Xícara de café sobre a mesa representando o consumo diário e o café em excesso
O café faz parte da rotina, mas o consumo em excesso pode impactar o sono e o bem-estar ao longo do dia - Créditos: depositphotos.com / AntonMatyukha

O café faz parte da rotina de grande parte da população e está presente em diferentes momentos do dia, sendo associado a maior disposição, foco e sensação de alerta, especialmente em períodos de trabalho ou estudo mais intenso; porém, o consumo exagerado de cafeína pode transformar um hábito comum em um fator de risco para o bem-estar físico e mental.

Nos últimos anos, o debate sobre café em excesso ganhou espaço em consultórios médicos, pesquisas científicas e até em conversas cotidianas. Profissionais de saúde têm chamado atenção para a quantidade de xícaras ingeridas ao longo do dia, o horário em que a bebida é consumida e o impacto disso no sono, no humor e na saúde do coração. O tema envolve não só quem toma café puro, mas também quem consome energéticos, chás pretos, refrigerantes à base de cola e suplementos com cafeína.

O que é considerado café em excesso no dia a dia

O termo café em excesso não tem o mesmo significado para todas as pessoas, mas há referências usadas como parâmetro. Estudos internacionais indicam que, em adultos saudáveis, a ingestão de até cerca de 400 mg de cafeína por dia é o limite seguro, o que equivale, em média, a quatro xícaras pequenas de café coado.

É importante lembrar que a cafeína está presente em diversas fontes além do café, o que facilita ultrapassar esse limite sem perceber. A tolerância varia conforme idade, peso, uso de medicamentos, presença de doenças cardiovasculares, ansiedade e qualidade do sono, exigindo atenção especial de crianças, adolescentes, gestantes e pessoas com problemas cardíacos.

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Como o café em excesso afeta o bem-estar físico e mental

Café quente servido em casa associado à rotina e ao excesso de cafeína.
O horário e a quantidade de café influenciam diretamente na qualidade do sono e no humor – Créditos: depositphotos.com / AlekseyPatsyuk

O consumo elevado de café pode alterar o funcionamento do organismo em diferentes sistemas, com sinais como inquietação, tremores leves, taquicardia, dor de cabeça e dificuldade para relaxar. Em algumas pessoas, o estimulante também pode desencadear irritabilidade, queda de rendimento ao longo do dia e dificuldade de concentração após o pico inicial de energia.

O impacto no sono é uma das principais preocupações, pois a cafeína reduz a sonolência e pode atrasar o início do sono, além de fragmentar as fases mais profundas do descanso. Em indivíduos predispostos, o café em excesso ainda pode agravar quadros de gastrite, refluxo e aumento da pressão arterial, afetando a qualidade de vida ao longo do tempo.

  • Sintomas frequentes: palpitações, agitação, ansiedade, insônia e desconforto gastrointestinal;
  • Riscos potenciais: piora da qualidade do sono, desregulação do humor e sobrecarga cardiovascular em pessoas vulneráveis;
  • Situações de atenção: aumento progressivo da dose para obter o mesmo efeito e dificuldade para passar o dia sem cafeína.

Como identificar quando o café virou um problema

Reconhecer que o café em excesso passou a ser um obstáculo ao bem-estar nem sempre é simples, pois muitos associam o cansaço apenas à rotina corrida. Alguns sinais, porém, indicam que a bebida deixou de ser um apoio pontual e passou a ocupar um papel central na manutenção da disposição diária.

  1. Necessidade de tomar café logo ao acordar para “funcionar”;
  2. Aumento da dose ao longo das semanas para obter o mesmo nível de alerta;
  3. Dificuldade para reduzir o consumo, com sintomas como dor de cabeça, sonolência intensa ou irritabilidade;
  4. Relatos frequentes de insônia, sono leve ou sensação de acordar cansado;
  5. Palpitações, aperto no peito ou ansiedade após várias xícaras seguidas.

Quando esses sinais aparecem, especialistas recomendam avaliar com mais detalhes o padrão de consumo, incluindo horário das xícaras, outras fontes de cafeína e relação com momentos de estresse. Em alguns casos, pode ser útil anotar por alguns dias a quantidade ingerida e os sintomas físicos e emocionais, o que ajuda a identificar padrões e ajustar o hábito.

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Como reduzir o café em excesso com menos desconforto

A diminuição do consumo de cafeína costuma ser melhor tolerada quando feita de forma gradual, evitando cortes bruscos que geram dor de cabeça, sonolência exagerada e queda abrupta de energia. Uma estratégia é reduzir uma xícara por vez a cada alguns dias, priorizando a retirada das doses do fim da tarde e da noite, que mais interferem no sono.

Algumas medidas práticas podem ajudar nesse processo e contribuir para manter a energia sem depender apenas do café, favorecendo uma rotina mais equilibrada.

  • Substituir, aos poucos, uma das xícaras de café por chá sem cafeína ou por água;
  • Optar por café descafeinado em determinados momentos do dia;
  • Evitar tomar café para “compensar” poucas horas de sono, priorizando a higiene do sono;
  • Associar o consumo da bebida a momentos específicos, evitando “beliscar” café o dia todo;
  • Observar como o corpo reage à redução, ajustando o ritmo conforme a resposta e buscando orientação profissional se necessário.

Além disso, hidratação adequada, alimentação balanceada e pausas regulares durante o trabalho ajudam a preservar a sensação de disposição ao longo do dia. Quando há doenças pré-existentes, uso de medicamentos contínuos ou sintomas intensos relacionados ao uso de cafeína, a orientação de um profissional de saúde torna-se especialmente importante para ajustar o consumo de forma segura.