
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) uma ordem executiva que eleva para 50% as tarifas sobre produtos brasileiros. A medida, anunciada como resposta a ações do governo brasileiro, foi classificada pela Casa Branca como necessária para conter uma “ameaça incomum e extraordinária” à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA.
A nova sanção representa um dos maiores embates diplomáticos entre os dois países nas últimas décadas e pode afetar diretamente o comércio bilateral e os investimentos de empresas americanas no Brasil.
Por que Trump está taxando o Brasil?
O documento oficial divulgado pela Casa Branca afirma que a ordem executiva foi motivada por ações que “prejudicam empresas americanas” e “violam direitos fundamentais”, especialmente no campo da liberdade de expressão. Entre os pontos citados:
- Perseguição judicial a opositores do governo brasileiro
- Censura e bloqueio de redes sociais
- Multas e congelamento de ativos de empresas americanas
- Abertura de processos contra cidadãos dos EUA em solo estrangeiro
Moraes no centro da crise
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), é apontado nominalmente na ordem assinada por Trump como o responsável por “ameaçar, perseguir e intimidar milhares de opositores políticos” no Brasil.
Segundo o comunicado:
“Moraes emitiu centenas de ordens para censurar secretamente críticos políticos. Quando empresas americanas se recusaram a cumprir tais ordens, ele impôs multas substanciais, ameaçou executivos com processos criminais e congelou ativos de empresas nos EUA.”
O caso do blogueiro Paulo Figueiredo, que reside nos Estados Unidos, também foi citado como exemplo de suposta violação da liberdade de expressão — já que o mesmo está sendo processado no Brasil por declarações feitas em solo americano.
O que muda com a nova tarifa?
A ordem assinada por Trump impõe uma tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros, elevando o total para 50%, a mais alta entre todos os países afetados. Segundo o republicano, o Brasil se tornou o principal alvo por causa de “ações autoritárias e antidemocráticas” atribuídas ao STF.
Inicialmente, o Brasil seria alvo de 10% de tarifa proporcional ao superávit comercial dos EUA. Mas a falta de acordo e a escalada da retórica política elevaram a taxa ao patamar máximo.
Outros países como Japão, União Europeia e Canadá conseguiram negociar reduções. O Brasil, México e até o Canadá entraram na lista de nações com tarifas ampliadas, segundo o novo plano de “tarifas recíprocas” do governo Trump.
Impactos econômicos para o Brasil
O Brasil é um importante parceiro comercial dos EUA, mas o país importa mais do que exporta para o mercado americano. Com a nova sanção:
- Produtos brasileiros ficam menos competitivos nos EUA
- Empresas exportadoras podem sofrer prejuízos imediatos
- A medida gera insegurança jurídica para empresas multinacionais
- Pode agravar a instabilidade cambial e o clima de desconfiança internacional
Governo brasileiro ainda não se manifestou oficialmente
Até o fechamento desta matéria, o Palácio do Planalto não havia se pronunciado. Fontes do Itamaraty, no entanto, indicaram que a medida será tratada com “extrema cautela diplomática”, uma vez que envolve diretamente o Poder Judiciário brasileiro, considerado independente pelo Executivo.
O governo Lula já havia criticado anteriormente os “ataques inaceitáveis à soberania institucional do país” feitos por Trump, em especial quanto ao processo judicial contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.
Entenda o que diz a lei citada por Trump
A ordem se baseia na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional de 1977, usada para impor sanções econômicas em situações de ameaça estrangeira. Com isso, Trump:
- Declara uma nova emergência nacional
- Aumenta o controle sobre transações com o Brasil
- Justifica a medida com base na proteção da democracia americana e dos direitos civis globais