Opel Kadett 1968 - Dream Car Museum - Foto Gabriel HP Martins(Divulgação)
Opel Kadett 1968 - Dream Car Museum - Foto Gabriel HP Martins(Divulgação)

Rio de Janeiro - O Opel Kadett 1968, que por mais de 20 anos ficou esquecido em uma garagem de São Paulo, ganhou uma nova vida e se tornou um ícone do cinema mundial. O modelo, que foi restaurado e usado no filme “Ainda Estou Aqui”, teve um papel de destaque na produção brasileira que venceu o Oscar de Melhor Filme Internacional. Agora, o carro está em exposição no Dream Car Museum, em São Roque (SP), até o dia 17 de março, antes de ser leiloado no dia 22.

Uma jornada do esquecimento à glória

O veículo, que hoje se destaca com sua pintura vermelha marcante, nem sempre teve essa aparência. Originalmente, o Kadett era amarelo com teto preto de vinil. Após passar anos parado, sofrendo com ferrugem e umidade, foi adquirido por um colecionador gaúcho, que restaurou completamente o carro. A transformação foi tão impressionante que rendeu ao veículo um prêmio na Expoclassic, o maior evento de carros antigos em área coberta do Brasil, realizado em Novo Hamburgo (RS).

Opel Kadett 1968 – dono gaúcho, Alexandre Gireli – Acervo pessoal

O carro, que se acredita ter sido importado ainda zero-quilômetro da Alemanha para o Brasil, foi encontrado pelo colecionador Ricardo Antônio Amoedo, conhecido como Ricardo Jacó, na década de 1990. Ele adquiriu o veículo de um barbeiro em São Paulo por R$ 1,5 mil. Porém, após utilizá-lo por um tempo, o deixou esquecido na garagem.

Opel Kadett 1968 parado na garagem – Foto acervo pessoal
Opel Kadett 1968 na Expoclassi 2016 – Foto Divulgação

Em 2015, um colecionador do Rio Grande do Sul resgatou o Kadett e, três meses depois, ele foi comprado pelo médico Alexandre Gireli Colcete, vice-presidente financeiro do Veteran Car Club Novo Hamburgo. O carro passou por uma restauração completa, incluindo nova pintura e mecânica revisada, mas mantendo o interior original em excelente estado.

O Kadett no cinema

O Kadett Opel 1968 entrou para o mundo do cinema em 2023, quando foi escolhido para integrar a produção do filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles. O carro foi selecionado pelo empresário Fábio Costa Martins, dono da empresa Veículos de Cena, especializada no aluguel de automóveis para produções de TV e cinema.

O modelo precisava ser vermelho, exigência da produção do filme. Em apenas cinco dias, o carro foi desmontado, pintado e montado novamente. Além da mudança estética, foram feitas melhorias para reduzir ruídos, atendendo ao alto padrão de exigência do diretor.

Opel Kadett 1968 – Dream Car Museum – Foto Gabriel HP Martins(Divulgação)
Opel Kadett 1968 – Dream Car Museum – Foto Gabriel HP Martins
Opel Kadett 1968 – Dream Car Museum – Foto Gabriel HP Martins

As gravações começaram em junho de 2023, no Rio de Janeiro, e o veículo permaneceu à disposição da equipe por sete meses. O Kadett aparece em várias cenas importantes, incluindo o momento emblemático em que Rubens Paiva (Selton Mello) sai para dirigir pela última vez. Ele também foi conduzido pela atriz Fernanda Torres, que interpreta Eunice Paiva.

Após o fim das filmagens, foi necessária uma sessão extra para gravação de sons essenciais, como o ligar do motor e o fechamento das portas, usados na edição do longa-metragem.

Opel Kadett 1968 – Dream Car Museum – Foto Gabriel HP Martins
Opel Kadett 1968 – Gravações – Foto Fábio Martins

Exposição e leilão

Atualmente, o Kadett Opel ocupa uma posição de destaque no Dream Car Museum, na ilha central rotativa, permitindo que os visitantes o fotografem e filmem. O espaço ainda conta com réplicas de quatro Batmóveis e tributos a filmes como “Carros” e “Speed Racer”.

Opel Kadett 1968 – Gravações – Foto Fábio Martins

No entanto, o carro permanecerá no museu apenas até o dia 17 de março. No dia 22, ele será leiloado, e a expectativa é que seu valor ultrapasse R$ 300 mil, superando até mesmo esportivos de luxo.

Para um carro que passou décadas esquecido, seu destino se transformou completamente: de um modelo condenado à ferrugem para uma estrela do cinema e do colecionismo.

Fábio Martins e o filho Gabriel – Foto Fernanda Ferreira