TURISMO – O Rio de Janeiro deve receber 865 mil turistas no período do réveillon e movimentar a economia carioca com US$ 691 milhões, segundo dados da Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro (Riotur).
A ocupação hoteleira, entretanto, será inferior à do réveillon do ano passado. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ), Alfredo Lopes, trabalha com a perspectiva de ter 85% até 88% de ocupação média dos hotéis no réveillon, número menor do que a de 2015 na zona sul (98%), pois a oferta de quartos aumentou em quase 20 mil desde o ano passado devido à realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos na cidade.
Lopes acredita que a atividade turística é a que pode dar resposta mais rápida à crise. “Nós acabamos de ser testados aqui na Olimpíada e fomos muito bem, todo mundo elogiou o Rio de Janeiro, a prestação de serviços, a hospedagem. A gente pode dar uma recuperada já em 2017 e aumentar bastante a ocupação na cidade, gerando tributos e empregos”, disse.
Olimpíada
Durante a Olimpíada, o Rio de Janeiro registrou recorde histórico de turistas, principalmente estrangeiros. De acordo com a Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro (Riotur), 1,17 milhão de turistas visitaram a capital fluminense em agosto deste ano, sendo 410 mil estrangeiros, com gasto médio de R$ 424,62 por dia. A maior parte veio dos Estados Unidos (17%), seguidos da Argentina (12%) e Alemanha (7%). Entre os 760 mil turistas nacionais, o gasto médio diário foi R$ 310,42 por pessoa.
Lopes diz que a permanência média de turistas nas festas de réveillon e carnaval no Rio de Janeiro fica entre três e quatro dias. Nos Jogos, esse número foi de 15 dias. “Um número elevadíssimo de turistas e, também, uma promoção mega da cidade”, disse.
A retração do número de turistas no período pós-Jogos, que Alfredo Lopes classifica de “ressaca olímpica”, já era esperada pelo setor, comparativamente aos mesmos meses do ano passado. Ele diz, entretanto, que o Rio de Janeiro começa agora sua alta temporada, com o verão, réveillon e o carnaval. Lopes acredita que a retomada do volume de visitantes será muito mais rápida do que ocorreu em Barcelona (Espanha), que sediou os Jogos Olímpicos e Paralímpicos em 1992.
Contrassenso
Com base na vocação turística e de serviços do estado do Rio de Janeiro e da capital fluminense, em particular, o presidente da ABIH-RJ, criticou a decisão do prefeito eleito Marcelo Crivella de extinguir a Secretaria Especial de Turismo do município. Crivella anunciou que reduzirá pela metade as 24 secretárias da cidade do Rio e uma das extintas foi a do Turismo.
As políticas públicas para o setor serão definidas por um conselho formado por empresários e ligado ao gabinete do prefeito. No dia 16, Lopes encaminhou carta a Crivella, na qual fazia um apelo para manutenção da secretaria, considerada órgão de extrema relevância para o desenvolvimento do setor.
“É um contrassenso, nesse momento, inclusive, extinguirmos a Secretaria de Turismo porque acabamos de sediar a Olimpíada e a Paralimpíada, tivemos o maior calendário do mundo de eventos e o Rio vai ser a Cidade Olímpica até 2020”.
Em relação ao conselho, Lopes admite que poderá ser importante para trazer novas ideias e buscar parcerias e patrocínios, mas no médio e longo prazo, o caminho adequado é ter uma Secretaria de Turismo que esteja interligada com outras secretarias. “Na verdade, turismo depende de tudo, da limpeza, da ordem pública, de urbanismo. Acho que está tudo interligado”.
Ações
Na avaliação de Alfredo Lopes, uma das ações que o novo conselho de turismo da prefeitura deverá empreender será a criação de um calendário de eventos forte e diversificado na cidade, aproveitando que o Rio de Janeiro tem todas as modalidades de esporte para trazer campeonatos mundiais para cá.
O conselho deverá captar eventos científicos, esportivos e de negócios em todas as áreas, além de shows nacionais e internacionais. “Fortalecer eventos que já existem, como carnaval e réveillon. Nós já temos muitos eventos durante o ano que já são marca registrada em nível nacional e internacional”.
Entre as barreiras ao aumento do turismo não só no Rio de Janeiro, mas em todo o Brasil, Lopes citou a exigência de visto. Segundo ele, o ministro do Turismo, Marx Beltrão, sinalizou que pretende prorrogar a isenção de vistos concedidos durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, para continuar atraindo visitantes internacionais ao país.
Durante os Jogos, foram beneficiados com a isenção unilateral de vistos, decidida em conjunto pelos ministérios do Turismo, da Justiça e das Relações Exteriores, turistas da Austrália, Canadá, Estados Unidos e Japão.
Alana Gandra