Como o próprio nome da exposição propõe “Equilíbrios Artísticos”, a abertura da oitava edição do ENTREARTES no Museu do Ingá no dia 08 de agosto, transcorreu sob uma alegria intensa, tanto das artistas quanto dos convidados. Àqueles que tiveram a oportunidade de prestigiar o evento puderam ter a percepção de que todas as obras expostas comungavam entre si, revelando um equilíbrio perfeito, a despeito das técnicas e características individuais. O encontro, realizado das 16h às 21h, foi regado com os mais variados estilos musicais e, para completar, os drinks incrementados feitos com a cachaça Coqueiro.
Para a diretora do Museu do Ingá, Júlia Vagner Pereira sediar uma exposição como o ENTREARTES representa a continuidade da reflexão que a arte promove. Nesse aspecto, é uma honra e um dever para o museu promover atividades como essas, sobretudo de artistas niteroienses. “Essa é uma oportunidade ímpar de proporcionar não somente uma reflexão, como também o resgate dos afetos e dos encontros, funções essas intrínsecas à arte e que estamos em busca de despertar através dessas exposições”, reflete.
Sobre os equilíbrios artísticos
Os desenhos florais em nanquim sobre as partituras transcritas a mão por Manuel Cunha, sogro de Renata Barreto, eram um mergulho na sensibilidade à flor da pele dessa artista, que, através da sua arte, teve a oportunidade de prestar uma bela homenagem à música de um modo geral. As partituras de Manuel, que integrou a Banda Portuguesa nas décadas de 60 e 80, foram executadas pelo saxofonista Matheus Freitas e podiam ser ouvidas em um tablet com fone de ouvido deixado à disposição dos visitantes. Começava daí a viagem ao processo criativo desse momento da artista, intitulado “Música para os Olhos”, ao som de composições como Araribóia, Duas Pátrias e Niterói de quatro séculos, entre outras.
O equilíbrio perfeito da “domadora de aquarelas”, Ana Morche, podia ser visualmente percebido na delicadeza do seu traço e no seu intenso processo criativo regado a muitas pinceladas. Incansável em seu processo criativo, a artista pôde através da sua arte expressar o equilíbrio perfeito entre as camadas superpostas e que convivem harmonicamente em sua tela, sem uma ferir a outra. Tudo isso fruto de uma capacidade de concentração, tranquilidade e paciência para respeitar as características pertinentes ao material utilizado, no caso, a aquarela. As raízes da brasilidade e a natureza estão descritas em cores fortes e vibrantes, enquanto as nuances assumem o papel coadjuvante em todas obras.
A costura, os recortes e linhas que se sobrepõem à pintura revelam ao olhar do visitante uma realidade descolada da tela, quase um 3D das artes plásticas. E, nesse sentido, o Museu de Arte Contemporânea, o Cristo Redentor e as flores e os colibris assumem contornos inéditos e convidam o espectador a um mergulho na realidade tridimensional. Os materiais utilizados por Lia Berbert, no caso, a fotografia, a arte digital, a colagem e a pintura se completam e se equilibram perfeitamente na tela com um colorido que encanta e prende a atenção, promovendo um profundo estado de contemplação da harmonia do belo.
As telas da artista plástica Bia Câmara Torres não só promovem encantamento, como também retratam a importância da união e da comunhão entre os diferentes povos. Sua arte é um manifesto aos dias atuais em que prevalece o individualismo e a ausência de diálogo entre os indivíduos. Por isso, ao se deparar com a sua arte o visitante pode sentir uma incrível necessidade de estar em sintonia com aqueles que estão à sua volta, cumprindo, dessa forma, a missão do seu trabalho, que é totalmente espontâneo e calcado em uma sinceridade e um despojamento surpreendentes de um talento nato e despertado de uma forma despretensiosa e descompromissada, mas que revela a sutileza da sua capacidade de expressão.
Nos trabalhos da artista visual Ana Schieck o grafite sobre papel revela formas e passeia por contornos que despertam os sentidos e propõem uma atenção para onde os traços caminham. As sombras e os espaços em branco conversam entre si e demonstram o quanto é possível respeitar os limites de cada um deles, sem ferir, mas sim uni-los em um só espaço, no caso a tela na qual se iniciou o trabalho. Essas massas claras e escuras, batizadas pela artista de “Costura”, são uma perfeita ponte entre o passado e o futuro e uma demonstração de que esse ato é possível e verdadeiro.
A percepção de que as formas podem estar integradas em um mesmo espaço, conversando umas com as outras, sem conflitos, é o mote do trabalho da artista visual Wil Catarina. Nas três obras intituladas respectivamente Exploding, Flâmulas e Pixel, todas com tinta acrílica sobre tela, o rigor do geométrico está perfeitamente alinhado às pinceladas livres. Ela que teve o seu trabalho em arte digital contemplado em um selo comemorativo do Ano Polar Antártico, agora demonstra as inúmeras possibilidades das misturas de aquarelas, provando que é possível, sim, obter equilíbrio visual mesmo diante das diversidades. E em tempos onde o pensamento contraditório representa tão somente oposição, trazê-lo como possibilidade de equilíbrio é um convite a desdobrar nosso olhar. A arte desdobra as nuances, aciona novos olhares.
Serviço:
8º ENTREARTES – Agosto 2019
Período de visitação: 9 a 31 de agosto de 2019
Horário de funcionamento: Terça a sábado de 12h às 17h
Museu do Ingá – Rua Pres. Pedreira, 78 – Ingá, Niterói – RJ, 24210-470
Contato: Equipe Cacau Dias
E-mail: [email protected]
Tel.: 21 3603-1871 | 21 99956-5000
Realização: Museu do Ingá e Equipe Cacau Dias
Divulgação: Equipe Cacau Dias
www.cacaudiascerimonial.com
*Evento gratuito e aberto ao público