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Niterói amanhece triste pela perda do Seu Antônio

Antônio de Azevedo Alves (o seu Antônio) / Arquivo Pessoal
Antônio de Azevedo Alves (o seu Antônio) / Arquivo Pessoal

Niterói amanhece triste neste sábado (11), com a notícia do falecimento de Antônio de Azevedo Alves (o seu Antônio), aos 82 anos, fundador do tradicional restaurante Seu Antônio, no Cafubá, Região Oceânica de Niterói. A informação foi confirmada pelo prefeito de Niterói, Axel Grael, que informou que vai decretar luto oficial em Niterói em reconhecimento ao seu legado e a rua do restaurante passará a se chamar Rua Seu Antônio. A causa da morte ainda não foi divulgada. O restaurante informou que não abrirá as portas hoje.

“Recebi com profunda tristeza a notícia do falecimento do amigo querido Seu Antônio. Essa primeira imagem (abaixo) foi a última foto que fizemos juntos, ao lado da Dona Shirley e do amigo Chiquinho Aguiar. Todo mundo o conhecia pelo tradicional restaurante, grande nome da gastronomia de Niterói, no Cafubá, mas talvez poucos tiveram a oportunidade de conviver com essa pessoa querida que ele foi. E eu tive essa oportunidade. Seu Antonio seguirá nos inspirando, com sua história de vida de luta! Veio de Portugal e começou a fazer pão na região do Cafubá. Com muita dedicação e esforço, se destacou com o restaurante na Região Oceânica que vive cheio. E após a abertura do túnel Charitas-Cafubá, o local passou a receber pessoas de outros municípios e o Seu Antonio sempre relatava sua alegria por isso.” escreveu Grael nas redes sociais.

O prefeito disse também que vai decretar luto oficial no município, “Vou decretar luto oficial em Niterói em reconhecimento ao seu legado. E a rua do restaurante passará a se chamar Rua Seu Antônio. Minha solidariedade e carinho à Dona Shirley e toda a família do Seu Antônio, que sempre me recebiam com muito carinho. Seu Antônio seguirá nos inspirando. Trabalhista histórico da nossa cidade! Seu Antonio, presente!” disse.

Foto divulgada pelo prefeito Axel Grael, nas redes sociais.

“Niterói amanhece triste e de luto com o falecimento do querido amigo Seu Antônio. Um ícone da cidade, responsável por construir um dos nossos restaurantes mais tradicionais, além de um aguerrido militante pedetista. Nos diversos momentos que tivemos juntos, fica a bela lembrança da última campanha de vereador, iniciada e terminada na sua casa, fato que dizíamos ter dado sorte. Seu Antônio merece todas as homenagens! Meus sinceros sentimentos e muita força a toda família, funcionários, clientes e amigos.” lamentou nas redes sociais, Binho Guimarães, vereador e Secretário da Região Oceânica.

Antônio de Azevedo Alves

Vindo da região Trás-os-Montes, Portugal, Antônio de Azevedo Alves (o seu Antônio), juntamente com outros portugueses, desembarcou no cais da Praça Mauá em março de 1958. Inicialmente, e por muito pouco tempo, trabalhou como empregado em um botequim no centro do Rio de Janeiro para, em seguida, após breve passagem pelo bairro do Barreto, em Niterói, adquirir seu primeiro negócio no Brasil: a “Lanchonete Ibéria”, localizada na Praça do Rink, no centro da então capital fluminense. Em 1964, há seis anos, portanto, vivendo na cidade, abriu outro botequim na esquina da Rua João Pessoa com Paulo César em Santa Rosa. Dez anos adiante, mais dois botequins adquiridos, na rua São Lourenço, fecharia um ciclo na vida de Antônio que não seria mais retomado.



Uma tragédia iria não somente marcar, mas também redefinir seu destino. Antônio se tornara, naqueles anos, um próspero empresário no ramo de bares e lanchonetes; mas, durante um assalto, é baleado no peito e fica em agonia, entre a vida e a morte, no CTI do Hospital Antônio Pedro por 15 dias. Quando – felizmente – se recupera e retorna à rotina, percebe que a mesma bala que o havia ferido, também o havia modificado definitivamente. Assim como quando decidiu embarcar naquele navio em 1958, como fazem os de espírito inquieto, iria novamente refazer seu caminho.

Antônio se desfaria de tudo e, numa atitude tresloucada para muitos, se mudaria com a família em 1978 para uma pequena localidade no segundo distrito de Niterói chamada Cafubá. Ali então, sem o saber, semearia o impensável: uma pequena quitanda na frente e uma pensão nos fundos marcada pela simplicidade (servia somente “PF” para trabalhadores da construção civil) iriam transformar-se no que hoje é um dos mais tradicionais conjuntos gastronômicos de Niterói, integrado por um restaurante (Seu Antônio) e um bar (Bar da Fila) cuja fila alcança nos finais de semana, para espanto de muitos empresários do ramo, a média de 150 pessoas.