Rio de Janeiro - Morreu na madrugada desta segunda-feira (21), aos 88 anos, o Papa Francisco, primeiro pontífice das Américas e figura central da Igreja Católica nos últimos 12 anos. O anúncio oficial do falecimento foi feito pelo Vaticano às 7h35 no horário de Roma (2h35 em Brasília), um dia após sua última aparição pública durante a celebração de Páscoa, quando, com voz debilitada, acenou aos fiéis e desejou-lhes “Boa Páscoa”.
“Com imensa tristeza comunicamos que o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai”, declarou o cardeal Kevin Farrell, camerlengo da Câmara Apostólica, na Casa Santa Marta. “Sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e ao cuidado com os mais pobres e marginalizados, nos ensinando a viver o Evangelho com coragem, fidelidade e amor universal”.
Primeiro Papa argentino e reformista
Nascido como Jorge Mario Bergoglio, em Buenos Aires, filho de imigrantes italianos, Francisco foi o primeiro papa latino-americano da história. Ele assumiu o pontificado em março de 2013, após a renúncia de Bento XVI, e marcou seu papado por reformas, simplicidade, empatia com os excluídos e firme atuação em temas globais como crises humanitárias, mudanças climáticas e desigualdade social.
Sua trajetória como líder religioso começou aos 33 anos, ao ser ordenado padre jesuíta. Com licenciaturas em filosofia e teologia, atuou como professor e, posteriormente, como arcebispo de Buenos Aires, onde priorizou a evangelização nas periferias e o cuidado com os doentes.
Saúde frágil e últimas aparições
Nos últimos anos, Francisco enfrentou sérios problemas de saúde. Em fevereiro de 2025, foi diagnosticado com uma infecção polibacteriana nas vias respiratórias e, dias depois, com pneumonia em ambos os pulmões. Apesar disso, manteve parte de sua agenda e chegou a aparecer na sacada da Basílica de São Pedro neste domingo (20), deixando sua última bênção pascal ao mundo.
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Pontificado de inclusão e coragem
Durante seu papado, Francisco rompeu paradigmas e abriu novos caminhos na Igreja. Entre os marcos de seu pontificado, destacam-se:
- Bênçãos a casais do mesmo sexo: Em decisão histórica, autorizou padres a concederem bênçãos a casais LGBTQIA+, sinalizando um avanço significativo na postura da Igreja sobre diversidade sexual.
- Nomeação de mulheres em cargos-chave: Em janeiro de 2025, designou a freira Simona Brambilla para chefiar um dos dicastérios da Cúria Romana — o primeiro cargo dessa magnitude ocupado por uma mulher.
- Apelos por paz: Foi voz ativa contra guerras e conflitos, especialmente na Ucrânia, Oriente Médio e Gaza, pedindo cessar-fogo e defesa da soberania dos povos.
- Ambientalismo e Amazônia: Denunciou os efeitos das mudanças climáticas e canonizou o missionário José Allamano, atribuindo a ele um milagre ocorrido na Amazônia brasileira.
- Inclusão e humildade: Manteve-se fiel ao estilo simples, rejeitando luxos papais, e constantemente lembrando que a Igreja deve estar próxima dos pobres e vulneráveis.
Último adeus e continuidade
Francisco deixa um legado espiritual e político de grande profundidade. Mesmo com a saúde debilitada, resistiu a renunciar, como fez seu antecessor, e manteve-se no cargo até o fim, reafirmando que “não havia razões suficientes para desistir”.
A licença oficial para o conclave que escolherá o novo papa será anunciada nas próximas horas. O mundo aguarda agora o início de uma nova era na Igreja Católica, enquanto presta homenagens a um líder que foi símbolo de esperança, diálogo e empatia.
Papa Francisco será lembrado como o pontífice que desafiou tradições em nome do amor, da inclusão e da justiça.Que sua memória permaneça viva e seu exemplo continue inspirando o mundo.
