Achado raro em Niterói revela ocupação milenar de 8 mil anos no litoral fluminense
As descobertas indicam que a região era habitada há mais de 8 mil anos

Pesquisadores da Uerj encontraram novos sítios arqueológicos em Niterói, elevando para 17 os pontos mapeados na Região Oceânica.

As escavações trouxeram à tona itens como dentes de tubarão furados, vértebras de golfinhos e artefatos de pedra usados pelos primeiros habitantes do litoral fluminense.

Descobertas surpreendentes revelam ocupação milenar na Região Oceânica

Desde 2022, o NuPAI/Uerj lidera um esforço intenso de mapeamento em bairros como Itaipu e Camboinhas. Em apenas três anos, os sítios registrados saltaram de três para dezessete.

O destaque vai para o Sambaqui de Camboinhas, considerado um dos mais antigos do país, com registros entre 8 e 9 mil anos. Outro sítio, o Sambaqui do Camboatá, se mostrou extremamente preservado, oferecendo pistas valiosas sobre a vida dos “primeiros fluminenses”.

Entre os achados estão um dente de tubarão, lascas de quartzo, conchas de bivalves, ossos de peixes e plantas carbonizadas relacionados a fogueiras antigas, e artefatos líticos lascados.

O que os dentes de tubarão e pigmentos revelam sobre os habitantes antigos?

Itens como dentes de tubarão furados e lascas de sílex indicam não apenas hábitos de alimentação, mas também práticas simbólicas e artísticas dos grupos humanos que ocuparam a área.

  • Os dentes eram usados como adornos, sinalizando status ou rituais.
  • Os ossos de peixes, partes de arraia e dentes de corvina sugerem domínio da pesca marítima.
  • As lascas de quartzo e artefatos líticos mostram domínio técnico na fabricação de ferramentas.
  • Pigmentos naturais revelam a produção de corantes para arte corporal ou utensílios.

Atenção: muitos desses itens estavam enterrados em camadas arqueológicas entre 40 centímetros e um metro de profundidade, evidenciando uma ocupação humana duradoura e contínua ao longo de milênios.

Por que os novos sítios mudam o mapa arqueológico do estado?

As descobertas de Jurema Branca e Ubá demonstram que o território indígena ancestral vai muito além das áreas tradicionalmente conhecidas. Esses novos pontos reforçam que a ocupação era diversa, abrangendo dunas, restingas, ilhas e nascentes.

  • Os povos antigos se adaptavam com facilidade a diferentes paisagens.
  • Há indícios de ocupações simultâneas e também de substituição de grupos.
  • A abundância de ferramentas e vestígios reforça a complexidade cultural da região.
  • A arqueologia local contribui para recontar a história do Brasil pré-colonial.

Dica rápida: a base da Duna Grande sozinha rendeu mais de oito mil fragmentos de artefatos líticos — uma mina de informações sobre comportamento, cultura e técnicas de sobrevivência dos primeiros fluminenses, que ocuparam a região há até oito mil anos.

Como esse patrimônio histórico impacta nossa identidade cultural?

Segundo os pesquisadores, cada fragmento encontrado representa uma peça no quebra-cabeça da formação histórica do estado do Rio. O valor científico e cultural dessas descobertas é incalculável.

Ao entender os costumes e estratégias de vida dos antigos habitantes, é possível reconhecer a profundidade das raízes indígenas na formação do território fluminense. Isso não apenas amplia o conhecimento acadêmico, mas fortalece a identidade cultural do povo brasileiro.

Garcia reforça que o objetivo do grupo é continuar datando os novos sítios, compreendendo se as ocupações foram simultâneas ou intercaladas, e ampliando ainda mais o conhecimento sobre quem viveu ali muito antes da chegada dos europeus.