Saiba por que as Criptomoedas e Precatórios podem ser bons negócios
Você já deve ter ouvido falar sobre os pontos positivos e possibilidades de altos ganhos, mas será que já se informou sobre os riscos de se investir em Criptomoedas? E investir em Precatórios, você provavelmente também já ouviu falar?
Nem todos os sites e conteúdos estão dispostos a mostrar o outro lado da moeda, mas é importante estar atento aos riscos desses tipos de investimentos alternativos.
Todo o burburinho que está sendo feito, após o disparo dos valores das criptomoedas, tem, cada vez mais, chamado a atenção dos interessados — que podem acabar se esquecendo que, nem tudo é como parece, especialmente por conta da empolgação e ausência de um comando centralizado
O bitcoin e as demais criptomoedas são protegidas por um sistema que tem se mostrado eficiente, o blockchain. Até então, jamais foram registrados nenhum tipo de ataque bem-sucedido ao sistema em si, o que afetaria milhões de usuários. Mas, como sabemos, hackers são tão capacitados quanto aqueles que desenvolvem os sistemas de proteção. E se um dia um ataque do tipo fosse efetivo?
A questão é que, sem uma instituição que regulamente e controle as criptomoedas, os usuários que perdessem suas cotas, em caso de algum ataque hacker, ficariam sem suporte. É justamente essa incerteza que age contra esses ativos. Além disso, há também as carteiras digitais, que é onde as moedas são armazenadas. Essas, sim, já sofreram ataques, o que estimula o uso de carteiras offline.
Atualmente, não há uma autoridade mundial ou instituição que regulamente as regras de investimentos e outros pontos importantes em relação às criptomoedas. Trazendo para um contexto mais simples, não existe uma instituição como um Banco Central Mundial para as moedas digitais. De certa forma, isso pode parecer interessante, já que decisões são tomadas coletivamente. Mas, e se isso parar de acontecer?
Discordâncias podem ocorrer a qualquer momento e a ausência de uma instituição reguladora pode fazer falta. A tomada de decisões acaba ficando prejudicada, o que pode causar uma instabilidade da moeda.
O universo das criptomoedas tem suas próprias características, o que inclui questões como o número de moedas disponíveis para negociação no mercado, além de outras questões importantes. Sem uma instituição regulamentadora, essas informações e definições sobre a moeda estão passíveis de mudanças a qualquer momento.
Um acontecimento recente funciona como um bom exemplo desse tipo de risco. Há uma limitação de moedas no mundo. É justamente essa limitação que faz com que a oferta seja menor que a procura, ou seja, possibilita essa grande valorização. A questão é que foi sugerido o aumento desse número para distribuir melhor as moedas e diminuir a concentração de montantes, o que causou insatisfação de quem as possui.
O RISCO DA CHINA
A China é um país conhecido por suas restrições amplas, diferentes de nossa cultura. Entre essas restrições está a internet. O país dispõe de um firewall poderoso, que controla o acesso aos diversos recursos da rede mundial de computadores. A principal relação do país atualmente são com os mineradores, ou seja, os responsáveis por registrar transações da moeda.
Esses elementos fundamentais para o funcionamento da rede da moeda estão concentrados em grande parte da China, compreendendo cerca de 50% dos mineradores de criptomoedas no mundo. E se, repentinamente, o governo do país resolvesse intervir nas atividades dessas pessoas? Esse é um dos riscos reais de se investir em e que poderia causar transtornos, em proporções gigantescas, a todos os investidores.
ALTA VOLATILIDADE
No mundo tecnológico, tudo é muito dinâmico e pode mudar de uma hora para outra. As criptomoedas sofrem exatamente esse reflexo no que diz respeito à valorização. A volatilidade é muito alta, o que expõe ainda mais o risco de investir altos valores nesse tipo de mercado especulativo. Fatores que colaboram para isso são, especialmente, a restrita quantidade de moedas e a utilização ainda limitada.
O Brasil ainda não tem uma regulamentação específica, mas a Bolsa de Valores e a CVM já começam a aceitar fundos de investimentos em cestas de moedas, diluindo mais os riscos dos investidores.
Sugiro uma inserção modesta neste mercado, necessariamente através de fundos de investimentos supervisionados pela CVM (Comissao de valores mobiliarios), pois assegura um acompanhamento mínimo por um órgão regulador.
PRECATÓRIOS
Quando a Justiça condena um órgão público a pagar um valor por alguma ação judicial, essa dívida é chamada Precatório. Ele é um título judicial que gera um crédito e funciona mais ou menos naquela máxima popular “Devo, não nego. Pago quando puder”.
A dívida é reconhecida tanto pelo devedor como pela Justiça, mas o prazo de pagamento é, assim, um tanto indefinido. Para se ter uma ideia, a fila de pagamento de precatórios do estado de São Paulo está em 2002. As pessoas (ou empresas) que estão recebendo agora esperaram 17 anos desde a decisão para receber o dinheiro.
Mas, isso varia. No Rio de Janeiro, o atraso é de 3 anos (pois é, logo no estado em que a situação das contas públicas não anda boa).
Comprar Precatórios não é uma prática nova, tampouco é ilegal. É legítima. Por ter preços altos, muitos Precatórios costumavam ser inacessíveis para pequenos investidores.
Todo Precatório tem correção monetária e juros. Mas não é nada extraordinário. Até porque os juros são simples, não compostos. Eles incidem apenas uma vez sob o valor corrigido.
Onde se ganha dinheiro mesmo nesse tipo de transação é no desconto na compra do Precatório ou o famoso deságio. Você compra um papel que vale, por exemplo, R$ 70 mil por R$ 50 mil. Quem vende abre mão do valor cheio para receber logo o dinheiro. Quem compra, fica com o valor integral do precatório, mais a correção, os juros, descontando a comissão da corretora ou dos intermediários.
RISCOS
Os investimentos em Precatórios não são regulados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pois esse ativo não entra no hall de valores imobiliários, porém são considerados ativos reais, uma vez que são recebíveis judiciais registrados nos tribunais.
Empresas sérias do ramo contam com times de advogados de ponta e buscam realizar processos transparentes, com conferências de documentos e garantia de liquidação por escritura pública de cessão de direitos, garantindo que o investidor vai receber o dinheiro diretamente, no momento em que o Precatório seja pago pelo órgão devedor.
Outro detalhe é que o investidor só recebe/saca o valor do investimento quando o Precatório é pago. Às vezes, demora. Outras, nem tanto. A liquidez desse investimento é bem interessante em empresas que concentram grande número de investidores, pois estes revendem internamente com mais facilidade e agilidade, quase sempre com ganhos acima do CDI.
Nenhuma das empresas garante pagamento no prazo estimado, o que é um risco, mas tentam calcular com o máximo de precisão a previsão de quando o órgão devedor pagará a dívida, já que os tribunais exigem planos de pagamentos dos entes devedores. As empresas fazem um levantamento dos órgãos com contas mais sadias e que pagam com mais agilidade.
Ao longo dos anos, foram sendo estipulados dispositivos que, pouco a pouco, fecham o cerco para os órgãos devedores.
No passado era muito mais difícil porque não tínhamos meios de fazer os governos pagarem. Hoje, há várias ferramentas. Inclusive, o Presidente do Tribunal que deixar de cumprir essas funções (para pagamento) responde por crime de responsabilidade.
Por regra, quase todos os entes pagam alguma coisa anualmente. Não podemos esquecer que está em vigor uma Emenda à Constituição que prevê que todas as dívidas com Precatórios façam parte de um estoque único e sejam quitadas até o ano de 2029.
Para quem tem um Precatório a receber, pode ser interessante vender esse título se houver urgência pelo pagamento. As negociações costumam funcionar assim: a pessoa recebe agora um pagamento com desconto, em vez de esperar que a dívida seja quitada pelo estado ou município pelo valor cheio.
Marcos Paulo Curcio é especialista no mercado financeiro, com grande expertise em produtos financeiros. Possui 30 anos de atuação em instituições financeiras e bancos de investimentos, como no Banco Prosper S/A – RJ, sempre focado na gestão da área comercial. É agente autônomo de investimentos autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários desde 2006 e CEO da Multiplx, empresa especializada em cessão de direitos creditórios.