No mês em que a Operação Lei Seca celebra dez anos de existência no Rio de Janeiro, outro fato chama atenção: pela primeira vez, o programa do Estado é liderado por uma mulher. A delegada Verônica Oliveira assumiu a coordenação da operação em janeiro deste ano, após 18 anos de atuação na Polícia Civil.
“Eu me sinto honrada por ser a primeira mulher a frente de um programa de governo de tanto sucesso, como a Operação Lei Seca. É, sem dúvida, mais um grande desafio na minha carreira. Meu compromisso é atuar com a leveza feminina, sem abrir mão da autoridade policial que sou, por formação profissional” disse a delegada.
Os números da Operação Lei Seca mostram o impacto da ação na rotina dos motoristas fluminenses. Já são cerca de três milhões de abordagens, mais de 20 mil blitz, redução em 18% no número de acidentes fatais, além da diminuição em 50% de pessoas flagradas alcoolizadas ao volante. Além do trabalho de fiscalização, a Operação Lei Seca também realiza ações educativas. Uma equipe de 28 pessoas com deficiência, vítimas de acidentes de trânsito provocados por consumo de bebida alcoólica, é responsável por depoimentos e palestras para mostrar os perigos da combinação entre álcool e direção.
“A preocupação com o outro é que faz a sociedade se conscientizar de que não se pode beber e em seguida, dirigir. Por isso, a lei é clara, com tolerância zero. É por meio da mudança de hábitos que podemos salvar vidas no trânsito” ressaltou a coordenadora.
Operação Lei Seca Marítima e parceria com o DER
Uma das primeiras medidas que a delegada Verônica instituiu foi a criação da Operação Lei Seca Marítima. Em parceria com a Capitania dos Portos, o objetivo é a fiscalização de embarcações em áreas marítimas com grande fluxo turístico. Além disso, os agentes distribuem material educativo aos condutores, tripulação e passageiros.
“Outra ação foi levar a Operação Lei Seca aos estádios de futebol e ainda, intensificamos as ações no interior do estado, onde há um alto índice de acidentes. A novidade é que acabamos de firmar uma parceria com o Departamento de Estrada e Rodagens (DER-RJ) para realizar operações nas rodovias estaduais com o objetivo de reduzir mortes e lesões no trânsito” contou Verônica.
Aprovada no primeiro concurso da Polícia Civil, a delegada já atuou em diversas regiões da capital e, inclusive, no interior fluminense. Ela revela que, no início, não havia muitas mulheres na profissão e que, por ser jovem, com apenas 23 anos, foi recebida com desconfiança por parte de alguns colegas.
“Quando entrei na instituição, a diferença de idade entre meus colegas era grande. Alguns, bem mais velhos que eu. Mas, sempre fui firme nas minhas tomadas de decisão, o que é importante para a função de delegada. E, não deixei de ser leve no dia-a-dia e, por isso, fui conquistando o respeito” afirmou Verônica, que ainda revelou os motivos que a levou seguir a carreira de policial: “Sempre tive essa vontade de cuidar de quem mais precisa. A autoridade policial é um pouco disso, pois está próxima do cidadão que recorre à delegacia, pois algum direito dele foi violado. Quando atuei no interior, vi muitos casos de violência doméstica e contra menores de idade. Agora, com o trabalho na Operação Lei Seca, fazemos esse trabalho de fiscalizar e, principalmente, conscientizar as pessoas com a mensagem do programa, que é “Nunca dirija depois de beber” finalizou.
Foto: Philippe Lima