O Rio de Janeiro voltará a ser sede de uma bolsa de valores. O prefeito Eduardo Paes e o CEO do Americas Trading Group (ATG), Claudio Pracownik, fizeram o anúncio na terça-feira (3/7), na sede da Associação Comercial do Rio de Janeiro. A nova bolsa está prevista para iniciar suas operações no segundo semestre do próximo ano.
A ATG é uma empresa de tecnologia especializada na negociação de ativos financeiros. Já atua no Brasil, em diversos países da América Latina e nos Estados Unidos, proporcionando uma plataforma que permite aos clientes operar em bolsas e outros mercados.
Desde 2023, a empresa é controlada pela Mubadala, dos Emirados Árabes Unidos. A localização exata da nova bolsa na cidade do Rio de Janeiro ainda está em processo de definição. Durante a cerimônia, o prefeito Eduardo Paes sancionou a lei municipal que incentiva a instalação da bolsa de valores na cidade.
Virei paulista Faralimer Meu! SQN!
— Eduardo Paes (@eduardopaes) July 3, 2024
A BOLSA DE VALORES DO RIO TÁ CHEGANDO, MEU!
Alô condado, @FariaLimaElevat @Arthuritofaria1 e @Ofaustocarvalho , chega aí que aqui o beach tennis é na praia de verdade!
Agradeço ao presidente @CarloCaiado e vereadores da @camarario que… pic.twitter.com/Q1dzVdOILj
O evento contou com a presença de várias autoridades, incluindo o presidente da ACRJ, Josier Vilar, o presidente da Câmara de Vereadores, Carlo Caiado, o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico, Chicão Bulhões, e o secretário estadual de Planejamento e Gestão, Adilson Faria.
– O Rio tem uma parte importante da força econômica do Brasil: a Vale está aqui, a Globo tá aqui, a teledramaturgia da Record está no Rio. Mas onde está o setor produtivo? A gente tem um monte de coisas interessantes acontecendo no setor privado do Rio, mas a gente não consegue levantar essa turma. A volta da bolsa de valores é a ponta do iceberg. É o esforço do governador, prefeito, atores políticos. O setor privado percebeu que tem uma concorrência a ser feita com São Paulo. Começamos a criar um ambiente econômico, um conjunto de atrativos, de novos mercados que surgirão – afirmou o prefeito Eduardo Paes, ao defender a importância do retorno da bolsa à cidade.
Bem-humorado, o prefeito ainda destacou a qualidade de vida para quem trabalha no setor, na comparação entre Rio e São Paulo.
– Esse é um mercado que dá pra ser home office. Não precisa estar físico. Se o sujeito consegue fazer isso jogando beach tennis de manhã, pegando uma bike, subir a Vista Chinesa e depois trabalhar, isto não é trivial na vida das pessoas. As pessoas querem produzir e ganhar dinheiro, mas buscam qualidade de vida. Um lugar que faça bem a elas, O Rio tem potencial fantástico, uma realidade fantástica.
Incentivos Fiscais
O Projeto de Lei 3276/2024, de iniciativa da Prefeitura do Rio, foi aprovado pela Câmara de Vereadores no dia 25 de junho, com 37 votos a favor e 5 contra. A nova legislação reduz o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) para 2% sobre as atividades desempenhadas por uma bolsa de valores, mercadorias e futuros, bem como sobre as atividades de sociedades que atuam na negociação, liquidação e custódia de ativos financeiros. Essa mudança legislativa foi fundamental para a decisão do ATG de transformar o Rio de Janeiro em um importante centro financeiro do país, após mais de 20 anos do fechamento da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ).
– A gente recupera esse símbolo, de retomada da economia da cidade do Rio de Janeiro – festejou o secretário Chicão Bulhões. E destacou a importância do mercado financeiro para a economia carioca: – É o quarto maior pagador de ISS da cidade, mais de um bilhão e meio de reais. São quase 70 mil pessoas trabalhando no setor, que com a bolsa, vai ganhar nova dimensão. Atraindo mais investidores para cá.
Impacto no Mercado de Capitais
Claudio Pracownik, CEO do ATG, ressaltou que a criação de uma segunda bolsa de valores no Brasil demonstra a maturidade do mercado de capitais nacional, atraindo investidores internacionais. Ele destacou que a concorrência entre bolsas promove eficiência, redução de riscos e a criação de novos produtos financeiros. A nova sede no Rio de Janeiro trará benefícios econômicos significativos para a região.
– A nova bolsa terá sua sede administrativa localizada no Rio de Janeiro. Isso é muito importante para a cidade e para o Estado. O Rio voltará a ser um grande centro de negócios, atraindo investidores, e isso tem uma relevância enorme. Nós esperamos que este seja o marco inicial do renascimento do mercado financeiro no Rio de Janeiro -, resumiu o CEO do ATG.
Importância do Setor Financeiro
Uma pesquisa da Prefeitura do Rio mostra que o setor financeiro é um dos principais contribuintes fiscais da cidade. Entre 2021 e 2023, o setor foi o quarto maior pagador de ISS, com uma arrecadação de R$ 1,5 bilhão, representando 9,1% da arrecadação total. O setor emprega 68,5 mil trabalhadores, gerando 2,7 mil novos empregos no período. Além disso, o salário médio no setor financeiro carioca é de R$ 9,5 mil por mês, bem acima da média nacional de R$ 3,8 mil.
O presidente da Câmara de Vereadores, Carlo Caiado, exaltou a união dos poderes no esforço de trazer a bolsa para o Rio de Janeiro:
– Após mais de 20 anos, a cidade vai ganhar uma nova Bolsa de Valores. A lei proposta em parceria pelo executivo e pelo legislativo foi aprovada com ampla maioria. A Câmara fez reunião com os setores financeiros e mostrou a importância da lei para especialistas, empresário. Será uma revitalização do mercado financeiro carioca. A nova Bolsa de Valores vai incentivar investimentos diretos e indiretos, estimular emprego e promover crescimento econômico e inovação tecnológica – contou.
Mercado Financeiro Carioca
O Rio de Janeiro possui mais de 4 mil fundos de investimento, representando 17,6% do total nacional. A cidade também administra R$ 2,2 trilhões em patrimônio, o que equivale a 34% dos investimentos no país. Com 1,1 milhão de investidores, o Rio detém 22,6% dos cotistas e 20,4% das assets no Brasil. Esses dados estão detalhados no estudo “Setor Financeiro do Rio”, disponível em http://observatorioeconomico.rio.
O presidente da ACRJ, Josier Vilar, destaca a retomada da cidade nesse setor.
– Nós precisávamos demais ter essa bolsa de valores no Rio. Ela é simbólica icônica. É óbvio: se tem uma bolsa de valores aqui, a riqueza vem pra cá também. É um negócio muito bom pra o Rio de Janeiro.
Conclusão
A reativação de uma bolsa de valores no Rio de Janeiro, com apoio legislativo e incentivos fiscais, promete revitalizar o setor financeiro da cidade, gerando empregos e atraindo investimentos. A expectativa é de que a nova bolsa fortaleça a posição do Brasil no cenário financeiro global.