Nova Música

Quando Zélia Cristina se tornou Zélia Duncan

A cantora e compositora de Niterói também passou por Brasília, onde ficou amiga de Cássia Eller, e mudou seu sobrenome quando assinou com uma multinacional do disco

Quando Zélia Cristina se tornou Zélia Duncan

Que a Zélia Duncan é de Niterói, todo mundo sabe. Então, em uma dessas aventuras (2004) Zélia veio – acho que com a Mart’Nália – gravar voz em uma faixa do disco da cantora Crikka Amorim, produzido pelo Arthur Maia no Estudio Arte, em Itaipu.

Como eu trabalhava meio de assistente de produção do Arthur naquela época, buscando me envolver mais para produzir alguém com ele, eis que conheci as convidadas. Foi meu primeiro contato com a Zélia pessoalmente. Com a Mart’Nália também.

Mas muito antes, acho que 1989 ou 90, um festival iria acontecer no Ginásio do Salesianos, em Santa Rosa, e algumas atrações musicais eram novidade. Eu já escrevia no Jornal Lig (do saudoso Fernando Marcondes Ferraz) e consegui ingressos para ir assistir um show de uma nova cantora da cidade, Zelia Cristina – que estava lançando seu primeiro vinil pela gravadora Eldorado (de São Paulo). Então, na verdade, esse foi meu primeiro contato. Plateia.

Daí o tempo passou, escrevendo para revistas e jornais, tive em algumas coletivas dela – uma no Parque Lage, onde encontrei minha querida Christininha Fuscaldo – e fiquei sabendo que Duncan tinha aceitado um convite para cantar nos Mutantes. Foi quando pensei que talvez não fosse uma boa, mas como nunca fui próxima a ela e conheço o A&R da Sony (Bruno Batista) imaginei que era uma ação pontual de mercado, unindo várias forças: a Sony, um empresário (o Aluizer Malab, de MG) e o Serginho Dias (apesar de gênio) querendo voltar ao passado. A própria Zélia contou em entrevista ao Marcelo Tas que, após avisar à Rita Lee pelo telefone que participaria deste projeto, a mesma nunca mais lhe atendeu na vida.

Mas a Zélia foi formando sua identidade, desde aquele show no Ginásio do Salesianos Santa Rosa, em Niterói. Ralou. Escorpiana forte, passou por cima dos problemas que enfrentou. Em Brasília fez os barzinhos e turmas com Cássia Eller e tantas outras pessoas, voltou, seguiu. Mudou o nome artístico logo no comecinho da carreira, quando assinou com a WEA (Hoje, Warner Music).

Tenho a impressão de tê-la visto algumas vezes passeando com a mãe e um cachorrinho. Não tenho certeza, mas suponho que a mãe dela mora em Icaraí.

Mas o melhor momento com a Zélia tinha que ser aqui em Niterói mesmo: no Theatro Municipal, quando ela lançou o álbum ‘Pelo Sabor do Gesto’ (Universal Music) e, em 2009, fui lá dar um abraço pelo lindíssimo show, que tive a oportunidade de assistir na frisa esquerda – e quem conhece o Theatro Municipal de Niterói sabe que é um lugar ótimo. Este show foi dirigido por Ana Beatriz Nogueira. Quem me deu o ingresso dessa frisa foi a Márcia Santos, que eu amo muito, foi locutora da Fluminense FM (A Maldita!) e, depois, diretora de marketing da Universal Music. Trabalhamos juntos quando eu tinha 25 anos, meus tempos de PolyGram. Adivinha de onde a Marcinha? É de Niterói.

Que Zélia, Marcinha, além dos ensinamentos de Cássia e Rita, continuem sobrevoando as cabeças pensantes da música na cidade de Niterói.

Leonardo Rivera (www.astronautadiscos.com.br)