turista para chegar na fortaleza de Santa Cruz passa na frente aqui do nosso parque. A nossa ideia é fazer uma concessão de um restaurante também numa parte mais alta com uma vista sensacional. Por enquanto, a visita tem sido apenas das escolas. Vamos estruturar tudo agora, contratar o serviço do plano de manejo, que será o estudo que avaliará toda a potencialidade do parque, com os equipamentos necessários para termos aqui. Vamos definir quais as trilhas, os cuidados e os investimentos que a gente tem que fazer para garantir a segurança dos visitantes”, explica o prefeito Axel Grael.

O secretário municipal de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade, Rafael Robertson, lembrou o histórico de ocupação privada do local e o ganho que o novo parque representa para as áreas de conservação em Niterói. “Essa área pertence à iniciativa privada por muitos anos, o que limitava ações da gestão pública e o acesso das pessoas. Agora, será um lugar de contemplação, um ponto de lazer para nossa população, para que as pessoas usufruam, preservem e vivam esse espaço aqui, que é uma jóia na nossa cidade. A gente está caminhando, solidificando o nosso caminho aqui e estruturando para que todos sejam recebidos da melhor forma. Posso garantir que muito em breve a população irá desfrutar de um belíssimo espaço, sustentável, com energia limpa, que vai promover a educação ambiental e a integração das famílias para que vivam aqui e momentos felizes”, disse Rafael Robertson.

O secretário municipal de Ordem Pública, Paulo Henrique de Moraes, considera as unidades de conservação, como o Parque Natural Municipal Morro do Morcego Dora Hees de Negreiros, como fundamentais para conter construções irregulares e garantir a preservação. “A gente vê o quanto a degradação do ambiente pode trazer prejuízo para as pessoas, como agora na Baixada Fluminense, consequências piores ainda dessa chuva, porque tinha construções irregulares e não se obedeceu aquilo que a natureza nos mostrou como o caminho, seus cursos de seus rios, a sua vegetação e tantas outras coisas que são necessárias. Em Niterói, temos um trabalho constante, consistente, de preservação de áreas verdes, de cuidado, e principalmente de consciência. Aqui era uma área privada da qual não tínhamos essa autonomia para atuar. Agora, será um lugar de preservação”, garante Paulo Henrique de Moraes.



A secretária Municipal de Conservação e Serviços Públicos Secretária, Dayse Monassa, lembrou a importância histórica do local onde fica o Parque Natural Municipal Morro do Morcego Dora Hees de Negreiros. “Além da vista privilegiada para a Baía de São Francisco, esse lugar vai permitir contarmos um pouco da história. A pedra do Morro do Morcego, foi usada para a construção do enrocamento do Aeroporto Santos Dumont. As pedras vieram daqui, que era a parte mais rápida, foi de barco para lá. Então, é um marco muito importante para termos a cidade protegida e esse canto para que todo o niteroiense possa entrar e ter essa outra visão privilegiada”, destacou Dayse Monassa.

O trabalho realizado no Parque

O município criou uma comissão formada por técnicos de várias áreas da Prefeitura e representantes da sociedade civil com o objetivo de planejar como será o Parque Natural Municipal do Morro do Morcego. O objetivo é criar no local uma estrutura com centro de visitantes, restaurante e pontos de observação da paisagem reconhecida pela Unesco como patrimônio da humanidade.

A Secretaria de Conservação e Serviços Públicos de Niterói (Seconser) realizou uma série de ações que antecederam a inauguração do parque. Uma delas foi o início do plantio de vegetação de restinga com a implantação de 150 araçás, 20 cajueiros e 46 pitangas. As equipes fizeram a retirada de árvores mortas e secas, podas de segurança e limpeza, a demolição e limpeza de antigas estruturas que levavam risco aos visitantes e trabalho de roçadeira. Foram instaladas também mesas para piquenique, placas informativas e lixeiras.

    Morro do Morcego, em Jurujuba

    Arquivo | cidadedeniteroi.com

    Morro do Morcego | Foto: Heidi Vogel

Alexandre Moraes, subsecretário de Áreas Verdes da Secretaria de Conservação e Serviços Públicos de Niterói, explica o trabalho de resgate da flora do local.

“A Seconser, em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente, realizou a limpeza de árvores e espécies exóticas (que não fazem parte do bioma local) e que estavam em grande quantidade no local. Também resgatamos as árvores e plantamos mudas de restinga, privilegiando as que atraem a avifauna. Dessa forma, plantamos aroeiras, araçás, pitangueiras e cajueiro nessa primeira etapa e vamos plantar outras espécies nativas, não só de atração de avifauna, mas espécies que facilitam a nitrificação de algumas espécies. Também fizemos o plantio de um Ipê Amarelo, árvore símbolo do Brasil, e um Pau-Brasil, que deu o nome ao país”, explicou o subsecretário.