Rodrigo Jesus na oficina de pandeiro na escola do Barreto.
Foto: Divulgação

Uma oficina gratuita de samba em Niterói está transformando a segunda-feira no Barreto em ponto de encontro de alunos, músicos e histórias que marcaram o gênero. O projeto “Cirandeando com o Cacique” resgata a influência do Cacique de Ramos e do Fundo de Quintal com aulas práticas, repertório clássico e convidados especiais.

“Cirandeando com o Cacique”: oficina gratuita de samba em Niterói

O projeto cultural “Cirandeando com o Cacique” reúne alunos em uma nova oficina de samba em Niterói, inspirada na trajetória do lendário bloco Cacique de Ramos, celeiro de bambas e de instrumentos lançados pelos fundadores do Fundo de Quintal.

As aulas são gratuitas e acontecem às segundas-feiras, às 18h, na Escola Técnica Estadual Henrique Lage, no Barreto. Já passaram pela roda de conversa convidados como Paulão Sete Cordas e Andrezão do Cacique. Nesta segunda (1), véspera do Dia do Samba, o convidado é o músico e luthier de pandeiros Marcelo Pizzott, morador da cidade.

Instrumentos e oficinas oferecidas (até janeiro)

Com 140 inscrições e atividades até o final de janeiro, o projeto oferece oficinas de:

  • violão
  • cavaco
  • repique
  • tantan
  • pandeiro
  • surdo
  • tamborim

Quem dá as aulas: Grupo Ciranda e convidados

As aulas são conduzidas pelos músicos do Grupo Ciranda: Rodrigo Jesus (pandeiro), Dinho Rosa (repique e surdo), Rodrigo Reis (tantan) e Leandro Saramago (violão). Além disso, o time de professores conta com convidados: Bebeto Sorriso (tamborim) e Daniel Scisinio (cavaco).

Repertório do Fundo de Quintal e apresentações públicas

Além de receber, nas rodas de conversa, músicos com trajetórias marcadas pelo Fundo de Quintal, os sucessos do grupo também fazem parte do repertório das oficinas. Com alunos de idades e origens variadas, o “Cirandeando com o Cacique” pretende encerrar a programação com apresentações públicas da turma.

“Uma delas será no próprio Cacique de Ramos, como reverência e homenagem”, diz Rodrigo Jesus, coordenador do projeto. Ele lembra que, com o Ciranda, acompanhou por muito tempo o sambista Luiz Carlos da Vila, um dos grandes artistas frequentadores do Cacique.

O que Andrezão do Cacique viu no Barreto

Participante de projetos sociais e musicais há muitos anos, Andrezão do Cacique elogiou o que viu no Barreto e o interesse da turma. Ele conta que, quando começou, na era pré-internet, jovens que queriam tocar buscavam as baterias das escolas de samba, sem depender tanto de professores dispostos a ajudar.

“Aprendíamos na marra e prestando atenção nos mais velhos. Sobre o repique de anel, o instrumento lançado nos anos 1960 estava esquecido. Comecei a prestar a atenção e assimilei como ele era tocado em gravações dos discos de Clara Nunes e Roberto Ribeiro. Passei a ser chamado para as rodas por causa da minha batida com os anéis dos dedos no instrumento”, conta Andrezão, que depois teve o nome do bloco incorporado ao dele e fez sucesso no grupo Partideiros do Cacique.

Criatividade musical do Cacique e do Fundo de Quintal

Andrezão explica que já viajou e conheceu muitos músicos pelo mundo, mas que não viu nada como a criatividade musical do Cacique e do Fundo de Quintal. Ele menciona que, nos anos 1980, houve a invenção do repique de mão e do tantã, o que transformou as rodas de samba. Foi lá também que surgiu a adaptação do banjo com afinação de cavaquinho.

Como participar: local, apoio e fomento

Ainda com algumas vagas disponíveis, o projeto “Cirandeando com o Cacique” tem fomento do Governo Federal e do Ministério da Cultura, por meio da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural.

A iniciativa é uma realização do Campus Avançado e do Grupo Ciranda, com assessoria de produção da Realize Cultura e apoio da C Siston Produções, Mosaico Cultural e da Faetec, por meio da Escola Técnica Estadual Henrique Lage (ETEHL/Faetec), localizada na Rua Guimarães Júnior, 182, no Barreto.

Ao unir formação musical, memória do samba e acesso gratuito, o projeto amplia oportunidades culturais em Niterói e fortalece a conexão de novas gerações com uma das maiores tradições da música brasileira.