
A Lua está se afastando da Terra cerca de 3,8 cm por ano, e isso já influencia a duração dos dias e o comportamento das marés. O fenômeno é imperceptível para nós, mas afeta lentamente a relação gravitacional entre os dois astros.
Do ponto de vista científico, essa separação é constante e mensurável, mesmo que seus efeitos práticos no cotidiano humano só sejam sentidos em escalas de tempo muito longas.
Como a Lua moldou a Terra desde o início dos tempos
Logo após sua formação há cerca de 4,5 bilhões de anos, a Lua estava muito mais próxima da Terra, dominando o céu e influenciando fortemente as marés e a rotação do planeta. No fim do período Cretáceo, por exemplo, um dia tinha apenas 23 horas e meia.
Pesquisas com fósseis de moluscos marinhos revelaram que um ano continha 372 dias — o que indica dias mais curtos e uma influência gravitacional lunar intensa. À medida que a Lua se afasta, os dias terrestres ficam mais longos, pois a rotação da Terra desacelera para conservar energia.
O que faz a Lua se afastar da Terra?
A causa está diretamente ligada às marés formadas pela atração gravitacional da Lua. Como a Terra gira mais rápido que a Lua, o “empuxo” gravitacional acaba transferindo energia que empurra a Lua para uma órbita levemente mais distante.
- O afastamento médio atual é de cerca de 3,8 cm por ano
- Esse valor pode ter sido maior ou menor ao longo das eras
- A medição é feita com refletores deixados pelas missões Apollo
- O fenômeno desacelera a rotação da Terra, alongando os dias
Atenção: Esse processo é constante, mas seus efeitos práticos só se acumulam em escalas de milhões ou bilhões de anos.

Como isso impacta as marés brasileiras e o cotidiano costeiro?
As mudanças nas marés brasileiras por conta do afastamento lunar ainda não são perceptíveis no dia a dia. Os efeitos são teóricos e cumulativos a longo prazo, e fenômenos específicos como a pororoca ou grandes marés são devidos a ciclos naturais e à configuração da órbita lunar, não ao afastamento progressivo anual.
- Comunidades costeiras seguem influenciadas por ciclos naturais das marés
- Marisqueiros e pescadores adaptam-se à rotina conforme previsões diárias
- A influência gravitacional da Lua permanece essencial para os ciclos marinhos
- O afastamento lunar é irrelevante no curto e médio prazo
Dica rápida: O conhecimento tradicional sobre marés é transmitido há gerações, com base em observações lunares e solares, e continua funcional para o cotidiano costeiro.
O que pode acontecer no futuro com Terra e Lua?
Se o processo de afastamento continuar, a Lua pode, teoricamente, chegar a um ponto de travamento gravitacional com a Terra em cerca de 50 bilhões de anos. Nesse cenário, ambos mostrariam sempre a mesma face um ao outro. No entanto, esse evento ocorrerá muito depois de o Sol já ter destruído a Terra ao se tornar uma gigante vermelha.
- O travamento gravitacional é um fenômeno real, mas distante
- Não representa preocupação prática para a humanidade
- Evaporação dos oceanos ocorrerá antes, por conta do aumento da radiação solar
- Em cerca de 1 bilhão de anos, o calor solar tornará a Terra inabitável
Curiosidade: O afastamento lunar tornará os eclipses solares menos frequentes e menos completos, já que a Lua parecerá cada vez menor no céu.
Por que isso importa para o Brasil e o mundo?
Apesar de parecer distante, o afastamento da Lua altera ciclos naturais essenciais para o clima, os oceanos e o equilíbrio gravitacional do planeta. O Brasil, com mais de 7 mil km de litoral, continuará sendo moldado por essas forças celestes, ainda que de forma imperceptível no presente.
Tradições como a navegação artesanal, a coleta de mariscos e o cultivo de mangues dependem da previsibilidade das marés — um sistema que continua funcionando com base na atual relação Terra-Lua, ainda estável por muitos milhões de anos.