Diretores do Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac) flagraram, na manhã desta terça-feira (25/07), milhares de pessoas cruzando irregularmente as pistas destinadas aos ônibus no interior do Terminal João Goulart, no Centro de Niterói. Os sindicalistas realizaram uma campanha de conscientização dos usuários da rodoviária para evitar acidentes, como o ocorrido no dia 26 de junho, que matou um homem de 69 anos.
A campanha, que também marca o Dia do Rodoviário, foi feita em parceria com a empresa Teroni, administradora do Terminal João Goulart. Panfletos foram distribuídos para a população e cartazes fixados nos principais pontos da rodoviária, orientando para que as pessoas usem os acessos oficiais para ingressar no local e evitem ficar paradas no meio-fio ou próximas aos chamados “pontos cegos” dos coletivos, áreas dos veículos que estão fora do campo de visão do motorista.
O principal acesso irregular de passageiros no terminal é pela Rua Um, ponto de embarque e desembarque de vans intermunicipais. Para fazer baldeação, as pessoas entram pela lateral do João Goulart, muitas vezes correndo na frente dos ônibus ou se colocando em extremo risco, ficando entre os veículos, atrás deles ou a menos de um metro das laterais. Há, ainda, os que simplesmente usam as pistas destinadas aos coletivos para atravessar de uma baia à outra.
“Em pouco menos de uma hora, pela manhã, entre 5h30 e 6h20, distribuímos 3 mil panfletos de orientação para os passageiros que entraram no terminal pela Rua Um. Isso significa que milhares de pessoas usam esse acesso irregular diariamente, ao longo do dia. É preocupante. Há certamente a necessidade de se reavaliar toda a dinâmica do Terminal João Goulart. Nesse Dia do Rodoviário, prestamos mais um serviço à população e à categoria, pois um atropelamento, principalmente com óbito, marca a vida de um motorista. É uma tragédia que ele vai levar consigo para sempre”, afirma o diretor do Sintronac, Adriano Félix, que organizou a campanha.
O perigo pode ser traduzido em números. Somente este ano, entre março e junho, foram registrados na rodoviária quatro atropelamentos, três com ferimentos graves e uma morte, de acordo com dados fornecidos pela Teroni. Em dez anos, ainda segundo a empresa, ocorreram nove atropelamentos dentro do Terminal João Goulart, quatro com mortes. Houve um incremento no número de casos em 2023. Todas as vítimas fatais tinham mais de 65 anos.
“Ônibus são veículos muito grandes e têm vários pontos cegos, ou seja, locais que o motorista simplesmente não vê. Então, cabe aos rodoviários terem muito cuidado na chegada e na saída do terminal, mas a população também tem que cumprir seu papel. Pedestres, ciclistas e motociclistas, todos têm que estar atentos ao trânsito e evitar a proximidade com os ônibus. O não cumprimento dessas regras leva à morte ou a ferimentos muito graves. Isso, obviamente, vale tanto para o interior dos terminais rodoviários, quanto para qualquer local de circulação dos coletivos”, explica o presidente do Sintronac, Rubens dos Santos Oliveira.
Há vários modelos de ônibus, mas, em geral, os pontos cegos ficam da porta traseira à dianteira, na parte de baixo, conhecida como saia; do lado oposto à janela do motorista; toda a traseira do coletivo; na frente, abaixo dos retrovisores; e entre a roda e a porta traseiras.