Entre os muitos comportamentos curiosos dos animais de estimação, um dos que mais chama a atenção é o hábito de os cães cheirarem o bumbum uns dos outros. Embora pareça estranho para humanos, para os cachorros isso faz parte de uma forma importante de comunicação social, diretamente ligada à maneira como entendem o mundo ao redor.
Diferente das pessoas, que usam mais a visão e a fala, o cão tem o olfato como principal ferramenta para reconhecer ambientes, indivíduos e até estados emocionais. Quando cheira a região traseira de outro cão, ele faz uma espécie de “apresentação formal”, reunindo rapidamente informações relevantes sobre aquele animal.
Por que os cachorros cheiram o bumbum dos outros?
A pergunta sobre por que os cachorros cheiram o bumbum dos outros é explicada por fatores biológicos e comportamentais. Na região anal existem as glândulas anais, que produzem secreções cheias de compostos químicos. Esses compostos funcionam como um “cartão de identidade” do cão.
Ao cheirar essa área, o cachorro consegue perceber sexo, idade aproximada, estado reprodutivo, tipo de alimentação e pistas sobre saúde ou estresse. Esse comportamento também ajuda a formar vínculos sociais e a identificar se o outro cão é uma possível ameaça, parceiro ou apenas um conhecido.
Leia também: Seu cachorro tenta se comunicar pelo olhar mais do que você imagina.
Como o olfato canino influencia esse comportamento?
O olfato do cachorro é extremamente apurado. Ele pode ter centenas de milhões de receptores olfativos, muito mais que os humanos. Além disso, possui o órgão vômero-nasal (ou órgão de Jacobson), entre a cavidade nasal e o céu da boca, especializado em detectar substâncias químicas presentes nas secreções corporais.
Quando cheira o bumbum de outro cão, ele interpreta sinais químicos detalhados, em um tipo de comunicação chamado feromonal. Para o animal, é como ler um dossiê sobre o outro: quem é, como está e se já se encontraram antes. Por isso, depois de um rápido contato, muitos cães parecem “saber” se o outro está tranquilo, tenso ou com medo.
Cheirar o bumbum é normal ou pode indicar algum problema?
O comportamento de cheirar o bumbum de outros cães é natural e faz parte da comunicação social da espécie. Em encontros, é comum primeiro se aproximarem pela lateral e depois se posicionarem para farejar a região anal. A intensidade varia conforme personalidade, experiência e nível de socialização.
Alguns sinais, porém, podem indicar desconforto ou problema de saúde:
Notícias Relacionadas
- O cão tenta cheirar de forma muito invasiva e não respeita a reação do outro;
- O cão cheirado demonstra dor intensa, rosna ou tenta impedir o contato repetidamente;
- Há inchaço, mau cheiro forte ou secreção visível na região anal;
- O cachorro esfrega o bumbum no chão com frequência (“arrastar o bumbum”).
Nesses casos, é importante buscar um médico-veterinário para verificar possíveis inflamações nas glândulas anais, infecções, parasitas ou outras alterações que tornem o contato doloroso ou incômodo.
Quais informações os cães obtêm ao cheirar a região traseira?
O hábito de cheirar o traseiro de outros cães funciona como uma troca rápida de dados. De forma resumida, o cão consegue perceber:
- Identidade individual: cada cão tem um cheiro único produzido pelas glândulas anais;
- Sexo e estado reprodutivo: macho, fêmea, cio, gestação ou se já foi esterilizado;
- Informações sobre alimentação: o tipo de dieta influencia o odor e as secreções;
- Condições de saúde: alterações no cheiro podem indicar doenças ou desequilíbrios;
- Estado emocional: estresse, medo ou excitação também modificam o odor liberado.
Essas informações ajudam os cães a ajustar o próprio comportamento: aproximar-se de forma mais amigável, manter distância ou agir com cautela, tornando as interações sociais mais previsíveis para eles.
Veja com draquerenmedeiros porque os cães possuem esse comportamento:
Como os tutores podem lidar com esse comportamento no dia a dia?
Entender por que os cachorros cheiram o bumbum dos outros ajuda o tutor a lidar melhor com esse comportamento em passeios e encontros. Em locais públicos, é esperado que isso aconteça, mas é possível orientar a forma como os cães interagem.
- Manter o cão em guia, permitindo aproximações controladas;
- Observar a linguagem corporal dos dois animais (rabo, orelhas, postura geral);
- Interromper a interação se algum dos cães demonstrar medo, tensão ou incômodo;
- Promover socialização gradual com outros cães, especialmente em filhotes ou animais tímidos;
- Realizar check-ups veterinários regulares para manter a região anal saudável.
Quando o tutor entende que cheirar o bumbum é uma forma de “cumprimento” e coleta de informação entre cães, fica mais fácil interpretar o que está acontecendo e garantir encontros mais tranquilos e seguros. O que para humanos parece apenas um gesto esquisito é, para os cachorros, um recurso essencial de comunicação e convivência social.
