Na Casa do Empreendedor, profissionais têm atendimento, orientação e encaminhamento para cursos de especialização no Sebrae. Espaço comemorou um ano
Pedro Ribeiro e o casal Letícia e André Herdy têm em comum não apenas a faixa etária de 26 anos e o fato de terem deixado carreiras em áreas como Engenharia ou Biomedicina. Eles e pessoas como Letícia Mathias da Cruz Fernandes, de 21 anos, têm como objetivos crescer profissionalmente e empreender. De acordo com a Casa do Empreendedor de Niterói, órgão da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (Seden), existem hoje 26.715 jovens com menos de 30 anos legalmente formalizados como Microempreendedores Individuais (MEI), ou que já se tornaram microempresários. Na cidade, são 54.467 mil jovens nesta categoria.
Apesar de não terem chegado aos 30 anos, eles já têm histórias de empreendedorismo para contar. Com criatividade e muito trabalho, driblaram crises econômicas, pandemia, trabalharam em casa, pensaram que iam falir mas estão firmes e fortes. O objetivo é aprender e crescer em negócios que utilizam Delivery, E-Commerce, pontos de vendas ou até mesmo trabalhar para terceiros, mas devidamente registrados para emitir notas fiscais. Eles também apostam na cidade como um bom mercado para empreender.
A vida de empreendedor de Pedro Ribeiro começou aos 18 anos. Na Faculdade de Engenharia, ele não queria mais depender da família mas não sabia o que fazer. Ao comparar um brownie para a namorada, gostou do sabor e, apesar de nunca ter trabalhado com comida ou confeitaria, decidiu empreender.
Pedro Ribeiro comprou os primeiros insumos e começou a vender inicialmente para os vizinhos. Conseguiu vender tudo e melhorou a receita. Ele transformou a própria casa em base. Trabalhou sozinho e contou apenas com a ajuda de amigos para vender o produto. Guardou capital de giro. Teve um susto quando recebeu de uma escola uma encomenda de seis mil doces. Foi quando decidiu investir o dinheiro que havia guardado desde o início do negócio e comprou uma máquina.
“Os vizinhos começaram a reclamar porque penduravam roupas no varal que ficavam com cheiro do doce. Pensei que não daria conta e que ia falir. Foi quando procurei a Casa do Empreendedor, me formalizei e voltei para aprender a emitir notas e tirar dúvidas. Soube depois que meu avô, em Santa Rosa, ligou para os vizinhos comprarem a primeira leva. Se não gostassem ele pagaria. Não precisou. Conseguimos nos estabelecer, mas estamos sempre atentos ao mercado”, afirmou o jovem empresário que hoje fabrica entre 22 e 25 mil brownies por mês.
Letícia e André Herdy estão juntos há 14 anos. Ela chegou a fazer faculdade de Biomedicina e não se identificou. Antes da pandemia, os dois trabalharam vendendo hamburgueres no bairro de Santa Barbara. Mas ela queria outro tipo de atividade. Foi quando surgiu a ideia de trabalhar com adereços femininos. Letícia comprou todo o material e começou a vender. Uma semana depois, veio a pandemia.
“Não sabíamos como faríamos para vender e comprar material. Passamos por muitas dificuldades e apertos. Indicamos a Casa do Empreendedor porque ela oferece cursos gratuitos através do Sebrae, além de apoio em diversas situações burocráticas. Isso faz muita diferença para quem pretende crescer”, explicou Letícia. O casal produz, por mês, 2.500 peças artesanais.
Letícia Mathias da Cruz Fernandes, de 21 anos, procurou a Casa do Empreendedor para entrar na estatística de ser uma profissional formalizada. Ela é manicure e mora no Largo da Batalha, onde trabalha em um salão. As próprias colegas indicaram a Casa do Empreendedor para Letícia. “Achei importante me formalizar e deixar tudo legalizado. Isso faz a gente sentir que está fazendo tudo direitinho”, afirmou a jovem.
MEI em cinco minutos – Aberta em 2017, a Casa do Empreendedor oferece serviços de apoio para pequenos e micro empresários, de forma presencial e online, para facilitar a abertura de cadastro de microempreendedor individual (MEI); a alteração de dados cadastrais; a viabilidade de local para novos empreendimentos e a emissão de alvarás. Em cinco minutos o pretendente sai com a empresa montada e pode emitir nota fiscal. Basta levar documentos e senha do gov.br.
“Estamos ajudando a transformar o ecossistema empreendedor no município. Queremos facilitar a vida através da transformação digital, dos QR codes e da simplificação do atendimento. A Casa do Empreendedor é acolhedora. Um espaço que o empresário, o microempreendedor, o pequeno e o médio têm para tirar suas dúvidas. Estamos fazendo parceria com bancos para fomentar linhas novas de crédito”, destacou o subsecretário Igor Baldez.
No ranking de abertura de negócios por idade, são quatro jovens entre 16 e 17 anos; 320 entre 18 e 20 anos; 11.050 entre 21 e 30 anos; 15.341 entre 31 e 40 anos; 13.499 entre 41 e 50 anos; 8.818 entre 51 e 60 anos; 4.368 entre 61 e 70 anos e 1.067 pessoas acima de 70 anos.
“Isso é bom para o empreendedor. É bom para a geração de empregos e para a geração de impostos. Isso faz a cidade ficar cada vez mais vibrante. Quanto mais negócios, mais sinergias são criadas. Isso faz a cidade ter uma economia forte. Esse é um papel fundamental do poder público: fomentar e fazer com que o mercado cumpra seu papel econômico e social”, afirmou Igor Baldez.
O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Luiz Paulino Moreira Leite, explica que a Casa do Empreendedor tem um papel fundamental e é um avanço para quem quer empreender
“A Casa oferece apoio para quem pretende formalizar um negócio. Havia uma dificuldade muito grande para se constituir uma empresa. Eram meses pagando aluguel, energia e salários sem conseguir abrir formalmente. Evoluímos muito. Estamos viabilizando que todos possam se formalizar e trabalhar. Setenta por cento dos empreendedores são pequenos e médios empresários. Niterói é uma cidade boa para empreender e os jovens também já descobriram isso”, explicou Luiz Paulino.
Em outra ação para melhorar o atendimento, a Seden funciona com a Meire, nova assistente virtual que atende pelo WhatsApp (21) 97076-0186. Em 2022 a Casa do Empreendedor ganhou o prêmio Bronze do Sebrae em referência ao atendimento.
De acordo com o subsecretário Igor Baldez, que coordenou a modernização da Casa do Empreendedor, a tecnologia é fundamental para apoiar qualquer tipo de linha de empreendedorismo.
“A modernização da Casa deu mais agilidade ao empresariado. Montamos uma rede de apoio que não é somente a abertura. Estamos sempre disponíveis para orientar cursos, dar dicas e apoiar no que for preciso”, acrescentou o subsecretário.