História do paisagista ganha versão na tradicional literatura nordestina
“Depois de vencer a seca/nessas terras brasileiras/atravessar rio fundo/riachos e corredeiras/hoje o Cordel vem falar/em linguagem popular/quem foi Antonio Parreiras.” Os primeiros versos revelam a proposta desse encontro entre a literatura popular e as artes plásticas. Entre o poeta sergipano João Batista Melo, de 82 anos, e o pintor niteroiense Antonio Parreiras, ícone do paisagismo brasileiro entre os séculos XIX e XX. Convidado pelo Museu Antonio Parreiras (Map), um espaço da FUNARJ, Melo criou um Cordel com 32 estrofes de seis versos cada sobre a trajetória do pintor. A partir do texto, foram produzidos dois vídeos com a participação do autor: um interpretando o Cordel e outro, no qual fala sobre o processo de escrita e a potência da literatura popular no campo da Educação. O resultado pode ser conferido no canal do Map no YouTube.
Natural de Itabaianinha, no Sergipe, João Batista Melo há décadas cria e divulga suas produções na Feira de Artesanato do Campo de São Bento, em Niterói, escrevendo histórias sempre impregnadas de bom humor e poesia. A próxima etapa do projeto será desenvolver uma versão impressa do Cordel, a ser proposta como ferramenta pedagógica em escolas.
Parreiras – Pintor, desenhista, escritor e professor, Antonio Parreiras (1860 – 1937) iniciou os estudos na Academia Imperial de Belas Artes (AIBA), no Rio de Janeiro, como aluno do artista alemão Georg Grimm. Em 1884, abandonou a Academia, acompanhando seu mestre e outros alunos para formar o Grupo Grimm, marco da pintura de paisagem na arte brasileira. Pintou paisagens, nus, retratos e quadros de temas históricos. Realizou diversas viagens de aperfeiçoamento à Europa e tornou-se professor da Escola Nacional de Belas Artes. Em 1926, amplamente consagrado como artista, publicou o livro autobiográfico História de um pintor contada por ele mesmo, que dedicou ao filho Dakir.