
O descanso noturno não é apenas o momento em que o corpo “desliga”. Durante o sono, o organismo realiza ajustes finos em diversos sistemas, reorganiza funções internas e favorece processos de reparo. Entre os fatores que influenciam essa etapa, a posição em que a pessoa dorme tem ganhado destaque em estudos recentes, especialmente quando se avaliam digestão, respiração, circulação e até a prevenção de dores crônicas.
Por que a posição para dormir influencia tanto o organismo
A posição adotada ao dormir altera a maneira como órgãos, músculos e estruturas ósseas se comportam ao longo da noite. Quando a pessoa se deita, a gravidade passa a atuar de outra forma sobre o estômago, pulmões, coração, vasos sanguíneos e sistema linfático, modificando fluxos e pressões internas.
Isso explica por que algumas posturas favorecem refluxo ácido, ronco ou desconforto na coluna, enquanto outras parecem reduzir esses problemas. Além disso, a postura noturna pode influenciar a qualidade do sono profundo, a recuperação muscular após exercícios e até a frequência de despertares durante a madrugada.

Por que o lado esquerdo é tão citado como melhor posição para dormir
Em diversas fontes médicas, dormir de lado é apresentado como uma das opções mais favoráveis para o organismo, com destaque frequente para o lado esquerdo. Essa recomendação leva em conta a disposição anatômica de órgãos como estômago, pâncreas, baço e estruturas do sistema linfático, que se acomodam de forma mais vantajosa com a ajuda da gravidade.
Na prática, essa posição costuma ser relacionada a menor incidência de episódios de refluxo gastroesofágico, já que o formato do estômago e a direção do esôfago favorecem que o conteúdo ácido permaneça mais distante da garganta. O principal ducto linfático, localizado predominantemente à esquerda, e o possível alívio sobre grandes vasos também são apontados como argumentos a favor do lado esquerdo.
Dormir de lado é realmente a melhor opção para a saúde
Entre as principais posições adotadas por adultos — de lado, de barriga para cima ou de bruços —, a postura lateral costuma ser a mais bem avaliada em termos gerais. Ao se deitar de lado, há menor tendência ao colapso das vias aéreas superiores, o que pode reduzir roncos e episódios de obstrução respiratória em pessoas predispostas, especialmente em casos leves de apneia.

Para a coluna vertebral, a posição de lado costuma ser mais neutra, principalmente quando o colchão oferece bom suporte e a altura do travesseiro mantém o pescoço alinhado com o tronco. O lado esquerdo ganha destaque pela combinação de benefícios digestivos, circulatórios e respiratórios, enquanto o lado direito pode ser preferido por conforto, mas recebe mais cautela em quadros de refluxo intenso.
Quais são as desvantagens de dormir de barriga para cima ou de bruços
A posição supina, ou seja, de barriga para cima, é muitas vezes relatada como confortável por não sobrecarregar diretamente ombros ou quadris. No entanto, nessa postura, a língua e a mandíbula podem recuar e estreitar as vias aéreas, favorecendo ronco e, em pessoas suscetíveis, agravando eventos de apneia obstrutiva do sono e microdespertares frequentes.

Já dormir de bruços tende a manter a garganta mais aberta, o que, em teoria, poderia reduzir o ronco. Em compensação, essa posição costuma impor torção importante ao pescoço e pressão sobre a região lombar, o que pode se associar a dores cervicais, desconforto nas costas e formigamentos decorrentes de compressão de nervos ou vasos a longo prazo.
- Barriga para cima: maior risco de ronco e obstrução das vias aéreas, especialmente em quem já tem problemas respiratórios.
- De bruços: aumento da sobrecarga na coluna cervical e lombar, com maior probabilidade de dor e rigidez matinal.
- De lado: tende a favorecer respiração, alinhamento da coluna e redução de refluxo, sobretudo à esquerda.