Nome fundamental para a atividade circense brasileira, ele trabalhou e colaborou com inúmeras instituições e fez de tudo no circo. A Fundação Nacional de Artes presta aqui a Olimecha uma grata e emocionada homenagem
O artista de circo, ator, autor e diretor Luiz Olimecha faleceu ontem, 15 de maio, segunda-feira, aos 75 anos. A Funarte lamenta profundamente essa perda.
O adeus do trapezista, palhaço, acrobata e muiti-artista circense, um autêntico mestre do circo, ocorreu num momento simbólico: dois dias depois que a Fundação Nacional de Artes comemorou 35 anos de fundação da Escola Nacional de Circo, que mantém, no Rio de Janeiro (RJ). Olimecha Fundou a escola, em 1982, juntamente com Orlando Miranda.
Luiz Franco Olimecha nasceu no Rio de Janeiro, em 1942. No circo, além de trapezista (sua especialidade), Luiz fez de tudo – foi até motorista de caminhão –. De uma família circense, pertencia à terceira geração envolvida com esse universo, ligação à qual seu filho Raul dá continuidade. Segundo Olimecha contava, seu avõ foi rebatizado informalmente como Franco Olimecha, por uma trupe de acrobatas franceses, ao emigrar de navio, do Japão para a Argentina. Ele recebeu treinamento na prática do equilibrismo durante a travessia. E fundou o Circo do Clã, em 1900, no Rio, junto com o palhaço, ator e compositor Benjamin de Oliveira.
Luiz Olimecha trabalhou e prestou consultoria para inúmeras organizações circenses no Brasil e no exterior, muitas delas reconhecidas internacionalmente, como: Circusfans Italia, Atoucirque Usine des Planches, Circus Flic Flac, Fan Club Cyrku Arena, Eötvös Cirkusz, Circo Mundial Mariani, Chez nous le cirque – Cooperativa Onlus, Circo Vox, Somente Patinhas, Circo Show Tropical, Circo de La Costa, Speakeasy HQ, Circo Wonderland, Estação do Circo, Cia. La Tal, e várias outras.
O criador da Escola Nacional de Circo da Funarte
Olimecha lidava concretamente com uma questão que a comunidade circense conduz até hoje: é preciso preservar e estimular a arte do circo, por tudo o que ela representa, tanto para a cultura, como um todo, quanto para a técnica artística cênica. Afinal, há elementos que somente a acrobacia, o trapézio, o equilibrismo, a palhaçaria, a mágica e tantas outras linguagens preservam. E essas artes tivram, no Brasil, figuras legendárias, como o imortal Piolin, Benjamin de Oliveira, Arrelia, os Queirolo, os Olimecha, os Temperani, os Savalla (do memorável Carequinha) e tantos outros.
Com o objetivo de formar artistas e técnicos, em 1982, Olimecha criou a Escola Nacional de Circo (ENC), juntamente com Orlando Miranda, quando este presidia o antigo Instituto Nacional de Artes Cênicas (Inacen) – depois incorporado à Funarte –Olimecha via na Escola a oportunidade para tornar a área circense – tradicionalmente regida por relações de parentesco – menos fechada e mais profissional. Defendeu esse rumo, inclusive, como uma necessidade para o futuro das atividades do circo. Foi o primeiro diretor da instituição; e buscou profissionais com longo tempo de lona para lecionar para as primeiras turmas: “Não há técnico de futebol que não tenha sido jogador”, justificava.
A ideia de uma escola de circo do Governo teve início em 1975, quando Orlando Miranda convidou Olimecha, que acabara de deixar a presidência do Sindicato dos Artistas do RJ, para assessorar o então Serviço Nacional de Teatro (SNT), na área circense. Até então o circo não recebia qualquer apoio, no que foi considerado um processo de exinção irreversível. “A ideia de criar uma escola para formar os chamados ‘artistas de variedades’ era bastante antiga”, relatou o artista. “Minha família, que vive em circo desde 1800, já se batera muito por isso. Quando, em 1975, o assunto, graças à interferência e ao entusiasmo de Orlando Miranda, começou a ser discutido em nível de Governo, decidimos que o melhor seria construir um circo permanente, do próprio Serviço Nacional de Teatro, e dentro dele fundamos a primeira escola circense oficial da América Latina”, relembrou.
Em julho de 1977, numa reunião de que participaram Orlando Miranda, Luiz Olimecha, Roberto Parreira e Rui Bartholo, proprietário de circo, a ideia foi concretizada. A ENC foi fundada no dia 13 de maio de 82. Olimecha faleceu dois dias depois da comemoração do aniversário de 35 anos da Escola. A Funarte deixa aqui registrada sua eterna homenagem de gratidão ao artista, pelo muito que realizou pelo circo, no Brasil e no mundo.
Fonte: funarte.gov.br