Cultura

“Grande Sertão: Veredas”, pela primeira vez em Niterói

“Grande Sertão: Veredas”, pela primeira vez em Niterói

Devido à greve geral, a estreia da peça “Grande Sertão: Veredas” passará para o dia 15 de junho (sábado), às 19h.

“Devido à greve geral, que acontecerá no dia 14 de junho, com adesão do setor de transporte, a estreia do espetáculo-instalação “Grande Sertão: Veredas”, de Bia Lessa, no Teatro Popular Oscar Niemeyer acontecerá no dia 15 de junho, sábado, às 19h, tendo em vista possíveis dificuldades de deslocamento da equipe, dos artistas e do público em geral.
Aqueles que compraram ingressos para o dia 14 poderão efetuar a troca por uma nova data ou, se preferirem, cancelar a compra com reembolso do valor integral. A bilheteria estará aberta para o atendimento ao público que adquiriu o ingresso neste local, de 11 a 14 de junho (das 13h às 18h), e nos dias do espetáculo (das 15h às 19h30). Quem comprou o ingresso pelo site ‘Ingresso Rápido’ receberá por e-mail o cancelamento automático da compra e a confirmação do estorno, podendo efetuar a nova compra, conforme disponibilidade. A equipe do Teatro Popular Oscar Niemeyer está disponível para dúvidas e orientações pelo telefone (21) 2620-6101. “

O espetáculo chega a Niterói com estreia marcada para o dia 14 de junho, sexta, às 19h, no Teatro Popular Oscar Niemeyer. A montagem de Bia Lessa, vencedora de 12 prêmios, com mais de 40 indicações, é baseada em um dos maiores e mais densos clássicos da literatura nacional do século XX, obra prima do autor brasileiro João Guimarães Rosa.

Sucesso de público e de crítica, o espetáculo está em cartaz há 1 ano e meio, tendo passado por 11 cidades (Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, Recife, Salvador, Brasília, Fortaleza, Manaus, Santos, Porto Alegre e São Paulo), nos principais teatros brasileiros. Agora, chegou a vez de o público niteroiense receber esta obra de arte. Segundo Luiz Felipe Reis, então jornalista de O Globo, “Dez anos após criar a exposição ‘Grande Sertão: Veredas’, que inaugurou, em 2006, o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, Bia Lessa volta a se encontrar com o clássico de Guimarães Rosa num espetáculo que marca o seu retorno ao fazer teatral — Criação Infinita”

O espetáculo ganhou os mais importantes prêmios de teatro: recentemente, pelo XIII Prêmio APTR, foi vencedor nas categorias de melhor espetáculo, melhor direção, melhor cenografia e melhor ator, sendo o espetáculo com maior indicações e troféus desta edição, dentre os 350 espetáculos apresentados nos palcos cariocas em 2018. Somam-se a estes, os prêmios de melhor direção pelo APCA 2017; melhor direção e melhor ator (Caio Blat) no Prêmio Shell; melhor espetáculo de teatro no Prêmio Bravo! 2018; e melhor espetáculo independente e melhor arquitetura cênica no Prêmio Aplauso Brasil de Teatro.

Caio Blat, Luiza Lemmertz, Luisa Arraes, Fábio Lago, José Maria Rodrigues, Balbino de Paula, Daniel Passi, Elias de Castro, Lucas Oranmian e Clara Lessa compõem o elenco. Para dar vida ao mítico sertão, Bia reuniu nomes como Egberto Gismonti (música), Camila Toledo (concepção espacial, com a colaboração de Paulo Mendes da Rocha), Sylvie Leblanc (figurino) e Fernando Mello da Costa (adereços).

Como afirmou o crítico de teatro Dirceu Alves Jr., em 2017, na Revista Veja SP, “a mão delicada de Bia se reflete em passagens ousadas, como a cena de sexo protagonizada pela atriz Luisa Arraes e por Caio Blat. Por tudo isso, o espetáculo enche os olhos do público. O trunfo da diretora, no entanto, está na condução do elenco. Se Caio Blat beira o sublime na angústia de Riobaldo, os outros nove atores (…) formam um conjunto harmônico e raro de ver em grupos tão numerosos”.

Na época da montagem no CCBB, em 2018, o crítico teatral Gilberto Bartholo afirmou entusiasmado: “Obra-prima!!! É como qualifico o espetáculo ‘Grande Sertão: Veredas’, uma leitura cênica, ou uma ‘instalação cênica’, de um dos melhores livros da literatura brasileira, mundialmente consagrado, de autoria de um gênio, João Guimarães Rosa, idealizada e realizada por uma das nossas grandes encenadoras, Bia Lessa”.

Foto: Victor Otsuka / Divulgação

SOBRE O ESPETÁCULO

Bia conhece profundamente o Sertão de Guimarães Rosa. Ela levou o público para dentro da obra na inauguração do Museu da Língua Portuguesa (SP), em 2006. A exposição foi aclamada por onde passou. Com o espetáculo teatral, ela convida a plateia a um mergulho fundo na epopeia narrada pelo jagunço Riobaldo (Caio Blat), que atravessa o sertão para combater seu maior inimigo, Hermógenes (José Maria Rodrigues), fazer um pacto com o diabo e descobrir seu amor por Diadorim (Luiza Lemmertz). Trata-se de uma instalação, visitada e experimentada pelo público, e o espetáculo, encenado na mesma estrutura, em 2 horas e 20 minutos de apresentação ininterruptas, com o elenco em cena permanentemente, em que o público experimenta a dissolução das fronteiras entre início e fim do espetáculo; entre teatro, cinema e artes plásticas; entre literatura e encenação.

“O teatro para mim é sagrado. Me deparei com o Grande Sertão e ele se apoderou de mim mais uma vez. Quando montei a exposição, algumas questões se apresentavam: a principal delas era como utilizar imagens sem que o significado do Sertão de Guimarães ficasse reduzido a um único lugar. A opção na época foi trabalhar apenas com palavras. No teatro, essa questão volta a se impor: ‘o sertão está dentro da gente’. Nosso caminho foi realizar um trabalho onde homens, animais e vegetais estabelecessem uma relação de diálogo sem supremacia entre eles. Não estamos exatamente no sertão, mas em um espaço ‘ecológico’ e metafísico onde tudo cabe. Um espaço, uma imagem, que nos possibilita a experiência proposta pelo romance, sem obviamente realizar o romance tal como é – fidelidade absoluta (todas as palavras ditas são de Guimarães Rosa), mas liberdade infinita, visto que é apenas uma das leituras possíveis da riquíssima obra de Guimarães”, afirma Bia Lessa.

A grande estrutura tubular concebida lembra um claustro, uma gaiola. Instalada no palco do Teatro Popular, também é, ao mesmo tempo, cenário de violentas batalhas e de reflexões profundas. Como instalação, poderá ser visitada de sexta a domingo, das 15h às 18h, com entrada franca. 250 bonecos de feltro com tamanho humano, criados pelo aderecista Fernando Mello da Costa, compõem uma imagem permanente: a cena da morte de Diadorim como um presépio. A trilha sonora completa a atmosfera do Grande Sertão: Veredas, composta por três camadas: os ruídos e sons ambientes, a música composta por Egberto Gismonti e a trilha sonora que representa nossa memória emotiva, com músicas que fazem parte de nosso imaginário. Os figurinos de Sylvie Leblanc são uma leitura do sertão, sem regionalizá-lo – são personagens do mundo.

 

SINOPSE

Bia Lessa propõe a um só tempo uma peça de teatro e uma instalação em sua adaptação do livro “Grande Sertão: Veredas – matriz do moderno romance brasileiro e obra-prima de João Guimarães Rosa. A peça traz para o palco a saga do jagunço Riobaldo que atravessa o sertão para combater seu maior inimigo, Hermógenes, fazer o pacto com o diabo e viver seu amor por Diadorim. O cenário-instalação estará aberto à visitação do público nos dias do espetáculo.

 

BIA LESSA

Bia Lessa é uma artista multifacetada, cineasta, diretora de teatro e ópera, exposições, ganhadora de vários prêmios. Suas obras são exibidas em vários países, como Alemanha, França e EUA. Criadora do Pavilhão Brasileiro na Expo 2000 em Hannover, Mostra Redescobrimento na Bienal SP, Reabertura do Theatro Municipal do Rio de Janeiro com a ópera Il Trovattore, Pavilhão Humanidades 2012 (Rio + 20), reinauguração dos painéis Guerra e Paz de Candido Portinari na ONU em NY. No cinema, dirigiu os filmes CREDE-MI mostrado em festivais internacionais (Berlim, Biarritz, Nova Iorque, Jerusalem, Brisbane, Minsk, entre outros).

 

SERVIÇO

Espetáculo “Grande Sertão: Veredas”

Direção: Bia Lessa

Data: 14 a 30 de junho, sexta a domingo

Horário: 19h

Entrada: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia)

Classificação: 18 anos

Duração: 2h e 20 min.

Plateia: 405 lugares

Palco: 119 lugares

Local: Teatro Popular Oscar Niemeyer

Endereço: Av. Jornalista Rogério Coelho Neto, s\n,

Caminho Niemeyer – Centro, Niterói

Foto principal: Anelizze Tozzeto