Foto: Cidade de Niterói
Foto: Cidade de Niterói

O que começou como um chamado de boicote nas redes sociais acabou produzindo um efeito inverso nas ruas de Niterói. Na véspera de Natal desta terça-feira (24), lojas da Havaianas registraram movimento intenso de clientes, com destaque para a unidade do Plaza Shopping Niterói, onde foi necessário organizar fila na porta para controlar o acesso ao interior da loja.

A apuração é exclusiva do Cidade de Niterói e confirma que, apesar da polêmica nacional envolvendo a marca, o consumo segue aquecido — especialmente no período mais forte do comércio: o Natal.

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Fila organizada no Centro e loja cheia em Icaraí

No Centro de Niterói, a loja da Havaianas localizada dentro do Plaza Shopping precisou criar uma fila externa devido ao grande número de consumidores que buscavam produtos da marca na tarde da véspera natalina.

Foto: Cidade de Niterói

Já na unidade da Rua Ator Paulo Gustavo, em Icaraí, Zona Sul da cidade, não houve fila organizada, mas o movimento também foi considerado muito acima da média, com fluxo constante de clientes entrando e saindo da loja ao longo do dia.

Foto: Cidade de Niterói

Segundo funcionários ouvidos informalmente pela reportagem, o volume de vendas foi impulsionado tanto pela proximidade do Natal quanto pela repercussão recente envolvendo a marca, que acabou aumentando sua visibilidade.

Contexto nacional: boicote político e reação do público

Nos últimos dias, a Havaianas esteve no centro de um debate nacional após a veiculação de uma campanha publicitária interpretada por grupos políticos como uma provocação ideológica. O episódio gerou um chamado de boicote nas redes sociais, especialmente entre apoiadores da direita.

Inicialmente, o movimento chegou a provocar oscilação nas ações da Alpargatas, empresa dona da marca. No entanto, a reação do mercado financeiro foi rápida, e os papéis se recuperaram poucos dias depois.

Além disso, reportagens de alcance nacional mostraram que, na prática, o boicote não se refletiu em queda nas vendas — pelo contrário.

O que motivou o boicote

Tudo começou a partir de um comercial da Havaianas estrelado pela atriz Fernanda Torres, em que ela diz que não deseja que as pessoas comecem o ano “com o pé direito”, e sim “com os dois pés”. Alguns políticos e influenciadores de direita — incluindo Eduardo Bolsonaro e Nikolas Ferreira — interpretaram a peça como provocação política ou alinhada a um posicionamento ideológico, o que desencadeou um chamado nas redes para boicotar a marca.

Repercussão inicial nas ações

No início da semana, a controvérsia teve impacto no mercado financeiro:

  • As ações da Alpargatas, empresa dona da Havaianas, caíram na B3, com perdas de valor de mercado estimadas em cerca de R$ 150–200 milhões em um dia.
  • Parte da reação negativa foi diretamente atribuída ao boicote convocado por parte da direita política.

Reviravolta no mercado

Apesar da queda inicial, houve recuperação e alta nas ações depois — os papéis da Alpargatas encerraram uma sessão em alta significativa, apagando as perdas da véspera e recuperando valor de mercado. Isso sugere que o mercado como um todo não atribuiu às tensões políticas um impacto duradouro ou substancial sobre os fundamentos da empresa.


Consumo fala mais alto que a polarização

Em entrevistas publicadas pela imprensa nacional, consumidores afirmaram que muitos sequer tinham visto o comercial que gerou a polêmica. Outros declararam discordar da campanha, mas ainda assim optaram por comprar os produtos, seja por tradição, preço ou escolha familiar.

O cenário observado em Niterói confirma essa tendência: o comportamento do consumidor foi guiado mais pelo Natal do que pela polarização política.


Efeito local: visibilidade e vendas em alta

A movimentação registrada nas lojas da cidade reforça uma conclusão clara:
a repercussão nacional acabou funcionando como um catalisador de atenção para a marca, impulsionando o fluxo de clientes justamente no período mais estratégico do varejo.

Em Niterói, o resultado foi visível:

  • Loja com fila organizada no Centro
  • Movimento intenso em Icaraí
  • Alto volume de compras na véspera de Natal

A apuração exclusiva do Cidade de Niterói mostra que, ao menos na cidade, o boicote virtual não se traduziu em impacto negativo nas vendas físicas. Pelo contrário: a Havaianas terminou a véspera de Natal com lojas cheias e forte presença de consumidores.

Um caso emblemático de como, muitas vezes, a dinâmica das redes sociais não reflete o comportamento real das ruas.