Cultura

IPHAN anuncia conclusão do processo de tombamento do MAC

IPHAN anuncia conclusão do processo de tombamento do MAC

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) anunciou na última quinta-feira, 22 de abril, que o processo de tombamento do Museu de Arte Contemporânea de Niterói foi definitivamente encerrado. O Museu faz parte de um conjunto de 27 obras que o arquiteto Oscar Niemeyer selecionou como as mais importantes em 4 cidades. Niterói é a única não-capital na lista.

De acordo com o Iphan, o conjuntou já era tombado, mas com a publicação do Comunicado de Tombamento, o processo foi finalmente concluído com um ato normativo. “O reconhecimento como Patrimônio Cultural do Brasil foi aprovado desde 2016, quando o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural decidiu à unanimidade pelo tombamento. Ainda assim, a publicação no DOU conclui o processo de acautelamento da edificação, representativa do estilo arquitetônico modernista e, ainda, demarcam capítulos importantes da história da cultura brasileira”, avaliou o arquiteto e antropólogo Lauro Cavalcanti em análise que consta no processo de tombamento. “Na obra do arquiteto brasileiro, a forma sempre foi ligada a um pensamento estrutural, a favor da indispensável função da beleza.”

O Museu

Quem visita a praça de 2.500 m² onde fica o Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói admira uma obra onde a técnica dá expressivo suporte à arte.

O MAC, projetado por Oscar Niemeyer e localizado no Mirante da Boa Viagem, em Niterói, é considerado, desde a sua criação, um dos mais belos ícones culturais e cartões postais da Cidade. Inaugurado em setembro de 1996, sua arquitetura do MAC se assemelha a de um disco voador e a fachada futurística oferece aos visitantes uma vista panorâmica inigualável.

A estrutura do MAC é complexa devido ao tipo de obra, solta no ar, com um único apoio central e forma circular. Com 16 metros de altura, 50 metros de diâmetro sua estrutura foi projetada para suportar um peso equivalente a 400 kg/m² e ventos com velocidade de até 200 km/h.

Projetado para abrigar obras de arte, seu edifício pode ser considerado uma obra de arte a ser contemplada. Sua estrutura de linhas circulares é quase uma escultura em praça aberta, na qual o espelho d’água, em sua base, e a iluminação especial conferem elegância e suavidade. Os vidros, que oferecem uma visão panorâmica da Baía de Guanabara, foram fabricados com exclusividade para o projeto. São 70 lâminas triplex, com 18 milímetros de espessura, na cor bronze. As esquadrias são em perfis de aço e estão inclinadas em 40º em relação ao plano horizontal.

O moderno complexo arquitetônico apresenta concreto aparente em forma arredondada, marca registrada encontrada em boa parte das obras de Niemeyer. Cinco anos foi o tempo decorrido até a estrutura de quatro pavimentos ser erguida. Na obra, atuaram 300 operários e foram consumidos 3,2 milhões de metros cúbicos de concreto.

O acervo do Museu possui obras de arte contemporânea datadas do século XX, inclusive um acervo de 1,2 mil obras da Coleção João Sattamini, a segunda maior de arte contemporânea do Brasil. O acervo do Museu é constituído, ainda, por exemplares de arte abstrata e até obras que retratam a Monarquia Brasileira, obtidas através de doações.

“Como é fácil explicar este projeto! Lembro quando fui ver o local. O mar, as montanhas do Rio, uma paisagem magnífica que eu devia preservar. E subi com o edifício, adotando a forma circular que, a meu ver, o espaço requeria. O estudo estava pronto, e uma rampa levando os visitantes ao museu completou o meu projeto.” Oscar Niemeyer (2006).

O Tombamento do Conjunto da obra de Oscar Niemeyer

O processo de tombamento do conjunto da obra de Oscar Niemeyer decorre de uma relação encaminhada em 2007 pelo próprio arquiteto ao então Secretário-Executivo do Ministério da Cultura, Juca Ferreira, contendo uma lista com as obras que o arquiteto gostaria que fossem tombadas. A partir daí coube ao Iphan identificar, no universo de sua produção, obras consideradas exemplares e representativas dos diferentes momentos de sua energia criadora, os bens que passariam a ser protegidos como Patrimônio Cultural Brasileiro.