O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) acionou, na tarde deste domingo (5), a Polícia Federal para investigar a imagem de uma prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023 que circula nas redes sociais e em grupos do WhatsApp.
A assessoria de imprensa do Inep confirmou a reprodução da imagem e a medida adotada. “Supostas imagens da prova do Enem passaram a circular nas redes sociais, depois do início da aplicação do exame. Acionamos a Polícia Federal que está investigando para tomar as providências cabíveis”, informou.
A imagem reproduzida na internet mostra a página 19 do caderno de provas do tipo 3, branco. Na fotografia, há o tema da redação: “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”, bem como instruções aos candidatos para redigirem a dissertação, como número de linhas da folha, uso de caneta preta e penalidade com nota zero quando houver fuga do tema proposto. A imagem mostra ainda quatro textos de apoio relacionados ao tema proposto.
Proibição
Pelas regras do Enem, descritas no edital do Enem 2023, não é permitido o uso de eletrônicos no local de prova, nem postar fotos do exame durante a aplicação da prova. Os participantes flagrados tirando fotos das provas estão cometendo um crime e são, automaticamente, eliminados do Enem.
Os portões dos locais de prova do Enem fecharam às 13h, deste domingo. As provas foram iniciadas às 13h30. A partir de 15h30, os candidatos puderam sair das salas, mas sem o Caderno de Questões da prova – o que pode ocorrer somente a partir dos últimos 30 minutos que antecedem o término da prova, neste caso, a partir de 18h30.
Portanto, segundo edital, é motivo de eliminação do candidato a saída em definitivo da sala de provas com o Cartão-Resposta, a folha de redação ou qualquer material de aplicação, antes dos 30 minutos finais do exame, com exceção do Caderno de Questões.
Ausências
O primeiro dia de aplicação das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2023, neste domingo (5), registrou ausência média nacional de 28,1%. Os dados são premilinares com base em 98% dos locais em que o exame foi realizado. Foram mais de 3,9 milhões de inscritos neste ano. Ao todo, fizeram o exame 71,9% dos candidatos, em mais de 132 mil salas de 1.750 municípios brasileiros. A abstenção foi similar à registrada no ano passado (28,3%).
O balanço do dia de aplicação foi feito pelo ministro da Educação, Camilo Santana, e o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Manuel Palácios, em coletiva de imprensa na noite deste domingo. Neste primeiro dia, os estudantes fizeram as provas de linguagens; códigos e suas tecnologias; e ciências humanas e suas tecnologias, além da redação.
Com cerca de 13,1% a mais de inscritos em 2023, o ministro da Educação comemorou o que chamou de reversão de tendência de queda de participação no exame, que é a principal forma de acesso para quem deseja uma vaga no ensino superior no país. “Tivemos cerca de 500 mil inscritos a mais comparado ao ano de 2022. É um esforço também que o governo tem feito para retomar que nossos jovens realizem o Enem, a esperança de fazer universidade”, destacou Camilo Santana. Neste ano, foram 3.939.242 inscrições confirmadas. No ano passado, foram registradas 3.476.105 inscrições.
Na 25ª edição do exame, pela primeira vez, os gráficos e as figuras das provas foram impressos em formato colorido para facilitar às pessoas que são daltônicas ou tenham problemas de visão. O cartão-resposta também foi ampliado também para pessoas com alguma deficiência visual.
Incidentes
Segundo o balanço apresentado por Santana, o primeiro dia de provas do Enem 2023 teve 4.293 candidatos eliminados por violações, como portar equipamento eletrônico, ausentar-se da sala antes do horário permitido (15h30), utilizar impressos e não atender orientações dos fiscais. Todas essas regras estão previstas no edital.
Também foram contabilizados 905 candidatos que tiveram problemas durante a aplicação das provas, que envolveram emergências médicas, interrupções temporárias de energia e desabastecimento de água.
Estudantes que foram prejudicados por condições climáticas e problemas de logística, e também aqueles que foram alocados em locais de prova em distância maior do que a previsão do edital (30 quilômetros), poderão solicitar a reaplicação das provas para os dias 12 e 13 de dezembro. Os casos de doenças e questões de saúde que impediram a realização da prova também dão direito à reaplicação. O requerimento será disponibilizado pelo Inep.
Foto do exame
O ministro e o presidente do Inep, Manual Palácios, também comentaram sobre as investigações envolvendo a imagem de uma prova de redação do Enem 2023 que circulou nas redes sociais e em grupos do WhatsApp durante a tarde. A Polícia Federal (PF) foi acionada para investigar o caso.
“Essas imagens passaram a circular após o início da aplicação, e a solicitação é de que a PF faça as investigações necessárias, porque os estudantes só podem sair com as provas a partir das 18h30. Então, qualquer momento anterior às 18h30, constitui infração”, observou Palácios, que descartou qualquer envolvimento de servidores do Inep.
De acordo com Camilo Santana, duas diligências da PF para identificar os responsáveis pela divulgação das fotos foram realizadas em Pernambuco e no Distrito Federal.
A imagem reproduzida na internet mostra a página 19 do caderno de provas do tipo 3, branco. Na fotografia, há o tema da redação: “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”, bem como instruções aos candidatos para redigir a dissertação: como número de linhas da folha, uso de caneta preta e penalidade com nota zero quando houver fuga do tema proposto. A imagem mostra ainda quatro textos de apoio.
Pelas regras do Enem, descritas no edital deste ano, não é permitido o uso de eletrônicos no local de prova, nem postar fotos durante a avaliação. Os participantes flagrados tirando fotos das provas estão cometendo um crime e são, automaticamente, eliminados do Enem.
Exame
O Enem é considerado a principal porta de entrada para instituições de ensino superior nacionais e em Portugal e ocorre nas 27 unidades da federação, em dois domingos consecutivos (5 e 12 de novembro). O resultado do Enem é usado para ingresso nas universidades públicas, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) ou para bolsas em universidades privadas pelo Programa Universidade Para Todos (Prouni). O exame também é usado para acesso ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), do Ministério da Educação (MEC). Este é o programa do governo que financia mensalidades em instituições privadas.
A maior parte dos candidatos do Enem (mais de 1,8 milhão) já concluiu o ensino médio (48,2%), enquanto 1,4 milhão de inscritos devem concluir o segmento em 2023 (35,6%). Há ainda os alunos que ainda não concluíram o ensino médio e participam como treineiros, com o objetivo de testar conhecimentos.
Primeira prova do Enem teve mais textos e nível de dificuldade médio
O primeiro dia de prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) terminou e, para quem fez o exame, agora o plano é descansar e se preparar para as provas do próximo domingo (12). Segundo estudantes, a prova foi cansativa, com menos gráficos e tirinhas e mais texto do que edições anteriores. Professores classificaram como médio o nível de dificuldade desta edição.
Quando Cintia Oliveira, 45 anos, deixou o local de prova, a filha, Maria Eduarda Oliveira, 24 anos, já estava no portão esperando por ela. “Em 2017, foi ela que veio me buscar e agora eu vim com ela”, diz a filha, que com a nota do Enem entrou no curso de conservação e restauração na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A mãe, que é costureira, quer usar a nota do Enem para entrar no curso superior. Ela ainda está decidindo o curso, mas pretende entrar na área de logística.
“Não estava difícil não, só não me preparei tanto quanto gostaria”, diz Oliveira. “Não tive muito preparo, chego do trabalho tarde, não estou fazendo cursinho, busco o conteúdo na internet, então, estudar em casa é mais difícil. Achei que tinham muitas questões voltadas para mulheres, preconceito, questões indígenas. Achei bem interessante”, complementa. Oliveira agora prepara-se para o segundo dia de exame e espera ir com a filha também para a faculdade.
Neste domingo (5), os candidatos resolveram questões de linguagens e ciências humanas, além da redação. No próximo domingo (12), as provas serão de ciências da natureza e matemática. Ao todo, são 180 questões, sendo 45 de cada área do conhecimento.
Gabrielle Gomes, 20 anos, que pretende cursar publicidade, audiovisual ou fisioterapia, fez a prova do Enem pela segunda vez. “Confesso que estou tranquila, estava bem nervosa, mas agora estou mais tranquila. Agora é esperar a segunda fase, se Deus quiser, vai dar tudo certo”. A estudante diz que não conseguiu estudar muito, mas não achou a prova muito difícil. “Estou aqui pela segunda vez, mas ainda vejo como teste, para ano que vem melhorar mais e fazer o curso que quero”.
Carks Suarez, 20 anos, conta que foi surpreendido pelo tema da redação do Enem: Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil. “Fui pego de surpresa. Decidi não fazer porque não compreendi muito. Acho que faltou da minha parte conteúdo explicativo do que era para fazer. Acho que não compreendi direito o que eu tinha que explicar”, diz.
Não tirar a nota zero na redação é pré-requisito para participar de programas federais de vagas e bolsas no ensino superior. Suarez diz que sabe que isso o prejudicará. Mesmo assim, ele vai fazer o segundo dia de prova, para testar os conhecimentos. “Eu sou bom em números e questões de química, acho que me darei melhor. Hoje vou descansar bastante, comer um pouco e me preparar para mais”, diz.
Pedro Henrique Cabral, 17 anos, também pretende descansar. Este foi o primeiro Enem que fez. Ele termina este ano o ensino médio. “Foi cansativo, mas não é muito difícil. Achei a prova tranquila, mas acho que vencem você na base do cansaço. Teve cinco questões que não consegui fazer por cansaço”, conta.
Nível médio
Na avaliação do professor e autor do Colégio e Sistema pH Diogo D’Ippolito, a prova deste domingo teve nível de dificuldade médio para fácil, além disso, segundo ele, muitos conteúdos trabalhados ao longo do ensino médio ficaram de fora da avaliação. “Considero com abrangência média com relação aos temas do ensino médio, não passou por todos os temas trabalhados no ensino médio, o que já era de se esperar. Isso, entretanto, não invalida a relevância das questões, com temáticas socialmente importantes como racismo e questões de gênero”, diz.
Segundo ele, as questões estavam bem trabalhadas e desafiavam os estudantes a associarem o conteúdo à vida real, ao cotidiano e a pensarem isso de forma crítica. De acordo com o professor, a prova contou com menos imagens do que edições anteriores do Enem.
O diretor do Curso Anglo, Sérgio Paganim, concorda com D’Ippolito. “É uma prova com muito texto. Houve poucos gráficos, tirinhas, imagens, campanhas publicitárias, o que já foi uma tônica do Enem. A gente tem, na verdade, fundamentalmente, uma prova com uma quantidade muito grande de textos, de diversos gêneros textuais, mas textos verbais, escritos, o que leva à exaustão”, diz.
A presença dos textos, no entanto, faz com que o Enem seja menos conteudista. “Claro que cobra alguns conteúdos, mas a leitura dos textos é fundamental para estabelecer a relação entre a atualidade, entre os problemas sociais e entre os conhecimentos específicos das disciplinas abordadas”.
O Enem é a principal porta de entrada para a educação superior no Brasil, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do Programa Universidade para Todos (Prouni) e do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). A nota também pode ser usada para ingresso em universidades no exterior.