Dispositivo com 22 quilates de ouro pode estar na sua casa
Pepita de ouro - Créditos: depositphotos.com / Luftklick

Aparelhos antigos como celulares, micro-ondas e computadores contêm ouro em suas placas internas.

Apesar de parecerem sucata, esses dispositivos escondem um recurso valioso e finito que continua sendo descartado sem controle.

Por que o ouro é usado em dispositivos eletrônicos comuns?

Ouro em eletrônicos não é luxo, mas necessidade técnica. Sua condutividade elétrica é altíssima e, diferente do cobre e da prata, ele não oxida, o que o torna ideal para conexões críticas em placas-mãe, chips e conectores sensíveis.

Por isso, mesmo o aparelho mais simples carrega uma fração desse metal precioso, muitas vezes desperdiçado após o descarte.

O que acontece com o ouro quando jogamos um eletrônico fora?

Lixo eletrônico representa uma mina urbana ignorada. Em 2023, mais de 53 milhões de toneladas de equipamentos foram jogados no lixo, carregando metais preciosos como ouro, prata e paládio para os aterros sanitários.

Além da perda econômica, esse descarte irresponsável aumenta a contaminação do solo com substâncias tóxicas como chumbo e mercúrio.

  • Placas de circuito contêm cerca de 450 mg de ouro por unidade
  • Milhões de dispositivos são descartados anualmente sem qualquer reaproveitamento
  • O desperdício global de metais preciosos já ultrapassa bilhões em valor
  • Recuperar esses metais exige processos químicos controlados
Ouro – Créditos: depositphotos.com / AntonMatyukha

Como proteínas do soro de leite ajudam a recuperar ouro?

Pesquisa suíça da ETH Zurich mostrou que proteínas do soro do leite podem ser transformadas em filtros biológicos que capturam seletivamente partículas de ouro dissolvidas em solução ácida.

Essas proteínas tratadas formam uma estrutura porosa parecida com uma esponja, que ignora outros metais e retém apenas o ouro.

Quais etapas envolvem esse processo inovador?

Extração com soro de leite segue um método em quatro fases. Primeiro, as proteínas são modificadas quimicamente até se tornarem porosas. Depois, placas eletrônicas são dissolvidas em ácido, liberando os metais.

A “esponja” proteica filtra o ouro, que é purificado e transformado em pepitas de 22 quilates com 91% de pureza.

  • Etapa 1: tratamento químico das proteínas do soro
  • Etapa 2: dissolução das placas em ácido controlado
  • Etapa 3: filtragem seletiva do ouro pela esponja proteica
  • Etapa 4: purificação e fusão do metal precioso

Quanto ouro é possível recuperar de equipamentos antigos?

Recuperação de ouro pode ser extremamente lucrativa. Segundo os pesquisadores, apenas 10 placas de circuito eletrônico geram cerca de R$ 170 mil em ouro puro, com base nos preços atuais do mercado.

Essa quantia surpreende, considerando que muitos desses componentes estão esquecidos em gavetas ou jogados no lixo.

Por que essa técnica é considerada sustentável?

Economia circular se fortalece com a união de dois resíduos: eletrônicos descartados e subprodutos da indústria de laticínios.

Além de recuperar ouro com precisão, o método oferece nova utilidade ao soro do leite, muitas vezes tratado como descarte agroindustrial.

  • Reduz contaminação ambiental causada por lixo eletrônico
  • Evita o descarte indevido do soro de leite
  • Gera valor econômico a partir de resíduos considerados inúteis
  • Cria oportunidades de inovação em reciclagem tecnológica

É possível tentar esse processo em casa?

Jamais tente replicar essa técnica em ambientes domésticos. O processo envolve manipulação de ácidos corrosivos, temperaturas controladas e materiais altamente tóxicos.

Acidentes podem resultar em queimaduras graves, intoxicações e até explosões. A recuperação de metais deve ser feita apenas em laboratórios especializados.