Com a morte do Papa Francisco, anunciada nesta segunda-feira (21), o ritual milenar do conclave será novamente realizado no Vaticano, reunindo cardeais de todo o mundo para a eleição do próximo líder da Igreja Católica. A palavra conclave, que vem do latim cum clave — “fechado à chave” —, refere-se à votação secreta na Capela Sistina, cuja fumaça branca indica ao mundo que um novo papa foi escolhido.
Como funciona o conclave?
A eleição do novo pontífice começa após o período de luto de nove dias que se segue ao sepultamento do papa. Durante esse tempo, o Colégio Cardinalício — atualmente composto por 252 cardeais — se reúne em discussões gerais para refletir sobre os desafios atuais da Igreja. Desses, 135 cardeais com menos de 80 anos estão aptos a votar.
Antes da votação, os cardeais ficam hospedados na Casa Santa Marta, mesmo local onde o então cardeal Jorge Mario Bergoglio viveu ao ser eleito papa, recusando o tradicional apartamento papal.
A votação acontece na Capela Sistina, onde os cardeais entram em procissão e sem qualquer contato externo — celulares e dispositivos eletrônicos são proibidos. Cada eleitor escreve o nome de seu escolhido e deposita a cédula em uma urna. A contagem é feita por três cardeais: dois conferem silenciosamente os nomes e um os lê em voz alta. Se ninguém obtiver dois terços dos votos, as cédulas são queimadas com uma substância que gera fumaça preta. Quando há consenso, uma mistura diferente é usada para indicar fumaça branca, anunciando ao mundo: Habemus Papam.
Brasileiros no conclave
O Brasil contará com sete cardeais eleitores na escolha do novo papa. São eles:
- João Braz de Aviz (77), arcebispo emérito de Brasília
- Odilo Scherer (75), arcebispo de São Paulo
- Leonardo Steiner (74), arcebispo de Manaus
- Orani Tempesta (74), arcebispo do Rio de Janeiro
- Sérgio da Rocha (65), arcebispo de Salvador
- Jaime Spengler (64), arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB
- Paulo Cezar Costa (57), arcebispo de Brasília
O arcebispo emérito Raymundo Damasceno, de 87 anos, participou do conclave de 2013 que elegeu Francisco, mas não poderá votar desta vez por causa da idade.
Expectativas e representatividade
Segundo a Santa Sé, o conclave será liderado pelo cardeal italiano Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício. Já o cardeal Kevin Farrell, atual camerlengo, conduzirá os ritos protocolares até a escolha do novo papa durante o chamado período da Sé Vacante — quando a Igreja está sem seu líder.
Francisco, ao longo de seu pontificado, nomeou 149 cardeais, sendo 108 com direito a voto, muitos deles vindos de regiões periféricas. A distribuição atual inclui:
- 114 europeus (46,5% votantes)
- 37 asiáticos
- 32 sul-americanos
- 29 africanos
- 28 norte-americanos
- 8 centro-americanos
- 4 da Oceania
O arcebispo Damasceno reforçou que o conclave é um momento de fé:
“Não há campanha, é uma decisão espiritual. A escolha do papa é guiada pelo Espírito Santo, não por política.”
Quando será o próximo conclave?
Ainda sem data exata divulgada, o conclave ocorrerá após a conclusão dos ritos fúnebres e o período de luto oficial. A expectativa é de que a eleição do novo papa ocorra já nas próximas semanas, diante da urgência pela condução da Igreja Católica em tempos desafiadores.